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terça-feira, 20 de março de 2018

Instalação inédita de Alexandre Vogler ocupa o Paço Imperial

Será inaugurada no dia 21 de março, às 18h30, no Paço Imperial,  a exposição Pintura de Fresnel, de Alexandre Vogler. A mostra consiste em uma instalação composta de dez serigrafias sobre papel, desenvolvidas a partir da observação das lentes de Fresnel e reunidas para instaurar um campo de energia condensada.




Fresnel é um tipo de lente inventada pelo físico francês Augustin-Jean Fresnel no século XIX, originalmente para uso em faróis marítimos. São lentes de grande abertura e curta distância focal sem o peso e o tamanho de uma lente convencional. São bem mais finas, permitindo maior passagem de mais luz e visíveis à distância. São utilizadas em faróis de sinalização náutica, barcos e automóveis.

As obras, resultado de um conjunto de impressões sobrepostas, tratam questões relativas ao conceito de fóton, a estrutura dinâmica de ondas luminosas, amparando-se em disciplinas complementares à Pintura – como a Física Ótica e a Fotônica. Tomando por princípio o aspecto corpuscular da luz (e da energia eletromagnética), as gravuras reproduzem a geração de um único espectro luminoso combinado em seqüência e submetido à refração do conjunto de lentes de Fresnel.  

A realização dos trabalhos combina pintura e gravura, recorrendo a processos rudimentares de mascaramento e sobreposição de cores relativamente transparentes, acumulando camadas de padrões construtivos e gerando uma aparência de dispersão solar. A cor amarela aparece decomposta por estruturas dinâmicas, configurando sua expansão e comunicando os dez elementos da instalação num ambiente imersivo.

“O trabalho, bem como toda essa série de pinturas, encontra referências no Orfismo – movimento batizado pelo poeta Guillaume Apollinaire em 1912 e que teve, entre seus praticantes os pintores Robert e Sonia Delaunay, Franz Kupka, Picabia e Leger. Flertavam com o conhecimento newtoniano, a teoria atômica da matéria e os novos conceitos de tempo, espaço e energia; recorrendo a imagem da dispersão circular da luz como metáfora da expansão do espírito. A crença mística na ciência moderna, sobretudo na descoberta de que a matéria não é inerte, fortaleceu os elos com o Simbolismo do séc. XIX e a Teosofia. Da mesma forma a analogia entre a estrutura molecular da matéria e o sistema solar era visto como o poder do espírito em se expandir e envolver todo o ser”, pontua Vogler




A reunião de conteúdos científicos e espirituais, além das referências apontadas acima, permeia, em última análise, a produção de Pinturas de Fresnel, utilizando-se de padrões de estrutura móvel e seqüenciada para fazer atingir experiências de transcendência e unicidade. Nesse sentido, mais que a representação dinâmica de um raio luminoso, Pinturas de Fresnel se pretende a criação de um campo de luminescência, vitalidade e força.

A exposição acompanha texto do crítico e curador Felipe Scovino.


Pintura de Fresnel | Alexandre Vogler
Abertura: quarta-feira, 21 de março, às 18h30
Exposição: 22 de março a 27 de maio de 2018
De terça a domingo, das 12 às 18h
Grátis | Livre para todos os públicos
Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48
Centro - Rio de Janeiro