Casa França-Brasil recebe o projeto "Residência Aberta" com o artista congolês Jean Katambayi Mukendi
A Casa França-Brasil, equipamento da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, receberá o projeto ‘’Residência Aberta’’ com o artista congolês Jean Katambayi Mukendi. Trata-se de um projeto experimental, organizado pela curadora Daniella Géo, que combina a prática de ateliê e a de exposição, ao oferecer ao público acesso contínuo ao processo de trabalho do artista – geralmente restrito a poucos. Às vistas do público, entre os dias 3 e 29 de outubro de 2017, o artista congolês desenvolverá pesquisas e novos trabalhos, que gradualmente ocuparão uma das salas laterais da Casa França-Brasil. O espaço tem a característica de operar como um ateliê de portas (continuamente) abertas. Ou como uma exposição-em-progresso, na qual o próprio ateliê como espaço de pensamento e criação, e os diferentes gestos artísticos (da pesquisa à produção) são evidenciados como constituintes da própria obra.
Enquanto esta ganha corpo com o passar dos dias, o projeto valoriza o aspecto processual da criação, entre reflexão e ação, assim como a relação do artista com o espaço de trabalho – no caso, novo e temporário, como em toda residência artística.
Ao mesmo tempo, a residência-aberta favorece o diálogo direto entre o artista em residência e os visitantes, proporcinando uma dinâmica de troca – que interessa particularmente a Katambayi – e a aproximação do público com o universo do artista e a obra de arte contemporânea.
Como acontece em algumas residências artísticas, o desenvolvimento da pesquisa de Katambayi recebe acompanhamento crítico da curadora do projeto, além de visitas de profissionais do meio artístico, convidados a contribuir criticamente com a pesquisa do artista. Entre os visitanes confirmados estão os curadores Pablo Léon de la Barra e Raphael Fonseca e as professoras-pesquisadoras Bárbara Copque, do departamento de Educação da Febf/Uerj e coordenadora do Nuvisu – Núcleo de Estudos Visuais em Periferias Urbanas, e Emi Koide, do Centro de Artes, Letras e Humanidades, da UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Como parte do projeto, o seminário República Democrática do Congo hoje: Um olhar sobre a sociedade pela lente da arteacontece, dia 20 de outubro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Seminário
República Democrática do Congo hoje: Um olhar sobre a sociedade pela lente da arte
PUC-Rio
20 de outubro, 15h – 17h
sala 102 K
Curadoria : Daniella Géo
Compondo o projeto, o seminário República Democrática do Congo hoje: Um olhar sobre a sociedade pela lente da arte será realizado, no dia 20 de outubro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Evitando tratar a África como um todo e acreditando na importância de se dar visibilidade às especificidades dos diferentes países do continente, o seminário pretende abordar as relações entre arte e sociedade na República Democrática do Congo e enfocar diferentes experiências artísticas, neste que é o segundo maior país africano e com o qual o Brasil possui laços históricos.
No seminário, Jean Katambayi Mukendi fará uma apresentação sobre seu trabalho e a relação que estabelece com a sociedade congolesa. Daniella Géo irá falar sobre o projeto de residência-aberta e sua correlação com a experiência na curadoria da 4e Biennale de Lubumbashi (RDC, 2015). Emi Koide apresentará sua pesquisa de pós-doutorado, realizada pelo Departamento de História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp, com bolsa da Fapesp, sobre o audiovisual congolês segundo a perspectiva do pós-colonialismo. E Evelyn Rosa do Nascimento, doutoranda em História Social da Cultura pela PUC-Rio, irá abordar, pelo viés histórico, a rumba congolesa e suas conexões culturais e identitárias. O seminário será mediado pela Professora Doutora Ana Paula Conde, do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio.
Sobre o artista
Jean Katambayi Mukendi
1974, Lubumbashi, RDC
Vive e trabalha em Lubumbashi.
A obra de Jean Katambayi Mukendi pode ser situada tanto em relação ao legado artístico local/nacional, quanto a uma história da arte global. O artista combina o desenvolvimento de uma estética e de uma metodologia de trabalho associadas ao contexto africano (por meio da prática da recuperação ; do uso de materiais simples ou cotidianos, como o papelão ; do emprego de cores vivas etc.), ao mesmo tempo que seus conceitos se veem alinhados ao pensamento artístico internacional. Katambayi explora poeticamente as relações entre arte, ciências, matemática e meio ambiente, tendo em vista o contexto sociocultural africano e, em particular, congolês. O artista vem consistentemente investigando os fluxos de energia, ambos físico e espiritual, que governam nosso planeta.
Muitas vezes, o artista desenvolve sitemas de cálculo elétrico, máquinas reais ou hipotéticas que, como se propusessem soluções, ainda que improváveis, enfatizam as contradições existentes entre a grande riqueza das fontes naturais de seu país e às lacunas deixadas por sua exploração – voltada para o exterior. Suas ‘esculturas-máquina’, desenhos e colagens podem ser compreendidos como um paralelo particular à linha de pesquisa do ‘afro-futurismo’, que conjuga ancestralidade, mitologia, misticismo e cosmologia africana com desenvolvimento e explorações científicas e tecnológicas fictícias. Katambayi faz frequentemente referência à tecnologia e à ideia de desenvolvimento, sempre evocando a impraticabilidade,insustentabi lidade e disfunção de sistemas políticos e econômicos predatórios e não humanistas.
A despeito de um certo isolamento de seu país em relação ao circuito de arte mundial, sua obra vem, pouco a pouco, adquirindo visibilidade e reconhecimento internacional. Katambayi já expôs em instituições tais como Stroom Den Haag, Haia, Holanda (solo); Palais de Tokyo, Paris; Palais des Beaux-Arts - BOZAR, Bruxelas; M hka - Museu de Arte Contemporânea, Antuérpia, Bélgica; Kultuurstiftung des Bundes, Halle an der Saale, Alemanha; Tba21, Viena; Museu Nacional de Lubumbashi e Centre d’art Picha, Lubumbashi, RDC, e participou de festivais e bienais, tais como 2nd Festival PIXELHACHE, Helsinki; Transitio 07, Cidade do México, Festival what’s the Flok (free open knowledge)̀, Marselha; 1è̀re Biennale de Kinshasa, 4e Biennale de Lubumbashi, 11e Biennale de Dakar, DAK’ART 2014, Senegal e 12a Bienal de la Habana.
Sobre a Curadora
Daniella Géo é curadora independente e pesquisadora, résidente entre Antuérpia, Bélgica, e Rio de Janeiro, Brasil. Doutora em Estudos cinematográficos e audiovisuais pela Université de la Sorbonne Nouvelle – Paris III. Foi co-curadora da 4e Biennale de Lubumbashi, RDC et da BIP- 5e Biennale internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège, Bélgica. Géo participou de palestras e simpósios, tais como Bienal-como-aprendizagem, Museu Afro Brasileiro, São Paulo (2016), Descolonizando a Arte, a Educação, a História, Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo (2016), Mediating Past, Present, Future, Académie des Beaux-Arts, Kinshasa, RDC (2016) etc. Entre seus projetos de exposição estão as retrospectivas Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-2012 (MAM-RJ ; MON, Curitiba ; MAC USP) e Charif Benhelima: Polaroid 1998-2012 (MAC de Niterói e MON, Curitiba); as coletivas Álbum de Família, Centro de Arte Hélio Oiticica ; Adding Subtractions, The Bag Factory, Joanesburgo, África du Sul; (Re)construções: Arte Contemporânea da África do Sul (MAC de Niterói). É curadora associada do APT-Global, NY, professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e conferencista convidada do HISK - Higher Institute of Fine Arts, Gand, Bélgica.
O projeto recebe apoio de Consulado Geral da França no Rio de Janeiro; Aliança Francesa, Rio de Janerio; Institut Français, Brasil e Institut Français/Halle de l’Étoile, Lubumbashi, RDC. Para mais informações - Contato: Daniella Géo / daniellageo@gmail.com / (21) 99986-8120
Serviço:
Projeto Residência Aberta
Local: Casa França-Brasil
Data: 3 a 29 de outubro
Horário: 10h às 20h
Classificação livre
Entrada franca
Mais informações: (21) 2332-5277