A Hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura compreender um determinado texto, ou seja, esta expressão – provinda do grego hermeneuein -, tem o sentido de ‘interpretar’, ‘explicar’ de uma forma geral a passagemtextual em questão, tentando nela encontrar a alegoria presente. Ela inicialmente consistia em uma metodologia específica para desvendar a Escritura Sagrada, aparecendo esta palavra textualmente na Bíblia pelo menos quatro vezes – em João 1:42; 9:7; Hebreus 7:2 e Lucas 24:27.
Para se alcançar a compreensão de um texto, seu significado mais profundo, é necessário investigar os diversos elementos que compõem o processo hermenêutico – o autor, o texto e o leitor. A prática mais convencional para se pesquisar o sentido bíblico, e por extensão o significado de qualquer outro texto pesquisado, é partir do autor, do que este desejou transmitir, em plena consciência, ao elaborar seus escritos. Assim, é importante comparar as várias obras produzidas pelo escritor, para se verificar o que ele disse em diferentes momentos, considerando-se sempre as línguas em que os textos foram criados.
Platão considerava hermenêuticos os próprios poetas, hermenes ou intérpretes das divindades, enquanto vários pensadores compreenderam a obra de Homero alegoricamente. Santo Agostinho via o Antigo Testamento também desta forma, compreendendo-o simbolicamente, através de conceitos herdados dos filósofos neoplatônicos. Esta linha de pensamento se manteve durante toda a Era Medieval. Este método foi adotado mais claramente depois da Reforma. Este termo, ‘hermenêutica’, foi criado em 1654 por J.C. Dannhauer, exposto em sua obra Hermeneutica sacra sive methodus exponendarum sacrarum litterarum.
Os Protestantes se valeram desta metodologia para melhor combaterem o Catolicismo, apegando-se para isso ao sentido literal das Escrituras, alegando retomar assim o significado original dos ensinamentos de Jesus, deformado pelo clero romano e pela escola filosófica conhecida como Escolástica. O filósofo Espinosa considerava que o modelo interpretativo da Bíblia podia ser estendido racionalmente para a compreensão de tudo, associando em um esforço comum a crítica bíblica e a História.