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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dia da Psicanálise




A Psicanálise nasceu a partir de conhecimentos advindos de diversas áreas do saber, como Filosofia, Mitologia, Antropologia, Psicologia, Medicina e Física, transformando-se em uma ciência única que investiga o inconsciente humano. Genialmente, Freud partiu desses conhecimentos e criou uma teoria específica do inconsciente, metodologia e técnica capazes de ajudar os seres humanos a compreender a origem de seus conflitos e, assim, poder resolvê-los. Para tanto, dedicou a vida em busca de conhecimentos e alicerçou uma obra que mudou a visão do homem sobre si mesmo, mobilizando toda uma época e se firmando como “ciência do inconsciente”, ciência que se comprova e se fortalece a cada sessão analítica.

A Psicanálise é uma formação livre e leiga. Na época de Freud, a formação do analista se dava nos gabinetes psicanalíticos por meio de análise didática, ou seja, a formação era dada juntamente com a análise pessoal. Hoje, as formações são realizadas em instituições psicanalíticas que têm como regra fundamental o tripé: teoria específica, análise pessoal e supervisão. A formação do psicanalista não é acadêmica, não é um curso reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e não possui um Conselho Federal fiscalizador – o que a mantém é a ética. É uma formação livre, qualquer pessoa que tenha nível superior pode cursar, sendo importante que a instituição formadora siga as regras fundamentais. Por ser uma formação livre e não ter um órgão fiscalizador, acaba abrindo espaço para que instituições não criteriosas ministrem cursos que não seguem as regras que fundam a Psicanálise.

Pensando em uma forma de contribuir com a Psicanálise e poder levá-la para além dos gabinetes, foi criado o Dia do Psicanalista no Estado de São Paulo, comemorado em 6 de maio. O projeto de lei nº 700/2004 foi aprovado e se tornou Lei Estadual nº 12.933 em 23 de abril de 2008, depois de um longo período percorrido. Mas, hoje, toda a comunidade psicanalítica pode sentir-se homenageada e reconhecida.

Essa data foi escolhida para, além de homenagear o grande criador e a sua obra, também abrir um espaço para que a Psicanálise pudesse ser difundida e discutida pelos vários segmentos da sociedade e também incentivar reflexões sobre esta profissão.

No dia 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia, antiga Tchecoslováquia, nasceu Sigmund Freud, filho de Amalia e Jacob Freud, modesto comerciante judeu que foi morar em Viena em 1860 para propiciar uma vida melhor para sua família. Deste lar simples nasceu um dos grandes homens da história, que criou a Psicanálise, uma práxis que mudou o sentido do entendimento do homem da razão de Descartes. A criação freudiana permitiu ao homem olhar para si mesmo, para a dor incompreensível apontada pela angústia, para os conflitos emoldurados pela culpa, para o desatino que assombra a alma. O homem da razão de Descartes cedeu lugar para o homem do inconsciente de Freud, o “penso, logo existo” cedeu lugar para o existo onde não penso. A lógica cartesiana foi submetida e determinada pelo inconsciente que não tem tempo nem espaço. A partir dessas premissas básicas, a visão sobre o humano se modificou e as ciências humanas não mais podem ignorar a existência do inconsciente, tampouco suas manifestações.

DOR DA ALMA

Sigmund Freud foi um médico neurologista que procurou entender o sofrimento humano que se instala além do corpo físico e preocupou-se em criar um método e uma técnica que pudessem aliviar a dor da “alma”. Suas reflexões e experiências clínicas o levaram a descobrir que as inter-relações humanas e objetais era o que de mais imperioso havia no movimento da mente humana, o que ele chamou de psique.

Embora a Psicologia já fizesse tentativas de representar os processos psíquicos como “estados de comportamento”, foi com Freud que tivemos o grande avanço no entendimento do psiquismo. Ele apresenta a psique como algo determinado pelas relações objetais vividas na primeira infância, que funda o inconsciente; dessa forma, o comportamento humano passa a ser determinado pelas representações do inconsciente.

O inconsciente é o sistema mais relevante da Psicanálise. Freud o conceituou em dois momentos importantes de sua obra: o primeiro momento se refere à primeira teoria topográfica, em que conceituou o inconsciente como um lugar que mantinha reprimidas as idéias, as representações insuportáveis para a consciência. No segundo momento de sua teoria, na segunda tópica, Freud coloca que o inconsciente é um reservatório de conteúdos reprimidos derivados das pulsões; que possui mecanismos de defesa específicos que o regem e que são o deslocamento e a condensação. O deslocamento é um mecanismo que possibilita que o conteúdo recalcado se desloque de um objeto para outro. A condensação é uma superposição de partes, podendo uma parte expressar um objeto total, enquanto o todo pode ser representado por outra parte. São mecanismos regidos pelo processo primário de pensamento e servem para deformar, mascarar o conteúdo vivenciado com o objetivo de não ser reconhecido pelo consciente; são esses mecanismos que atuam nos sonhos, deixando-os muitas vezes incompreensíveis. Os sonhos , lapsos, atos falhos, chistes e os sintomas são formas de manifestações do inconsciente, que só podem ter acesso à consciência depois de passar por uma espécie de crivo, por uma censura que não permite o reconhecimento, pois são deformados. São formadas verdadeiras barreiras de defesa, e Freud descobriu que, ao vencê-las, o conteúdo recalcado pode ser analisado, e dessa forma, resolvem-se os conflitos neuróticos.

Assim é a psicanálise: uma forma de reorganizar o inconsciente deixando o sujeito diante de seus desejos, de seus afetos e abrindo espaço para que se possa equilibrar o princípio do prazer com o princípio da realidade, viver a sexualidade e poder respeitar eticamente a si mesmo e ao outro.

A Psicanálise nos faz entender que a completude é um grande engodo e que somos um ser marcado pela falta – e é a falta que sustenta o nosso desejo. E que a tal felicidade que buscamos o tempo todo é uma função utópica. Ela está na busca diária de um desejo impossível.