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sábado, 15 de setembro de 2018

'Brasil precisa retomar o investimento'

Na semana de aniversário de 64 anos, celebrada de 3 a 6 de setembro, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) propôs uma reflexão sobre os avanços, retrocessos e possíveis caminhos da atual conjuntura brasileira. Na noite anterior da abertura das atividades, o incêndio no Museu Nacional expressou, da pior maneira possível, tudo aquilo que seria debatido no decorrer do evento: a falta de investimento na educação, na saúde, na pesquisa, na ciência e tecnologia, o desmonte do setor público, o retrocesso dos direitos humanos e dos trabalhadores, a criminalização dos movimentos sociais e o descaso com o patrimônio histórico brasileiro. Para o ativista João Pedro Stédile, palestrante da mesa que discutiu o tema principal do evento, no dia 5/9, o cenário não melhorará enquanto o país não tiver condições de investimento. Para exemplificar, utilizou uma metáfora: “Podemos comparar a sociedade brasileira ao navio Titanic, pois está afundando e sem comando. Enquanto a primeira classe se salva nos botes, as demais vão se afogando”.


O membro do Conselho Consultivo da ENSP afirmou não ser possível fazer uma análise da conjuntura política brasileira sem observar a luta de classes antagônicas presente na sociedade capitalista. Ao longo de sua apresentação, demonstrou o quanto esse modelo está falido. “O capitalismo está em crise, não representa mais progresso para sociedade, não gera mais emprego e trabalho e não resolve os problemas da população; diferente do que acontecia no século XVIII. Esse sistema não consegue mais responder às necessidades da humanidade, e isso coloca a necessidade de discutir um modo de produção pós-capitalista”, propôs.
 
A crise civilizatória dos valores do capitalismo também esteve em pauta. “Hoje, os falsos valores do capitalismo financeiro são o individualismo, o egoísmo e o consumismo. Isso não tem nada de social. É o antissocial”, definiu.
 
A conjuntura brasileira
 
No segundo tópico da apresentação, Stédile admitiu que o elevado grau de dependência do capital estrangeiro motivou a crise econômica brasileira. “A crise foi segurada em 2008, quando o presidente Lula deslocou dinheiro para aplicar na indústria e na construção de casas populares. No entanto, como se tratava de uma crise estrutural, voltou em 2013 e 2014 e estamos nela até hoje. Nenhuma produção cresce sem investimento, e por isso a economia brasileira está fadada à crise nos próximos anos. Hoje, os únicos dois setores com lucro no Brasil preferem investir na especulação do que na produção. O dinheiro vai todo para os EUA, enquanto a indústria, a pesquisa e a agricultura são os setores que produzem bens para sociedade”.

Para o palestrante, a crise econômica influenciada pelo modelo internacional gerou a crise social. Na bagagem de ambas, a diminuição do emprego, da renda e o crescimento de inúmeros problemas na sociedade, e essas questões afastaram o povo das ruas, das mobilizações em grandes massas. “A vingança do povo está no seu título de eleitor. A crise social alimentou essa vingança e fará o povo brasileiro votar no Lula.”.


A metáfora do Titanic foi aplicada à crise política brasileira pelo fato de a burguesia brasileira ter se apropriado dos botes (poder) para se salvar. Porém, o trabalhador brasileiro teve que ser sacrificado. “Colocaram o peso da crise econômica sobre a classe trabalhadora. Além de se apropriar dos recursos públicos, lançaram mão da Emenda Constitucional do Teto de Gastos, da reforma trabalhista, da aprovação da terceirização em todos os níveis e de vários cortes de direitos. Contudo, para esse plano ter resultado, eles precisam de mais quatro anos no poder, mas a burguesia não tem um projeto de país. Ganhar dinheiro não é projeto”.