A escola deve preparar para a vida. Deve instruir e educar, segundo a ideia clássica de que instruir é preparar para ganhar a vida e educar é preparar para viver a vida. Diante destes conceitos e trazendo-os para uma leitura atual, lembramos que existem pessoas que admitem que o analfabeto de amanhã será o indivíduo que não aprendeu a aprender ou não teve chance para tal.
Imagino diferente. Se verdade fosse seria fazê-lo vítima duplamente, da falta de oportunidade em relação à educação e de não ter sido incluído socialmente, esta sim, a determinante efetiva.
O papel da escola no processo é despertar vocações, criar ambições, formar vencedores, pela visão ampliada que proporciona. Afinal, ninguém pode desejar o que não enxerga ou percebe.
Há um provérbio persa que diz ser necessário e obrigatório na dúvida perguntar. A dúvida é a chave do conhecimento, chegando ao exagero no ditado chinês quem sabe perguntar vira especialista. Manuelzão, personagem de Guimarães Rosa, costumava afirmar não ser estudado, mas tinha muitas dúvidas. Os cautelosos sugerem perguntar que arriscar. Outros afirmam ser melhor perguntar duas vezes que errar uma.
Ruben Alves, emérito educador adverte para um problema típico da relação professor-aluno ao afirmar ser impossível o aluno gostar de uma matéria e detestar o professor. Os professores precisam ser pessoas mais realizadas na sociedade, felizes, agradáveis, compreensivas, reconhecidas, em paz com a vida.
Faz parte da relação o compromisso de gerar na criança o desejo de aprender, minimizando o fator coercitivo para a mesma estudar. Há também em contraponto, a afirmação o professor abre a porta, mas quem tem que entrar é o aluno. Isadora Duncan, a bailarina famosa, falou “eu não ensino, proporciono alegria”.
Uma outra observação importante é de que numa classe, em cada conjunto de alunos, existem diferenças em nível de capacidade, daí não ser possível massificar. Não se pode exigir das pessoas aquilo que elas não têm capacidade de assimilar. Existem limites individuais acima dos quais não adianta forçar.
A educação é fundamental. Discutir crescimento, desenvolvimento, inclusão social, violência de qualquer ordem, costumes, sem eleger como base a educação é desejar o impossível. Levem em conta também que tudo começa em casa. Para Cícero, uma casa sem livros é um corpo sem alma.
Fiquem atentos, senhores governantes, sociedade civil. Este é o grande compromisso, para os primeiros, obrigação, para os outros, cidadania.
Que se busque evitar a melancolia da criança que seria gênio, mas acabou adulto analfabeto, algo tipo muitas flores que nascem para morrer despercebidas, sem chegar a alegrar os olhos de ninguém.