No contexto do planejamento das cidades, há muito o poder público vem investindo em ferramentas de city-marketing em vistas a se produzir novas imagens e imaginários urbanos, novos negócios e serviços, equipamentos, empreendimentos e megaeventos, cada vez mais exigidos à cidade que queira competir por mercados globais. É nesse contexto que megaeventos urbanos de duração limitada, tais como os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, objetivam mobilizar empresariados e cidadãos em torno de projetos – para esses eventos exigidos, mas articulados com projetos e políticas de outros setores – que se autojustificam pelo anúncio de futuros legados para a cidade e sociedade que os abrigam.
As intervenções em curso na cidade do Rio de Janeiro, de modo a prepará-la como palco das Olimpíadas, prometem benefícios futuros em meio ambiente, habitação, infraestrutura e transporte, por exemplo. Há quem critique, contudo, que esta forma de gerir a cidade é mediada por ideologia imediatista, que ao valorizar o fragmento, a produção cultural e a espetacularização urbana, falseia as reais intenções empresariais e especulativas das intervenções, escamoteia conflitos e perpetua privilégios. A questão ambiental seria exemplar desta condição, pois a proteção de recursos naturais e a preservação da biodiversidade seriam tratadas meramente como atributos simbólicos a se converterem em competitividade e ganhos financeiros: a natureza tem mais importância como valor estético – elemento de uma paisagem útil para atrair investimentos ou ajudar a difundir ideias vagas sobre qualidade de vida, saúde e bem-estar, inúmeras vezes agregadas à produção imobiliária – do que por seus valores biodiversos ou os serviços ecossistêmicos que poderiam ser distribuídos equitativamente entre os cidadãos.
A partir da análise da produção normativa, da dinâmica dos investimentos financeiros e das centralidades urbanas e de indicadores ambientais, a palestra gratuita tem por objetivos avaliar as seguintes questões.
1. Em que medida os projetos já implantados, em implantação e ainda previstos para a cidade vêm potencializando ou não o desenvolvimento econômico da cidade do Rio de Janeiro?
2. Como esses mesmos projetos vêm impactando e ainda podem impactar as condições de vida e de integração das diferentes populações atingidas?
3. Quais são os possíveis legados positivos? E os legados negativos? Quem ganha e quem perde com a Rio 2016?
Prof º. Leonardo Name
Urbanista e Doutor em Geografia (UFRJ), Professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio
Profa. Rita de Cássia Martins Montezuma
Bióloga (UERJ), Doutora em Geografia (UFRJ), Professora do Departamento de Geografia da UFF
Público Alvo
A palestra é destinada a interessados no tema.
Corpo Docente
Inscrição
Até 02/06/2013
Obs: Esse evento é gratuíto.