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quinta-feira, 28 de março de 2013

Exposição "Química Na História do Universo, da Terra e do Corpo"




O que se espera encontrar em uma exposição sobre Química destinada ao público adolescente, jovem e adulto? Uma tabela periódica com os elementos certamente é peça essencial. Mas não basta, por si só, para representar o que é a Química e sua história.

Para tornar essa ciência mais atraente, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) irá mostrar a Química – sob um aspecto histórico e moderno – enquanto agente da origem e da evolução do universo, enquanto elemento presente nas transformações dos produtos da terra e como a ciência que permite à biologia manipular as estruturas do ser vivo, operando nos limites da ética científica. Na próxima quarta-feira, 05 de dezembro, o MAST inaugura a exposição A Química na história do Universo, da Terra e do Corpo.

“Nos últimos duzentos anos, a enorme expansão dos conhecimentos químicos e físicos deu aos materiais um irremediável valor social e econômico. Associada ao remédio e ao veneno, ao bem-estar e ao doping, à produção de combustíveis, à poluição, à contaminação dos alimentos e dos ambientes, a Química marcou a evolução histórica do mundo e dos homens” – explica Heloisa Maria Bertol Domingues, diretora do MAST e curadora da exposição juntamente com o químico e filósofo Gastão Galvão de Carvalho e Sousa.

O lançamento da mostra será precedido pela palestra “A Química e as ciências: modos de usar”, proferida pela professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência da Pontifícia Universidade Católica do São Paulo (PUC-SP), Márcia Ferraz, às 16h30. O evento acontecerá no campus do MAST – Rua General Bruce, 586, Bairro Imperial de São Cristóvão, Rio de Janeiro. A mostra ficará aberta à visitação até junho de 2013, com entrada gratuita.

A Química na história do Universo, da Terra e do Corpo
Quatro ambientes foram preparados com a exposição de 19 instrumentos científicos de diferentes áreas da ciência, que tiveram aplicação na Química, além de vídeos, projeções, painéis e ambientações. Por três módulos, perpassa uma linha do tempo que mostra a história dessa ciência relacionada aos elementos Universo, Terra e Corpo.

Um laboratório do século XX, representado através de uma ambientação, traz uma bancada sobre a qual estão dispostos frascos, balanças, centrífugas e outros aparatos científicos usados no estudo da Química. Neste espaço, a exposição convida os visitantes a conhecerem, também, outra ambientação de um laboratório de alquimia do século XV.

No módulo Universo, a imagem de uma galáxia ajuda a explicar a Química como agente da origem e da evolução do mundo. Nesse ambiente, a explanação sobre o estudo do espectro é acompanhada pelo Espectroscópio de Difração, instrumento do século XX utilizado para o estudo do espectro de raias de lâmpadas espectrais, através da passagem de um feixe luminoso por uma rede de difração.

O módulo Terra aborda a evolução da Química através dos séculos e apresenta os elementos químicos e estudos relacionados. Para melhor compreensão dos assuntos abordados, estão expostos uma tabela periódica e instrumentos como o Carbacidômetro de Wolpert do século XIX, utilizado para determinar a quantidade de gás carbônico contido na atmosfera de ambientes fechados.

O último módulo da exposição, sobre o Corpo, aborda a relação da Química como ciência que permite a manipulação das estruturas do ser vivo. A projeção de uma infogravura concebida a partir do homem vitruviano é acompanhada por textos de Louis Pasteur – que contribuiu para o estudo das origens da vida, com passos decisivos na análise da estrutura molecular dos corpos – e de Marie Curie, ganhadora dos Prêmios Nobel de Física, em 1903, pela descoberta da radioatividade, e de Química, em 1911, pela descoberta dos elementos rádio e polônio e por investigar suas propriedades.

Completam essa sessão entrevistas de especialistas renomados, como o professor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Radler de Aquino Neto, que coordena um trabalho de combate ao doping no âmbito esportivo, sendo membro das comissões do Conselho Nacional de Esporte do Ministério do Esporte e das confederações brasileiras de Ciclismo, de Surf, de Remo e de Desportos Aquáticos.

Além de Radler, a exposição traz depoimentos do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, do pesquisador do Observatório Nacional do Rio de Janeiro (ON), Marcelo Borges Fernandes e da também pesquisadora do ON, Katia Cunha, que fala sobre arqueologia galáctica e identificação da idade das estrelas através da Química.

“Queremos mostrar a Química enquanto fronteira do conhecimento. Tal como foi a alquimia nos séculos XV e XVI, hoje, a Química está no centro dos estudos sobre o meio ambiente, as mudanças climáticas, a sustentabilidade, bem como sobre a manipulação das estruturas do corpo. É importante que o conhecimento a respeito de sua atuação em amplo espectro seja difundido” – ressalta Heloisa Bertol.

História e Sociologia da Química na América Latina
A ideia da exposição surgiu a partir do desenvolvimento do projeto “História e Sociologia da Química na América Latina: caso da produção e do uso dos saberes na Amazônia” (HISOQAL), que trata da história de recursos naturais da Amazônia e da relação homem e natureza.

Desenvolvido a partir de uma cooperação científica internacional entre o MAST, o Recherche Epistemologique et Historique sur les Sciences Exactes da Universidade de Paris (REHSEIS-CNRS) e o Institut de Recherche pour le Dévelloppement de Paris (IRD), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto teve como proposta caracterizar a evolução da representação perceptiva e prática da relação com a Química que grupos sociais como índios, caboclos, trabalhadores, industriais, políticos e cientistas desenvolveram através de produtos particulares da Amazônia, após a 2ª Guerra Mundial.

Além de procurar um enfoque sobre os produtos naturais no que tange à história e sua inserção no debate contemporâneo, a equipe do projeto HISOQAL buscou a utilização de métodos comparativos, considerando países como o Brasil, o México e a Argentina, levando em conta os diferentes processos históricos e os contextos. Buscou, ainda, o desafio de produzir a história e a sociologia da química, que ganhou enorme importância na sociedade contemporânea.