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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Antropólogo Roquette-Pinto é tema de novo livro da Editora FGV

Em busca do Brasil: Edgard Roquette-Pinto e o retrato antropológico brasileiro (1905-1935), coedição das Editoras FGV e FIOCRUZ, analisa a trajetória e a obra de Roquette-Pintoenquanto antropólogo físico, com o interesse de compreender como seus estudos acerca das características físicas e psicológicas da população brasileira foram articulados para pensar a construção de um “retrato realista” sobre a formação racial do Brasil.
Segundo o autor do livro, Vanderlei Sebastião de Souza, Roquette-Pinto há muito deixou de ser lembrado apenas como pioneiro do rádio no Brasil. Sua importância e complexidade de atuação multifacetada têm despertado a atenção dos estudiosos há alguns anos, embora seja um personagem ainda pouco conhecido pela historiografia. Considerado por seus contemporâneos como um importante protagonista no debate sobre as ideias raciais, Roquette-Pinto foi o “mestre ilustre” dos estudos antropológicos no Brasil, sendo um dos autores que teria contribuído para a maneira de conceber a miscigenação racial em termos positivos do sociólogo e ensaísta Gilberto Freyre, por exemplo.
Para o antropólogo, orientado por uma concepção fortemente cientificista e de cunho positivista, a realidade sobre a formação do Brasil só seria conhecida de fato quando a ciência levantasse os “dados objetivos”. Conseguidos através do uso de tabelas, estatísticas e equações em suas pesquisas antropológicas, eles reuniriam informações sobre as condições de vida e as características gerais da população de diferentes regiões do país, fosse ela composta por negros, mulatos ou brancos, pobres ou abastados, sertanejos ou litorâneos. De maneira geral, o projeto intelectual lançado por Roquette-Pinto acerca dos estudos antropológicos visava também denunciar as deficiências e a falta de rigor científico na descrição da “realidade”, ou mesmo em relação à ausência de comprometimento com os interesses nacionais.
Essa conversão à ação política e a busca por esse “realismo científico” sobre o país estava ligada à percepção de que ainda sobrevivia entre os brasileiros uma fissura que dividia o chamado “Brasil real” do “Brasil legal”. Isso impossibilitava, naquela época, uma descrição mais “objetiva” da realidade nacional e a formulação de projetos capazes de intervir nos problemas vividos pelos brasileiros.
A análise das atividades do brasiliano Roquette-Pinto como antropólogo físico, suas relações intelectuais, sua atuação na arena pública, bem como seu diálogo com a antropologia alemã e a norte-americana, são as principais contribuições desta obra para o debate historiográfico e antropológico.
Para mais informações sobre o livro, acesse o site.