As questões relacionadas à mobilidade urbana afetam diretamente a qualidade de vida da população, além de terem importantes implicações para a economia e o meio ambiente. A relevância desse tema levou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE) a organizar um projeto de pesquisa que resultou no livro “Mobilidade Urbana: Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras”, com lançamento na próxima segunda-feira, dia 28 de setembro, às 19h, na Livraria da Travessa de Ipanema.
Publicado pela Editora Elsevier e organizado pelo coordenador de Economia Aplicada do IBRE, Armando Castelar, em parceria com o presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, Cláudio Frischtak, o livro é composto por 13 capítulos redigidos por 22 autores. A obra mostra que o desafio da mobilidade urbana não é trivial: as restrições físicas, legais, entre outras, são muitas e há várias soluções possíveis, que nem sempre são diretamente comparáveis, pois necessitam de algum tipo de direção sobre o modelo de cidade subjacente e suas funções. Há também múltiplas dimensões a serem consideradas e sua hierarquização não é óbvia. Além disso, dado o volume de recursos envolvidos, o interesse público está frequentemente ausente do debate, que é dominado por atores com capacidade singular de influência no plano político – representantes eleitos, instituições e processos decisórios.
“Três fatores principais contribuíram para a acentuada deterioração das condições de mobilidade nas cidades brasileiras. Primeiro, o crescimento da população urbana e metropolitana, que pressiona os sistemas de transporte. Segundo, os diversos estímulos dados pelo governo ao setor automobilístico (isenções tributárias, crédito barato e preço artificialmente baixo dos combustíveis), que induziram um forte aumento na taxa de motorização no país. Terceiro, a falta de investimento em mobilidade urbana, fruto da carência de recursos e dos usuais problemas de planejamento e execução presentes nas obras de infraestrutura no Brasil”, disse Armando Castelar. Ao olhar para frente, o pesquisador aponta que “os estudos de caso na segunda parte do livro evidenciam a importância do planejamento metropolitano interdisciplinar e integrado”.
Cláudio Frischtak acredita que o Brasil se descuidou da mobilidade urbana nas últimas décadas, e escolheu um modelo de cidade centrado no deslocamento individual por automóvel. “Os custos associados a este modelo são claramente muito elevados e afetam de forma desigual os mais pobres. De forma crescente, a população exige dos governantes que as cidades brasileiras transitem para sistemas de mobilidade alicerçados no transporte de massa de qualidade. Há um conjunto de imperativos, incluindo o planejamento de médio e longo prazo dos sistemas; a coordenação política e administrativa das instâncias que atuam na territorialidade; regulação adequada; e formas de financiamento que mobilizem recursos públicos e privados, e combinem eficiência alocativa e equidade na prestação dos serviços”, explica.
O livro busca contribuir para essa discussão, com análises temáticas e estudos de caso sobre diferentes regiões metropolitanas brasileiras. Seu conteúdo é resultado do Seminário “Mobilidade Urbana: Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras”, organizado pelo IBRE. O volume retrata a pluralidade de opiniões de especialistas do setor público e acadêmicos de instituições como as universidades federais da Bahia, de Minas Gerais, do Pará e Fluminense (UFBA, UFMG, UFPA, UFF, respectivamente), a Universidade de Brasília (UnB), a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e a Coppe/UFRJ.