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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Dificuldades para integrar saúde da família e bucal


Identificar as principais dificuldades e as possiblidades de integração entre os profissionais da saúde bucal e a equipe da saúde da familia no Complexo do Alemão foram os objetivos do estudo da aluna do mestrado profissional em Saúde Pública da ENSP Patrícia Couto Araújo. Os resultados da pesquisa revelaram que a integração encontra-se incipiente, limitada por problemas como a proporção de uma equipe de saúde bucal para cada duas equipes de saúde da família implantadas. Outras observações feita pela aluna foram a sobrecarga de trabalho devido ao excesso de demanda espontânea, a cobrança para alcance das metas na lógica da produtividade, o perfil de isolamento do profissional da odontologia e pouca eficiência na rede de atenção à saúde.

Patrícia relatou também que o familiograma, diagrama que detalha a estrutura e o histórico familiar fornecendo informações sobre os vários papéis de seus membros e das diferentes gerações, embora muito útil, é um instrumento que equivocadamente não se costuma usar. “As ferramentas de abordagem familiar são campo produtivo para construção do trabalho inter e transdisciplinar, bem como a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), que tem por objetivo a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno através da mobilização das unidades básicas de saúde.  É uma estratégia que guarda um potencial de unir e integrar os profissionais, quando implantadas nas Unidades de Saúde.”

Para a integração, a aluna aponta como estratégia a possibilidade de ter um cirurgião-dentista por equipe de saúde da família, com a formação de uma equipe multiprofissional única, o incremento da educação permanente com fóruns de discussão sobre o trabalho em equipe, o reavivamento do curso introdutório, o respeito pela pontualidade das reuniões de equipe; o fortalecimento do nível secundário de atenção, a desmonopolização dos saberes técnicos em odontologia, principalmente para os agentes comunitários de saúde.

A aluna destacou ainda a importância da sensibilização dos gestores para o avanço na reformulação da contradição estrutural que solidificou a divisão entre saúde bucal e saúde geral. Para Patrícia, também é imprescindível notar algum sentido no trabalho realizado, para isso o feedback fundamental.  “O feedback, por ser uma ferramenta de comunicação produtiva e de  desenvolvimento das pessoas, precisa ser feito todos os dias, entre profissionais e gestores.  Por meio do retorno dado às ações, pode surgir um sentimento de interdependência, compromisso e respeito entre os profissionais, no sentido de valorizar os diversos saberes”, opinou.

De acordo com Patrícia, as categorias profissionais de nível médio que atuam na ESF devido às suas especificidades tão bem delimitadas, contrárias às necessidades de um profissional da atenção básica, poderiam ser fundidas em uma única categoria, configurando uma nova carreira técnica profissional no SUS. “Este seria conhecido como ‘técnico em atenção primária em saúde’, em que este novo profissional teria uma formação mais generalista com capacidade para trabalhar de forma mais abrangente e integrada com a equipe multiprofissional.”