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domingo, 1 de abril de 2012

Ética do Segredo




Existe uma ética do segredo. O sacerdote, o médico, o psicólogo, está obrigado ao sigilo profissional. A não ser em casos excepcionais e de extrema gravidade, não transmitirá aquilo que sabe sobre a intimidade daquele que confia nele. Nas relações sociais a necessidade do segredo também se impõe. Se um amigo confia em nós, espera que não vamos sair comentando o que ouvimos. Se uma criança nos pergunta sobre algo que ela não precisa saber, ou não deve, ou não é o momento, também é necessário que saibamos calar. Existem ainda os nossos segredos pessoais. Não temos a obrigação de sair revelando nossa intimidade para pessoas curiosas, indiscretas, bisbilhoteiras.

Mesmo nas relações intimas nem sempre é possível ou desejável dizer tudo, seja sobre terceiros, seja sobre nós mesmos. Amar alguém não quer dizer obrigação de tudo revelar sobre o que pensamos, sentimos, desejamos. Confiar em alguém é inseparável de sentir-se livre para calar.
Talvez seja desagradável de ouvir, mas é preciso usar palavras claras. Quando falamos de sigilo, segredo, omitir, desviar o assunto, estamos falando da arte de mentir. Existe uma mentira que é ética. A vida seria bem mais simples se regras como “não mentir” pudessem ser aplicadas livremente, sem discriminação. Às vezes para ser honesto, ético, é preciso calar, omitir, desviar o assunto, mentir. É preciso desenvolver um senso de valores mais sutil. É na qualidade de nossa motivação, de nossas intenções, que revelamos nosso nível ético. E do mesmo modo que existe a mentira ética, existe a sinceridade cruel. Dizer a verdade, em certas situações, é uma forma de agredir, destruir, vingar-se.


Por outro lado é preciso saber que, nas relações intimas, nada fica completamente oculto. Não existe ator perfeito, mentira perfeita. Quando omitimos ou mentimos, aquele que nos ouve, se for atento e sensível, percebe algo diferente no ar. Nossa expressão facial, nosso tom de voz, nossa temperatura corporal, nosso olhar, se modificam quando omitimos ou mentimos. Se uma criança é adotiva e seus pais adotivos não revelam isto a ela, o segredo vai estar no ar. Ele pesará sobre a criança. Quanto maior o numero de pessoas que souberem, maior será o peso que ela terá de suportar. Este segredo poderá afetar emocionalmente a criança de modo muito mais nocivo que a verdade. Se um dos pais tem uma doença grave, ou está profundamente perturbado emocionalmente, por algum motivo, e os filhos nada sabem, mesmo assim a criança irá reagir. Terá pesadelos, ficará medrosa, insegura ou então agressiva. Seu desempenho escolar pode piorar, pode ter doenças corporais. Omitir ou mentir pode ser necessário, mas tem um preço.