Moradores de Manguinhos terão acesso à análise da qualidade da água que consomem, em resposta a uma queixa por eles apresentada. O Projeto Qualiáguas, coordenado pelo pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP Paulo Barrocas, em parceria com o Teias-Escola Manguinhos, coletou cerca de 500 amostras de 12 unidades escolares, três unidades de saúde e 235 domicílios desse território. No sábado (6/12), a partir das 10 horas, um debate com a população local mostrará os resultados dos dois anos dessa pesquisa.
Segundo Paulo Barrocas, a pesquisa surgiu a partir da denúncia feita pela população local durante a 1ª Conferência Local de Manguinhos, realizada em 2011. “De forma a dar resposta à população e produzir dados científicos sobre esta questão, o Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública (DSSA/ENSP) iniciou uma parceria com Teias-Escola Manguinhos, analisando amostras de água para consumo de acordo com demandas do próprio Teias”, explica Barrocas.
O Núcleo de Geoprocessamento do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict) e dos Laboratórios de Virologia Comparada e Ambiental e de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) também participaram da pesquisa e estarão presentes no encontro compartilhando informações sobre a importância da qualidade da água consumida para a saúde de todos.
Indicação de áreas de risco
Renata Gracie, pesquisadora do Núcleo, orientou as atividades de análise espacial das informações. “A partir do dado de qualidade da água georreferenciado podemos relacionar com outras informações, como dados de saúde, socioeconômicos e ambientais, e analisar o contexto em que este ponto está localizado. Os conjuntos destes dados serão utilizados para gerar diagnósticos das áreas com maior risco para infecção de doenças relacionadas a problemas de saneamento”, explica.
Além das amostras para análise da qualidade da água, foram coletados os casos de hepatite A e leptospirose, bem como os surtos de diarreia em menores de cinco anos. Dados socioeconômicos e ambientais sobre a região, retirados dos censos do IBGE de 2010 e do inquérito realizado no território de Manguinhos pelo projeto Teias, também foram incorporados para que o trabalho de análise espacial fosse mais detalhado. Os dados do QualiÁgua estarão disponíveis por meio de mapas e tabelas na seção dos sítios sentinelas do site do Observatório Clima e Saúde, coordenado pelo pesquisador Christovam Barcellos.
“Todos gerando subsídios na tomada de decisão pelos gestores e dando a oportunidade para a sociedade civil também ter acesso a estas informações, não só através de publicação de artigos científicos, mas por meio de encontros em oficinas e pela própria divulgação pelo site do Observatório”, complementa Renata.
O evento é feito em parceria com o Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM), Teias Escola Manguinhos e a Biblioteca Parque de Manguinhos. Os resultados serão apresentados no Varandão da Biblioteca Parque de Manguinhos, que fica na Avenida Dom Helder Câmara, 1.184, atrás do Colégio Estadual Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos.
