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quinta-feira, 1 de março de 2012

Exposição Invenções do Feminino


“A alquimia da lembrança constitui a trama do meu trabalho”, afirma Irina Ionesco, fotógrafa francesa de origem romena. Lembranças e memórias da mãe ausente, da filha-modelo-espelho e da falta de afeto – que Irina captura nas lentes de sua Nikon analógica e transforma em fragmentos de uma realidade feminina, onírica, teatral, burlesca e imaginária. A partir de 1º de março, 18 fotos em preto-e-branco de Irina Ionesco serão expostas na exposição Invenções do Feminino, na Casa do Saber, com curadoria de Betch Cleinman. Fotos de mulheres – incluindo três de sua filha Eva, a quem fotografou dos 4 aos 12 anos, que causaram (e ainda causam) polêmica e vertigem em quem vê; algumas da série Litanie pour une amante fúnebre, de 1970, e Ícone byzantine, de 1978, entre outras. São mulheres “inventadas” pela artista, teatralizadas, transpostas para um universo que remete ao conceito da feminilidade – que será tema da aula aberta da psicanalista Márcia Neder, Os perigos do feminino, que acontece no dia da abertura da mostra. E uma novidade: pela primeira vez, as fotos de Irina Ionesco estarão à venda no Brasil.
Além da palestra de Márcia Neder e de uma introdução da curadora Betch Cleinman, será apresentado o documentário Mar negro, com direção de Matheus Ramalho, sobre uma sessão de fotos realizada quando da passagem da fotógrafa pelo Brasil, em 2010.
Observar as mulheres fotografadas por Irina é uma experiência inquietante e vai muito além do meramente sensual: o olhar (da modelo e da fotógrafa que vê a modelo), o jogo de luz e sombra, a perspectiva herdada do estudo de desenho, os inúmeros adereços – véus, plumas, sedas, rendas, rosas, tecidos, espelhos, jóias, leques… – fazem com que o espectador seja irremediavelmente jogado em um mundo de fantasia muitas vezes sensual, muitas vezes inquietante. “As mulheres fotografadas por Irina são, ao mesmo tempo, disponíveis e impenetráveis. Elas podem ser voluptuosas, sensuais, mas não são objetos de consumo. Só podem ser contempladas, jamais devoradas”, diz a curadora – e amiga da fotógrafa há mais de duas décadas – Betch Cleinman, na apresentação da mostra. “A obra de Irina Ionesco arremessa o espectador para a dimensão da cumplicidade, entorpece distanciamentos críticos”, completa.
Irina Ionesco- Invenções do feminino

1º de março, quinta-feira, a partir das 20h

Aula aberta com a psicanalista Márcia Neder, apresentação da curadora Betch Cleinman e exibição do documentário de 7 minutos Mar negro, de Matheus Carvalho.

Entrada franca.

Casa do Saber – Av. Epitácio Pessoa, 1.164 – Lagoa – Tel.: (21) 2227-2237
Inscrições e informações: www.casadosaber.com.br
A artista
Irina Ionesco nasceu em Paris, em 1935, de família de origem romena. Aos quatro anos é separada da mãe e, adolescente, passa a trabalhar como dançarina, acrobata, contorcionista, alvo vivo de lançador de facas e encantadora de cobras em um circo. Após sofrer um grave acidente – que a fez abandonar a carreira –, dedica-se a pintura e, em 1964, ganha de um amigo uma máquina fotográfica Nikon. Sua primeira individual acontece em 1970 e em 1974 publica seu primeiro livro de fotografias.
Reconhecida fotógrafa na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, tem seu trabalho no acervo de coleções de museus como o Musée Nacional d’Art Moderne do Centre Georges Pompidou (Paris), Moderna Museet (Estocolmo), Musée Symboliste de Belgique (Bruxelas) e Musée de l’Elysée (Lausanne), entre outros. Realiza individuais desde 1970.
A exposição
São 18 fotos em P&B (40 x 50), um fragmento de algumas de suas séries de mulheres de 1976 a 2006, incluindo três fotos da filha Eva Ionesco. Fotografadas em câmera analógica, sem nenhuma interferência de tecnologia digital, as revelações foram feitas por Jean-Christophe Domenech no laboratório parisiense La Chambre Noire, com ampliações silver print (gelatina de prata) em papel Ilford Warm Tone.
O documentário Mar negro
Em maio de 2010, Irina Ionesco esteve no Brasil para fotografar um editorial de moda. Os bastidores deste ensaio foram transformados no documentário Mar negro, com direção de Matheus Ramalho, e que mostra, em sete minutos, Irina em ação com as modelos e inclui uma entrevista em que ela fala do seu fotografar.
A aula aberta
OS PERIGOS DO FEMININO
Com Marcia Neder
A palestra aborda o conceito psicanalítico de feminilidade através das personagens hiper-femininas – ou, redundância, hipersexualizadas, sedutoras, fatais – de Irina Ionesco. Essas personagens prolongam a antiga tradição vinda dos tempos bíblicos e da antiguidade clássica, uma tradição que, no Ocidente, assimilou a feminilidade à sexualidade. As fotografias de Irina dão a Eva o que é de Eva, reafirmando a diferença entre os gêneros que o século XX diminuiu cada vez mais, e provocando um efeito tranquilizador em homens e mulheres perdidos, confusos sobre sua identidade e função social.
Marcia Neder. Psicanalista, pós-doutora e doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Educação(Nuppe) da USP, palestrante convidada da PUC-Rio e professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). É autora dos livros Psicanálise e educação, Laços refeitos e A arte de formar: o feminino, o infantil e o epistemológico.