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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Rodas de conversa falam sobre ações que beneficiam o meio ambiente

"Pense globalmente, aja localmente." A conhecida frase é uma boa síntese do que se ouviu durante as duas rodas de conversa realizadas na Semana do Meio Ambiente da ENSP. A primeira delas falou sobre rotulagem de alimentos. Contando com a participação de nutricionistas do projeto Circuito Saudável, da Fiocruz, a proposta da roda foi mostrar como, em uma simples compra no mercado, podemos tomar decisões que beneficiem ou não o meio ambiente e nossa saúde. A segunda roda apresentou projetos que, mesmo sem contar com grandes verbas ou visibilidade, vêm recuperando áreas degradas e melhorando as condições de saúde de populações tradicionais. 

Ao iniciar a conversa na roda sobre rotulagem de alimentos, Wanessa Natividade, nutricionista do Nust/Fiocruz, contou como nasceu o Circuito Saudável, projeto que integra o Fiocruz Saudável.

- Em nossas práticas clínicas, começamos a perceber que era possível promover a reeducação alimentar com base na leitura de rótulos.  A proposta não é fazer “terrorismo alimentar”, mas fazer com que as pessoas tenham mais informações para fazer suas escolhas.

Segundo Taísa Machado, nutricionista da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, a leitura correta dos rótulos pode ajudar, também, na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, das quais o Brasil vive um boom.

- Nós passamos da desnutrição para a obesidade ao replicarmos o modelo americano. Por isso, é preciso estar atento para os índices de açúcar nos alimentos, por exemplo.  



A roda de conversa também mostrou outros aspectos ainda mais desconhecidos da rotulagem de alimentos, como o caso do número que fica no fundo das garrafas de plástico.

- Muita gente não repara, mas esse número indica qual é aquele tipo de plástico. As garrafas que tem o número 1, por exemplo, não podem ser reaproveitadas, porque elas liberam substâncias que fazem mal à saúde, explicou a nutricionista Juliana Meckelburguer.  

Ao fim, a roda de conversa também falou sobre ações simples que podem ajudar a diminuir o consumo de agrotóxicos, um dos males da produção de alimentos no Brasil.  

- Colocar os alimentos no vinagre por quinze minutos diminuí a quantidade de alguns tipos de agrotóxicos. Outra ação que ajuda nesse sentido é tirar cascas das folhas e as sementes de alimentos como o tomate e o mamão. Embora não resolva, esse que é um dos problemas mais graves que temos, e isso pode ajudar a minimizar a quantidade de agrotóxicos ingeridas, explicou a também nutricionista Débora Oliveira.  

Tecnologia sustentável desenvolvida na própria comunidade

Em seguida à roda de conversa sobre rotulagem de alimentos, foi realizada outra com o título: Território e sustentabilidade. Gustavo Machado e Francisco Xavier, o Ticote, falaram sobre o projeto Saneamento ecológico para resistência e qualidade de vida nas comunidades da Praia do Sono.

- Esse projeto surgiu para atender demandas de populações tradicionais, como caiçaras, quilombolas e indígenas. Começamos a perceber que as necessidades dessas populações que viviam nessa região do litoral sul do Rio de Janeiro e norte de São Paulo eram muito similares. Passamos, então, a realizar ações educativas e de desenvolvimento tecnológico, sempre ao lado das comunidades.

Um dos exemplos bem-sucedidos de tecnologias desenvolvidas localmente são os tanques de evapo-transpiração, que solucionaram os problemas de saneamento local. Também foram construídos, em algumas casas, banheiros de super-adobe, que, além de causarem menos danos para o meio ambiente, são mais baratos.
 



Francisco Xavier, o Ticote, é uma das lideranças locais que se envolveu nos projetos. A ideia de que era preciso se organizar para resistir e preservar o local onde vive vem de longe.

- Eu sou da quinta geração da Praia do Sono. São duzentos e poucos anos nesse território, e nós não queremos sair de lá.  Em 2007/2008, foi criado um fórum para as comunidades locais. Depois, com a ajuda da Fiocruz, começamos a desenvolver outros projetos. Também por lá, nós mantemos um instituto de permacultura a fim de proteger nosso território.

Depois do projeto da Praia do Sono, Erian Osório, da Fundação Onda Azul, falou sobre  o projeto Mangue Vivo, que recupera áreas de manguezais degradados em Magé, na Baixada Fluminense. Depois de um grande derramamento de óleo pela Petrobras, em 2000, a ONG, em parceria com a Prefeitura de Magé, começou a promover ações de recuperação dos manguezais.

- Era uma área que, de tão degradada, era usada para se fazer “pega” de carro. Nossa primeira ação foi construir uma barreira física para o lixo que se acumulava ali no fundo da baia. Depois, passamos a replantar o mangue. As garrafas pet, retiradas às toneladas e consideradas uma das grandes inimigas do meio ambiente,  também tiveram seu uso revinventado, dessa vez a favor do mangue.  

- As garrafas na base das mudas seviram para impedir que os caranguejos comessem as mudas, explicou Erian.

O manguezal que renasceu na Praia de Mauá chamou a atenção de Ludmila Silva, estagiária de jornalismo da revista Radis e moradora de Magé. Participando da roda de conversa, Ludmila lembrou do dia em que conheceu o projeto.  

- Eu sempre passava por lá e ficava querendo conhecer. Quando entrei e vi a área replantada, achei lindo e pensei que toda a população deveria conhecer. É um projeto muito antigo e não é devidamente valorizado pelos moradores locais.

O encantamento de Ludmila pelo projeto rendeu uma reportagem feita por ela para a revista Radis de abril deste ano, prova de como a curiosidade e a vontade de conhecer podem ajudar a propagar boas ideias.