O seminário Articulando os diferentes atores – O papel do governo, academia, conselhos e da sociedade civil no enfrentamento da tuberculose reuniu, em 6/8, profissionais de saúde, gestores, pesquisadores, conselhos e membros da sociedade civil e teve como objetivo discutir os problema e marcar o dia de luta. O encontro foi organizado em uma parceria da Secretaria de Saúde de Estado do Rio de Janeiro com o Fórum ONGs TB RJ e o Observatório Tuberculose Brasil, que faz parte do Centro de Referência professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz). O chefe do Centro, Otávio Porto, e o pesquisador Pablo Dias Fortes estiveram presentes no debate e levaram suas contribuições.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Rio de Janeiro é o estado com maior incidência de tuberculose em todo o país, registrando 70 casos a cada 100 mil habitantes. Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria, Alexandre Chieppe, o maior desafio no enfrentamento da doença é uma articulação entre as secretarias de governo, porque, segundo ele, a questão da tuberculose não envolve somente a saúde. "De forma geral, as pessoas mais afetadas pela tuberculose são aquelas com nível socioeconômico mais baixo, que vivem em lugares aglomerados, sem acesso a ventilação e luminosidade. Não temos como eliminar a doença, se não pensarmos em moradia saudável, ocupação melhor do espaço urbano e diminuição da pobreza", afirmou Chieppe.
O coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, Carlos Basília, explicou que o trabalho do Observatório é articular ações de pesquisa e monitorar as políticas públicas relacionadas à área. Ele destacou ainda que o grande número de pessoas infectadas se deve também às altas taxas de reincidência da doença. "O tratamento de tuberculose dura, em média, seis meses. Durante esse tempo, o paciente precisa tomar a medicação de forma correta e realizar os exames de acompanhamento. Muita gente abandona o tratamento, o que dificulta a cura”, disse ela. Basília também abordou a questão do preconceito e do estigma associados a doença. Segundo ele, muitas pessoas pensam que o paciente com tuberculose deve ser afastado do convívio social. Em alguns casos, quem sofre da doença é demitido do trabalho por conta do medo da contaminação. “É importante saber que, se o tratamento for adequado, após o primeiro mês de medicação, a doença deixa de ser transmissível. Ou seja, o paciente pode desempenhar suas funções normalmente, sem oferecer riscos de contágio aos demais”, explicou.
O Ministério da Saúde divulgou que, em 2014, o Brasil teve uma média de 33,5 casos a cada 100 mil habitantes, além de 2,3 óbitos a cada 100 mil. Somente no estado do Rio de Janeiro, o número de casos foi quase o dobro: aproximadamente 70 a cada 100 mil. As taxas estão bem acima do considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda número abaixo de cinco casos a cada 100 mil.
O seminário reuniu cerca de 150 atores de diversos segmentos. Estiveram presentes representantes do Fórum ONGs TB e comunidades que desenvolvem trabalho acerca do controle da tuberculose, além dos coordenadores dos Programas de Controle da Tuberculose dos 32 municípios prioritários do Estado do Rio de Janeiro.
* Com informações da Agência Brasil