O Centro de Relações Internacionais e a Escola de Ciências Sociais da FGV (CPDOC) organizaram a primeira sessão do ano do “Conexões | Seminário de História Global e Transacional”, na quinta-feira, dia 10 de março. O evento contou com a apresentação do artigo “Tradições de História Global na América Latina e no Caribe” por um de seus coautores, o professor Rafael Marquese, da Universidade de São Paulo (USP). Publicado em parceria com João Paulo Pimenta, também professor da USP, o trabalho questiona e desafia o ineditismo da escrita de uma história global ou da virada global das Ciências Humanas. Para isso, os autores relembraram acadêmicos e correntes de pensamento que, ao longo do século XX, já teriam elaborado narrativas globais e sistêmicas. No encontro, também houve um debate conduzido pela professora do CPDOC, Ynaê Lopes dos Santos.
Relacionada à proposta do seminário, a apresentação discutiu os limites e a extensão de um suposto novo modelo ou método de escrever e pesquisar nas Ciências Humanas. Narrativas que poderiam ser hoje definidas como “globais” foram encontradas pelos autores em reflexões sobre a América Latina e o Caribe em diversos momentos desde os anos 1930, como nas obras de Cyril Robert James e Eric Williams, que estudaram a questão do tráfico e da escravidão negreira. Perspectivas ou influências brasileiras também foram mencionadas, como através das reflexões sobre a Teoria da Dependência, que também evoca um sistema econômico global em seus pressupostos.
O evento encerrou-se abrindo portas para novas parcerias. Além de ser anunciada a associação do “Conexões” com o seminário “Otros Mundos” sobre História Global, da Universidad Complutense de Madri, os trabalhos do professor Marquese no Laboratório de Estudos sobre o Brasil e o Sistema Mundial (Lab-Mundi) da USP continuarão em diálogo e colaboração com as atividades do Centro de Relações Internacionais e do CPDOC.
Para o professor Alexandre Moreli, coordenador do Centro, “um debate tão complexo e interdisciplinar, como o conduzido no âmbito do ‘Conexões’, só tem a ganhar com a construção de colaborações permanentes entre os pesquisadores da Fundação e de instituições brasileiras e estrangeiras”.
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