O termo vandalismo tem sua origem na História Antiga e refere-se diretamente a um dos povos que invadiram o Império Romano, já na época enfraquecido. Estes grupos eram considerados, do ponto de vista da Roma dos Césares, como bárbaros, pois não possuíam a cultura desenvolvida por esta potência.
Os vândalos eram de procedência germânica e por diversas vezes se espalharam pela Europa, até encontrarem um refúgio em Cartago, no norte da África. Em um determinado momento, porém, eles decidiram entrar em Roma e lá realizaram saques por pelo menos duas semanas. A versão romana foi preservada ao longo do tempo, e assim até hoje ‘vândalo’ é sinônimo de saqueador.
Assim sendo, o vandalismo é uma atitude ou um modo de expressão que tem como objetivo tentar destruir uma determinada cultura e sua arte, bem como o patrimônio alheio. Geralmente é um caminho trilhado por jovens que não encontram outra forma de canalizar sua energia e sua agressividade. Há vários exemplos de vândalos que, ao encontrarem apoio para despertar dentro de si o potencial artístico que nele habita, e então desenvolvê-lo da melhor maneira possível, abandonam as atitudes agressivas e tornam-se, por exemplo, grafiteiros, uma vez que o grafite é uma forma de arte.
A primeira menção histórica a esta expressão provém da época da Revolução Francesa. Documentos comprovam que, no dia 10 de janeiro de 1794, o Bispo de Blois, Henri Grégoire, refere-se às atitudes dos integrantes do exército republicano como vândalas. Desde o século XVII, porém, nos idiomas francês e inglês esta palavra já se encontrava imbuída de um teor pejorativo.
Hoje esta questão do vandalismo vem ganhando corpo entre os jovens.
Com a intensificação da violência, seus praticantes vêm aprimorando seus métodos, unindo-se em gangues cada vez mais poderosas e letais, não só pichando, danificando o patrimônio público, mas também recorrendo cada vez mais a atos de extrema selvageria, como, por exemplo, queimar pessoas vivas – geralmente aqueles que são excluídos socialmente, como moradores de ruas e indígenas – ou agredir garotas de programa.
Dentro das próprias escolas, alunos detonam bombas nos pátios ou nos banheiros, aterrorizando colegas, professores e diretores. Na opinião dos estudantes, estes atos muitas vezes têm como objetivo chamar a atenção, não só do corpo docente, ou da sociedade, mas também das meninas, pois seus adeptos tentam criar diante delas uma imagem heróica e poderosa. Isto não significa, porém, que as garotas não participem destas ações, uma vez que elas, atualmente, revelam ser, em alguns momentos, mais violentas que os meninos.
Ao contrário da opinião comum, porém, estes atos não acontecem apenas no interior de escolas estaduais, mas são também muito freqüentes nos colégios particulares. Assim, não é um problema de classe social, mas educacional, comportamental, fruto de uma profunda crise de valores, da impunidade, de uma descrença completa em princípios morais básicos, como o respeito, a solidariedade e a aceitação das diferenças.
Este é um problema que, somado a tantos outros fatores de violência, vem crescendo principalmente nas grandes cidades, o que não isenta completamente as pequenas comunidades, provocando sérios distúrbios sociais, que culminam cada vez mais com a morte do alvo da agressão cometida pelos vândalos. Isto significa que, nos dias atuais, o vandalismo se confunde gradualmente com a violência pura e indiscriminada, o que denota uma total carência de sentido da vida, desprovida cada vez mais do seu valor intrínseco.
Os vândalos se julgam, assim, acima do bem e do mal, de qualquer juízo ético. É bem provável, inclusive, que se considerem juízes de seus semelhantes, que, aliás, eles vêem a cada momento com um estranhamento crescente, como o ‘outro’ que eles não compreendem e não aceitam. Portanto, este ser por eles incompreendido é visto com hostilidade, como alguém que os ameaça e que, assim, deve ser destruído, o que se aplica também a toda produção material por eles rejeitada, por um motivo ou por outro.