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terça-feira, 19 de setembro de 2017

'País precisa desesperadamente de reforma política', diz ministro Barroso, do STF, na Conseguro

Ministro alertou para a necessidade urgente de um choque de iniciativa privada e empreendedorismo no Brasil 
Reforma política precisa estar na ordem do dia na agenda pública do país. O recado é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que, durante palestra na 8ª Conferência Brasileira de Seguros, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (Conseguro), organizada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), defendeu: “O Brasil precisa desesperadamente da reforma política”.
Barroso ressaltou que não se pode mover o país com exacerbação de penas judiciais, mas reconheceu que, ao lado da impunidade, o sistema político brasileiro é o principal motor da corrupção no país. “A corrupção no Brasil não foi fruto de falhas individuais. Foi sistêmica e endêmica: um fenômeno que irradiou de maneira muito abrangente, que envolveu iniciativa privada, classe política e burocracia estatal”, disse ele.
Para o ministro, a reforma dificilmente sairá do papel caso as eleições permaneçam com custos exorbitantes. “Se nós não mudarmos o sistema político, não nos livraremos da corrupção associada ao sistema eleitoral. Tem que parar de pensar o País apenas em função da próxima eleição”, assinalou.
Luís Roberto Barroso elencou, contudo, três conquistas da sociedade brasileira nos últimos 30 anos: estabilidade política, controle da hiperinflação e inclusão social. Mais de 30 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza. Avançamos na escolarização e na expectativa de vida. Ele destacou que a nova era no país precisa ser marcada pela valorização da iniciativa privada e do empreendedorismo sem os resquícios paternalistas que marcaram a relação do mercado, em geral, com o governo nas últimas décadas. “As pessoas não gostam de riscos e preferem reservas de mercado e financiamentos públicos”, disse ele, que define esse contexto como um “Capitalismo de laços”, no qual o acesso ao governo acaba sendo mais relevante que o acesso ao mercado competitivo. “É preciso um choque de iniciativa privada e empreendedorismo no Brasil”, concluiu.