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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Seminário Nacional de Grandes Barragens alerta para a segurança dos empreendiment

Evento abriu na segunda-feira à noite em Belo Horizonte  com a presença do diretor da Cemig,  Franklin Gonçalves, e do presidente do Comitê Internacional de Barragens,  o suíço Anton Schleiss, além de especialistas e lideranças do setor de barragens.

As novas tecnologias para garantir a segurança dos empreendimentos estão entre os temas principais do XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens (SNGB) que iniciou ontem (15) à noite no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, numa promoção do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB). A sessão de abertura foi prestigiada pelo presidente do Comitê Internacional de Barragens - ICOLD, o suíço Anton Schleiss, que alertou sobre a necessidade dos países se capacitarem para fornecer água e energia de forma sustentável para as próximas gerações do planeta. Ele comentou que graças ao potencial hidrelétrico, o Brasil ocupa posição estratégica na produção de hidroeletricidade. E recomendou: “A exemplo de outros países desenvolvidos, esses aproveitamentos devem ser de usos múltiplos”, alertou.
O diretor de Geração e Transmissão da Cemig, Franklin Moreira Gonçalves, ressaltou na abertura do Seminário o peso das usinas hidrelétricas no desenvolvimento do País e a importância dos reservatórios, principalmente após o sexto ano consecutivo de escassez hídrica. Segundo ele, a Companhia está empenhada em discutir com as entidades representativas e com o Ministério das Minas e Energia a retomada desta pauta na ordem do dia do setor energético.  
Último a falar, o presidente do CBDB, engenheiro Brasil Pinheiro Machado, citou os múltiplos  benefícios dos reservatórios para o país. “Esse é um sistema adotado pelos países que já experimentaram um desenvolvimento econômico e social.” Brasil apontou a geração de energia, o controle das secas, a navegação e a contribuição das obras para a produção de alimentos como os principais benefícios. Daí a importância de discussões sobre novas tecnologias que tornem estas obras mais seguras.
Barragens de resíduos -  O centro da polêmica está na construção de barragens com novas tecnologias, mediante projetos definidos e geridos por equipes especializadas do início ao fim. Este foi um dos aspectos tratados ontem, primeiro dia do II Seminário de Gestão de Riscos e Seguranças de Barragens de Rejeito.
O Brasil está entre os países com as barragens mais altas do mundo. No século passado, as barragens tinham não mais do que 30 metros de altura,  há 10 anos já atingiam 240 metros. “E em 2030 podemos ter barragens com 500 metros de altura. Para fazer frente à demanda, as novas  tecnologias são cruciais, assim como a regulamentação para garantir a segurança”, alertou o canadense Andy Robertson, consultor internacional na abertura do evento. 
Por outro lado, Robertson acredita que o modelo de barragens mais altas é mais eficiente e seguro do que inúmeras pequenas barragens. “Muitas barragens são projetadas para um determinado tempo, mas poderiam ter uma vida bem maior se não houve descontinuidade nas equipes e nos projetos.”
Segundo Marta Sawaya, geóloga do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que participou como relatora do evento, estudo realizado pelo órgão mostra que 41% das barragens de Minas Gerais são do tipo alteamento por montante de lama e trazem mais riscos de acidentes. Por isso, defendeu novos critérios para a construção dessas estruturas. Uma alternativa seria a construção de barragens de rejeitos a seco, mais caras, porém mais eficazes.  Ela citou inclusive que hoje existe um decreto estadual proibindo estruturas de alteamento. Só no Estado de Minas são 700 barragens para mineração e indústria, o que traz ainda mais relevância ao debate técnico. Acidentes como o de Mariana, da empresa Samarco, trouxeram à tona o debate e hoje existe um grande movimento para rever as normas das barragens, inclusive com projetos em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas.
Em sua fala, o especialista Joaquim Pimenta, da Pimenta de Ávila Consultoria, apontou que empresas como a Votorantim, já estão utilizando a nova tecnologia a seco no município de Vazante, no Noroeste de Minas Gerais. Também a Alunorte usa o sistema no Pará. “Inicialmente esse sistema tem um custo mais alto, mas a tecnologia com o tempo tende a ter seu preço reduzido.”
Os debates seguem hoje até o final do dia de hoje com a apresentação de vários estudos sobre legislação, instrumentos regulatórios e uma nova política nacional para o setor.
Seminário de Enrocamento
Nesta quarta-feira (17), como parte da programação, inicia o Simpósio Internacional de Barragens de Enrocamento, em parceria com a China. O evento segue até quinta, dia 18. O evento é fruto de um acordo de cooperação técnica entre Brasil e China no campo de barragens desde 2008. O convênio foi assinado entre o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) e o Comitê Nacional de Grandes Barragens (CHINCOLD), organizações nacionais e membros do Comitê Internacional de Grandes Barragens (ICOLD).
Para o vice-presidente do CBDB e coordenador dos eventos, Fabio De Gennaro Castro, a importância do acordo entre Brasil e China no contexto das barragens é relevante, uma vez que traz benefícios mútuos por meio da ampliação de intercâmbios em engenharia e experiência técnica sobre o tema. Isso envolve não só visitas técnicas a barragens, mas também o compartilhamento de resultados de pesquisas e a troca de documentos técnicos e relatórios. “A própria realização do Simpósio faz parte desse acordo. Trata-se de uma oportunidade enriquecedora para os dois países, que despontam no mundo pelas grandes obras de barragens”, observou Castro.
Veja a programação completa: www.cbdb.org.br/xxxi-sngb