O Indicador de Clima Econômico da América Latina (ICE) registrou um resultado favorável pela primeira vez em 18 trimestres em janeiro de 2018. Elaborado em parceria entre o Instituto alemão IFO e a FGV, a partir desta edição o indicador passa a representar o saldo entre a proporção de avaliações positivas e negativas sobre o estado das economias da região. O saldo de 1,5 ponto percentual (p.p.) registrado no último mês foi o maior desde abril de 2013 (1,6 p.p.).
A melhora foi determinada pela evolução favorável do Índice da Situação Atual (ISA) que continua retratando um ambiente econômico fraco, mas saltou 12 pontos, ao passar de -43,8 pontos, em outubro de 2017, para -31,8 pontos em janeiro de 2018. No mesmo período de comparação, o Indicador das Expectativas (IE) recuou 16,6 pontos. O saldo de 41,3 pontos continua sinalizando otimismo no horizonte de seis meses.
“O resultado é positivo para a América Latina, mas o Mundo, em especial as economias desenvolvidas, registraram resultados que apontam a consolidação de um ciclo de expansão”, destaca a economista do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) Lia Valls. No caso do Mundo, o ICE está em tendência ascendente desde janeiro de 2016.
Em janeiro de 2018, ICE Mundial alcançou 26,1 pontos, com melhoras tanto dos indicadores da situação atual quanto dos de expectativas em relação a outubro de 2017. As principais economias do mundo desenvolvido registraram avanço nos saldos positivos, à exceção do Reino Unido, que continua no campo negativo. Chama atenção a melhora no balanço dos Estados Unidos (ganho de 20,2 pontos entre outubro de 2017 e janeiro de 2018), seguido do Japão (11,6 pontos) e a França (11,4 pontos).
O saldo do grupo BRICS; formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; passou de 7,0 pontos para 16,6 pontos, com destaque para o desempenho da Índia. O ICE indiano passou de 13,8 pontos para 43,9 pontos, um ganho de 30,1 pontos. Todos os outros países do grupo registraram melhora do clima econômico e estão na zona favorável do ciclo, exceto a África do Sul. O segundo melhor resultado é o da China, com um saldo de 7,7 pontos.
A comparação entre o ICE da América Latina com outros grupos de países mostra que a região ainda está longe do clima favorável que lidera o ciclo expansivo da economia mundial. O saldo dos países da OCDE é de +33,8 pontos e das economias em desenvolvimento da Ásia é de 23,6 pontos, sendo que no grupo ASEAN-5 (Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã) o ICE médio é de 44,0 pontos. A América Latina só não está pior que o Oriente Médio e o Norte da África, que registram climas econômicos desfavoráveis.
No grupo dos 11 países selecionados para a análise da América Latina, sete países estão na zona favorável (saldo positivo). Quatro destes registraram avanço no saldo positivo entre outubro de 2017 e janeiro de 2018: Brasil, Chile, Colômbia e Paraguai. No Chile, o resultado passou de -2,0 pontos para +26,3 pontos, uma possível decorrência do “choque positivo” do novo governo, eleito em novembro de 2017. Outro país que passou de saldo negativo para positivo foi o Brasil: de -8,3, em outubro de 2017, para 4,3 pontos, em janeiro de 2018. A melhora no caso brasileiro se deve a uma redução no balanço negativo da situação atual (-73,9 para -53,6 pontos). O saldo das expectativas, embora extremamente positivo, recuou de 91,3 para 85,2 pontos.
Argentina e Peru mantiveram climas favoráveis mas apresentaram piora em relação a outubro. Na Argentina, o ICE passou de 45,2 pontos para 28,2 pontos com piora na avaliação da situação atual e das expectativas. No Peru, houve alta do ISA (embora permaneça negativo) e queda do IE.
Bolívia e Equador continuam com clima econômico desfavorável, embora registrem saldos menos negativos em relação a outubro de 2017. No Hemisfério Norte, a melhora no clima econômico dos Estados Unidos não contagiou o México, que permaneceu com saldo negativo. A avaliação da situação atual era desfavorável e não mudou, mas o balanço das expectativas passou de positivo para negativo. Incertezas tanto no âmbito econômico (rumos das negociações do NAFTA) quanto no âmbito político (resultado das eleições presidenciais em julho de 2018) explicam a mudança nas expectativas.
O estudo completo está disponível no site.