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quarta-feira, 9 de abril de 2014

CAFÉ CONTROVERSO: O QUE É PIXO? A relação entre os pichadores e a cidade em discussão

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Presença constante na paisagem urbana, a pichação, também conhecida como “pixo", desperta debates acirrados, que suscitam temas como liberdade de expressão, expressão de identidades, poluição visual, preservação do patrimônio e vandalismo. Qual é o lugar dessa manifestação gráfica em letras garrafais e o que ela significa? Quais as relações estabelecidas entre o poder público e os pichadores?  Para a discussão, o Café Controverso “O que é pixo?” conta com as participações da pesquisadora Ludmilla Zago e do gerente do projeto “Movimento Respeito por BH”, Tiago Fantini.  O debate é aberto ao público e será realizado dia 12 de abril, às 11h, na cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG. 

A relação entre a pichação, compreendida também como forma de manifestação de uma parcela dos jovens, e a administração pública, é um desafio para ambos os lados – poder público e pichadores. Ludmilla Zago, psicanalista e pesquisadora do programa Cidade e Alteridade (Faculdade de Direito da UFMG) acredita que o pixo não é bem compreendido, principalmente por sua natureza anárquica. “Há uma visão reduzida sobre a questão, já que quem legisla também conhece muito pouco sobre o assunto”, afirma. Segundo ela, estão em conflito perspectivas diferentes sobre o tema: “a visão do poder público é que ‘cidade saudável é cidade limpa’, já associando o pixo à sujeira, e todo o diálogo parte dessa percepção, que condena moral e esteticamente. As pessoas precisam conversar mais sobre o assunto e entender outros pontos de vista e formas de interação com a cidade”, acrescenta.

O Movimento Respeito por BH, projeto da prefeitura cujo objetivo é “garantir o ordenamento e a correta utilização do espaço urbano, através do cumprimento e efetiva aplicação da legislação vigente", é hoje a principal frente de trabalho do município na questão das pichações. De acordo com o gerente do projeto, Tiago Fantini, a ação ocorre por vias como prevenção, compreensão e repressão. 
“Precisamos estabelecer uma relação e acredito que a punição é o último recurso. A solução não está em simplesmente prender. Temos alguns parceiros, como o Centro de Referência da Juventude, mas não é o suficiente trabalhar apenas com órgãos da prefeitura, porque o rótulo já traz todo um julgamento prévio. Por isso contamos com a ajuda de ONGs que nos ajudam neste diálogo com os pichadores”, explica.
De acordo com Fantini, o pichador é muito eclético e não há uma classificação simples. “São jovens brancos, negros, ricos pobres, de diversas regiões da cidade e com as mais variadas motivações. Daí temos a pichação política, a de demarcação de território e um aspecto comum ligado à adrenalina. A dificuldade do trabalho consiste no fato de que o pichador é um sujeito que não pode ser enquadrado nas normas, não aceita ser coibido”, diz.

Alternativas possíveis
O problema de interlocução reside, a priori, na própria natureza do pixo, que tem como característica marcante o desafio à ordem. Ludmilla Zago defende o fim da criminalização, além da busca de um olhar mais próximo. “Para o pichador a atividade é também uma maneira de circular pelo espaço urbano”, diz, referindo-se aos jovens moradores das regiões desprivilegiadas que veem no pixo uma forma de integração e afirmação de identidade. Ainda, segundo Zago, “a gestão pública não está preparada para lidar com culturas que se autorizam por si mesmas. É preciso pensar a partir de outros âmbitos”, conclui.
Tiago Fantini pondera que faltam ações específicas como delegacias especializadas e um trabalho educacional de longo prazo.”Outro traço comum é que todo pichador começa nas escolas. Então é o lugar para dar outra noção de pertencimento ao sujeito. O que fazemos hoje é resolver uma questão pontual, mas a solução não está aí. Sem educação adequada e partindo apenas para a via da punição nós perdemos.  É uma falha do poder público que durante muito tempo esteve ausente dessa discussão”.

Os Cafés do Espaço
Com o intuito de gerar um ambiente de encontro e intercâmbio de informações, o Espaço do Conhecimento UFMG promove atividades aos sábados em seu café, sempre no final da manhã, às 11 horas. O Café Controverso tem a participação de dois convidados com pontos de vista distintos sobre a temática discutida. Já o Café com Conhecimento é a oportunidade de conhecer e conversar mais sobre um determinado assunto, a partir da contribuição de uma pessoa especializada na questão. Em ambos, o público tem um papel fundamental para a dinâmica das discussões, uma vez que não atua somente como ouvinte, mas como participante ativo.

O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM, a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.

Serviço
Café Controverso: O que é Pixo?
Data:  12 de abril, 11h
Local: Espaço do Conhecimento UFMG - Circuito Cultural Praça da Liberdade
Entrada Franca
Mais informações: www.espacodoconhecimento.org.br
Informações para a Imprensa:  (31)3409 8366