A música produzida nos aglomerados urbanos ultrapassa os limites que separam morro do asfalto e passam a fazer parte da agenda cultural dos jovens de classe média, a exemplo de ritmos como funk carioca e o rap. Dessa forma, a produção que antes era totalmente marginal passa a ocupar um novo lugar, colocando em xeque classificações como “periferia” e “centro”. O que afinal elas significam e como se sustentam quando a música identificada como “da periferia” não está mais restrita ao seu espaço de origem?
Sábado, 05 de abril, às 11h, O Café Controverso “Rap e Funk: Músicas de periferia?” realiza a discussão sobre o assunto com a participação do sociólogo e produtor cultural, Rômulo Silva, e do pesquisador e professor de musicologia da UFMG, Carlos Palombini.
O rap, por sua vez, ganhou notoriedade em terras tupiniquins através de nomes como Pepeu, Thaíde e DJ Hum e os icônicos Racionais MCs. Tanto o rap, quanto o funk, são gêneros musicais produzidos e consumidos em grande escala por jovens moradores das regiões de menor poder aquisitivo das grandes cidades.
Nos últimos anos as duas modalidades musicais deixaram de ter seu espaço de circulação e fruição restritos à periferia, ganhando rádios, ipods e festas dos jovens de outros extratos sociais.
Carlos Palombini, professor de musicologia da UFMG e pesquisador do “Proibidão”, um dos subgêneros do funk carioca, diz que em todo funk há uma visão de mundo oriunda das áreas subvalorizadas, a chamada periferia. Sobre a classificação, Palombini explica que “a exemplo dos artistas ligados à MPB, alguns músicos são considerados a faixa nobre da música brasileira. Outros, mesmo ouvidos por uma parcela significativa, não partilham do mesmo prestígio”.
A periferia no centro
Rômulo Silva, produtor responsável pelo festival Cidade Hip-Hop, questiona se a música tem, necessariamente, que ter sua identidade “atrelada ao território”.
“O rap produzido no Brasil durante os anos 90 era da periferia para a periferia. Com o aprimoramento tecnológico, essa música tornou-se mais acessível para públicos de outras classes sociais. Em consequência, pessoas de outras localidades também passam a reproduzir o rap em uma escala mais ampla”, conta. Rômulo acrescenta que a música não é apenas de quem a produz, mas também de quem a recebe, o que, na sua interpretação, tornam ainda mais discutível essa dicotomia existente entre periferia e centro.
Os Cafés do Espaço
Com o intuito de gerar um ambiente de encontro e intercâmbio de informações, o Espaço do Conhecimento UFMG promove atividades aos sábados em seu café, sempre no final da manhã, às 11 horas. O Café Controverso tem a participação de dois convidados com pontos de vista distintos sobre a temática discutida. Já o Café com Conhecimento é a oportunidade de conhecer e conversar mais sobre um determinado assunto, a partir da contribuição de uma pessoa especializada na questão. Em ambos, o público tem um papel fundamental para a dinâmica das discussões, uma vez que não atua somente como ouvinte, mas como participante ativo.
O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM, a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.
Serviço
Café Controverso: - Rap e Funk: Música de Periferia?
Data: 05 de abril, 11h
Local: Espaço do Conhecimento UFMG - Circuito Cultural Praça da Liberdade
Entrada Franca
Mais informações: www. espacodoconhecimento.org.br
Informações para a Imprensa: (31)3409 8366