Marcos Lisboa, presidente do Insper, abriu o segundo dia do evento que reuniu mais de 700 executivos, no Rio de Janeiro
O economista Marcos Lisboa, presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), abriu, nesta quarta-feira (11/4), o segundo dia do 7º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, que reuniu mais de 700 participantes no Windsor Convention & Expo Center, na Barra da Tijuca. A plenária principal do evento apoiado pela CNseg – a Confederação das Seguradoras -, teve como tema “Os desafios da agenda econômica”, e contou também com a participação de Andrea Keenan, diretora da A.M.Best. A coordenação coube ao CEO da Chubb, Antonio Trindade. Lisboa atribuiu a baixa produtividade da economia brasileira ao excesso de proteção às empresas. “As regras do jogo no Brasil permitem a sobrevivência de empresas pouco produtivas”, disse, acrescentando que “é preciso aceitar a economia de mercado com bônus e ônus”.
Marcos Lisboa defendeu uma agenda para retomada do crescimento que inclui a simplificação e maior previsibilidade das regras tributárias; estímulo à competição; abertura comercial, com convergência para as tarifas médias da OCDE e revisão das barreiras não-tarifárias; reforma trabalhista; melhoria da qualidade das garantias no mercado de crédito. Na infraestrutura, o economista defendeu o fortalecimento das agências reguladoras e maior segurança jurídica para os contratos.
Andrea Keenan mostrou a visão externa do momento brasileiro atual, em que os escândalos de corrupção desestimulam investimentos. Como contraponto, enfatizou que o Brasil tem boas perspectivas para reconquistar a confiança externa pela força que suas instituições vêm demonstrando. A independência do Judiciário, o aumento da transparência, e a estabilidade do regime democrático foram os principais fatores positivos apontados por ela.
INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS
Imagine viajar de São Paulo a Campinas em seis minutos? Assim será o futuro concebido pela Hyperloop Transportation Technologies, conforme contou Rodrigo Freire de Sá, diretor de Desenvolvimento de Negócios da empresa, que, em quatro anos de existência, está presente em oito países.
O executivo encantou a plateia com o trem-bala que está sendo construído em Abu Dhabi e com o Centro de Inovação da Hyperloop em Minas, uma obra de R$ 26 milhões. “Nosso foco é integrar as tecnologias”, explicou. “Defendemos uma nova forma de pensar. Dela, sairá o futuro da logística de transportes”.
“TRANSAÇÕES ESTRUTURADAS EM RESSEGURO”
No segundo dia do 7º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, o painel “Transações estruturadas em resseguro” apresentou soluções do mercado internacional para suprir necessidades de capital através do resseguro financeiro, e enfatizou a necessidade de regulação para que esses produtos possam ser utilizados no Brasil. O painel teve coordenação de Francisco Vogt, diretor de Produtos e Resseguros da Chubb, e contou com a participação de Daniel Veiga, diretor de Subscrição Specialties do IRB Brasil Re, Frederico Knapp, CFO & COO Latin America da Swiss Re Brasil Resseguros e Pedro Farme, vice-presidente de contratos da JLT Re Brasil. “São soluções que preservam reservas e protegem o capital das empresas. Representam um complemento atraente e de menor risco para o mercado”, disse Frederico Knapp. Esses instrumentos são classificados como derivativos financeiros, precisando por isso de regulação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central, além da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Não devemos apedrejar os legisladores, mas buscar adequar as normas vigentes à dinâmica complexa do resseguro. A declaração é do advogado Washington Silva, diretor jurídico e de compliance do Grupo Zurich Brasil, no painel "Descasamento de prazo prescricional de seguro e resseguro". Ele entende que a arbitragem deve ser mais usada nos litígios. "O descasamento dos prazos vai existir", previne. "É característica da nossa legislação".
A última plenária do 7º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro teve como tema as perspectivas do seguro D&O, e concluiu que este é um segmento com grande potencial de crescimento, no Brasil e no mundo. O motivo principal para essa tendência é o maior rigor que vem se estabelecendo nas regras de compliance das empresas, o que põe em evidência os diferentes graus de responsabilidade que cabem aos administradores, não apenas nos casos de corrupção, que sempre chamam mais a atenção, mas nas situações de prejuízos causados involuntariamente a terceiros.
O painel foi coordenado por Marcos Fugise, vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguro (FENABER) e contou com a participação de Celso Soares, da Zurich Seguros, Sergio Narciso, da Trans Re, Dennys Zimmermann, da F. Torres&Associados, Cassio Amaral, da Mattos Filho Advogados, e Ilan Goldberg, da Chalfin, Goldberg, Vainboim & Fichtner Advogados Associados.
Para discutir tendências desse assunto de tão grande interesse, foram escolhidos cinco temas: a cobertura para multas; a abrangência que deve ter a cobertura C (que segura a empresa), de modo a não prejudicar a cobertura individual dos administradores; a responsabilidade pelas informações prestadas no momento da contratação do seguro; as alterações de risco na vigência da apólice; e a cobertura D&O para eventos que envolvem vazamento de dados provocado por falhas internas da empresa. Todos ainda são objetos de discussão no setor de seguros e resseguros em todo o mundo, o que torna ainda mais importante o tema dessa plenária final do encontro.