Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias: retrato pioneiro
Parisiense nascido em 1933, Jean Solari - pronuncia-se Solarrí - veio para o Brasil com a família em 1950. Na viagem de navio até o Rio, distraiu-se fotografando com uma câmera Agfa Isolette, que ganhara de seu pai. Descoberta a vocação, o jovem francês, oito anos após desembarcar no Píer Mauá, foi trabalhar na revista O Cruzeiro. Reconhecido pela qualidade das coberturas no país e no exterior, passou a ser cobiçado por outros órgãos da imprensa. Em 1966, contratado pela Editora Abril (que publica VEJA RIO), deu expediente nas redações de QUATRO RODAS e, até 1973, REALIDADE, na qual se consagrou com elaborados ensaios para ilustrar as reportagens. Essa trajetória vitoriosa é lembrada na retrospectiva que a Caixa Cultural abriu.
Um dos trabalhos do fotógrafo, hoje com 78 anos, foi para a primeira grande matéria sobre o grupo de rock Os Mutantes, publicada, em junho de 1969, nas páginas de REALIDADE. Três décadas mais tarde, o retrato de Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias flutuando sorridentes foi parar na capa do CD Everything Is Possible: The Best of Mutantes, coletânea lançada nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, de David Byrne. A foto está entre as quarenta obras selecionadas. No acervo encontram-se curiosidades como a coroação do cantor Cauby Peixoto por fãs — eleito o “rei da simpatia” e o “rei
do samba-canção” — e a solenidade de posse do presidente Jânio Quadros. “Solari é um dos últimos ícones vivos da época de ouro do fotojornalismo brasileiro, entre os anos 1950 e 1970”, diz o antropólogo Milton Guran, curador da mostra.
Jean Solari. Caixa Cultural — Galeria 2. Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 2544-4080, ↕ Carioca. → Terça a sábado, 10h às 22h; domingo, 10h às 21h. Grátis. www.caixacultural.com.br.