O professor da Escola de Direito do Rio de Janeiro (FGV Direito Rio) Ivar A. Hartmann participou, no último dia 23 de maio, da LawTech Conference, em São Paulo. O maior evento de lawtechs do mundo reuniu mais de 2.500 profissionais da área do Direito para discutir como a tecnologia pode ajudá-los a solucionar os principais problemas do setor no país.
Durante o evento, Ivar falou sobre a iniciativa pioneira que desenvolve há seis anos na FGV Direito Rio, onde incentiva que jovens estudantes de direito aprendam linguagem de programação aplicada às demandas da área jurídica. Ele explicou como a ciência de dados está se tornando uma ferramenta imprescindível para os advogados, em especial àqueles que irão entrar em breve no mercado de trabalho. Segundo o professor, há dois caminhos a seguir:
“A primeira opção é trabalhar na iniciativa privada como júnior, fazendo um trabalho repetitivo e braçal para cinco anos depois ser demitido porque o escritório contratou uma lawtech para fazer o mesmo. A segunda é criar a lawtech ou o software que irá causar a demissão”, destacou.
Desde 2013 a FGV Direito Rio oferece "Programação para Advogados" como atividade complementar do curso de graduação em Direito. A iniciativa, que ano após ano vem ganhando cada vez mais alunos interessados, passou a fazer parte da grade obrigatória da graduação em 2019 e hoje é oferecida também como Curso de Extensão em um programa voltado aos profissionais que buscam especialização para estar na vanguarda do conhecimento sobre tecnologia aplicada ao Direito.
“No curso, há introdução à programação Phyton, funções, exercícios com base de dados. Os alunos se reúnem em grupos e apresentam para uma banca com pessoas do mercado, diretores de lawtechs, um pitch da startup que idealizaram”, conta Hartman.
Alguns exemplos de aplicação real na rotina da atividade jurídica foram apresentados durante o evento. Ivar mostrou um script feito por uma aluna que gera petições de habeas corpus. O professor defendeu que é preciso estimular uma mudança de mentalidade enquanto os profissionais ainda estão em formação, nas faculdades de Direito.
“Depois de querer fazer uma disciplina de programação quando era jovem e quase ter um ouvido um não da instituição na época, depois de ver tantos alunos que vão se formar em direito aprendendo a programar, está muito claro que precisamos mudar o ensino jurídico. Isso começa na programação. Não adianta esperar pelo futuro do ensino jurídico, nós temos que fazê-lo”, finaliza.