O Departamento Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da ENSP promoveu a sessão do Centro de Estudos Giuliano Suassuna As violações de direitos humanos e resistência das mulheres atingidas por barragens. A atividade, realizada em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens, foi coordenada por Maria Helena Barros de Oliveira, coordenadora do Dihs/ENSP, e Allanis Dimitria Pedrosa, membro do departamento. Para a discussão o Centro de Estudos recebeu as palestrantes Louise Löbler, Jessica Portugal e Lucielle Viana, representantes do MAB, que debateram todas as formas de discriminação e violações dos direitos dos atingidos. De norte a sul do Brasil, mais de duas mil barragens já foram construídas e aproximadamente um milhão de pessoas foram expulsas de suas casas pela desapropriação de terras e impactos ambientais provocados pela construção. Desse total de pessoas atingidas, pelo menos 70% sequer recebeu algum tipo de indenização das empresas ou do Estado. Confira, no Canal da ENSP no Youtube, as apresentações na íntegra.
Segundo as coordenadoras da atividade - realizada em 21 de setembro, no salão internacional da Escola - quando se leva em consideração a situação das mulheres, os danos são maiores: assédio, prostituição, estupros e uma série de preconceitos acompanham as violações de direitos que a construção do empreendimento e a chegada dos operários para as obras trazem. “O Movimento não toca apenas na perda do patrimônio e da terra, mas na violação de todos os direitos. O desrespeito vai muito além e traz não só os impactos concretos como o alagamento de cidades, florestas, inundações de terras de plantio, destruição do habitat de animais, mas repercussões como a perda do vínculo espacial, com a comunidade, a ausência dos familiares e do sentimento de pertencimento à terra. Existe uma série de danos aos atingidos que não são levados em consideração”, detalhou Allanis, uma das organizadoras do evento.
A situação das mulheres
A mesa debateu a situação especial das mulheres por se tratar da população em maior situação de vulnerabilidade na construção das barragens. “De maneira geral, os atingidos passam por danos à saúde e ao bem estar, mas esse impacto é maior na população feminina. Entendemos que elas são as mais afetadas pelas situações de miséria e descriminação social. Muitas vezes, as mulheres são chefes de família e sofrem diversos preconceitos de gênero. A construção de uma barragem não leva em consideração a mulher”, explicou a organizadora.