Dentro da estratégia da Prefeitura do Rio de Janeiro de preservação das culturas africana e afro-brasileira, o Centro Cultural José Bonifácio – CCJB - foi incluído no Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana. Ao todo, são seis os pontos do circuito transformados em áreas de visitação: Cais do Valongo e da Imperatriz, Jardim Suspenso do Valongo, Pedra do Sal, Largo do Depósito e Cemitério dos Pretos Novos e o Centro Cultural José Bonifácio (CCJB). Ao longo do mês de janeiro o CCJB recebe a ocupação “África Diversa”, coordenado pela produtora cultural Daniele Ramalho, que contempla oficinas, palestras, apresentações artísticas e exposição.
A programação, que inicia a partir do dia 07 de janeiro, é focada em ações educativas, ministradas por artistas, pesquisadores e educadores. Além do público espontâneo que já circula no local, a programação tem grande foco no agendamento de grupos - associações, escolas, instituições, entre outros. “O público que visita o Centro, mostra-se muito interessado em atividades que tragam novas pesquisas e reflexões sobre temas contemporâneos ligados a herança africana e cultura afro-brasileira, por isso organizamos uma programação voltada para o educativo”, explica a curadora. Entre os especialistas convidados estão o historiador Carlos Eugênio Soares e a Elisa Larkin, que foi esposa do Abdias do Nascimento (1914 – 2011), criador do dia 20 de Novembro como o dia oficial da consciência negra. Todas as atividades oferecem certificado de participação.
Para a Festa de Encerramento, que acontece dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, o Bloco Afro Filhos de Gandhi realiza uma apresentação especial junto com uma serie de atividades para toda a família. “Esperamos ampliar as ações do projeto em espaços públicos e expandir o diálogo com o continente africano, estabelecendo um forte intercâmbio cultural entre artistas de lá e cá, reparando uma dívida histórica com as culturas que formaram a cidade do Rio e o Brasil”, conclui Daniele Ramalho.
Serviço
Centro Cultural José Bonifácio (CCJB)
Ocupação África Diversa - Dia: 07 a 20 de Janeiro
Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80, Gamboa
Informações: (21) 2233-7754
Grátis / censura livre
Agendamento para grupos através do e-mail: educativo@africadiversa.com.br
Programação Dia a Dia
Dia: 7 a 20 de janeiro
Horário: 10h às 18h
Atividade: Mostra SEPPIR 10 – Uma Década De Igualdade Racial
Dia: 7 a 20 de janeiro
Horário: 14 às 18h
Atividade: Exibição dos programas educativos do Canal Futura: “Um Pé de quê”, “A Cor da Cultura” e “Espelho”.
Dia: 07 de janeiro
Horário: 10h às 15h
Atividade: Contação de Histórias “Andaju no país das mulheres e outras histórias”. Com a atriz e narradora de histórias Tatiana Henrique.
Dia: 09 de janeiro
Horário: 10h às 15h
Atividade: Contação de Histórias “Andaju no país das mulheres e outras histórias”. Com a atriz e narradora de histórias Tatiana Henrique.
Dia: 10 de janeiro
Horário: 10h às 17h
Atividade: Oficina de dança Primevo Gesto ministrada pelo músico e pesquisador Fábio Simões e pela bailarina Aline Valentim.
Dia: 11 de janeiro
Horário: 10h às 12h e 14 às 16h
Atividade: Oficina de Reflexão com suporte de filmes, palestras e debates.
Tema: “A Linha do Tempo Africana” ministrada por Elisa Larkin.
Dia: 14 de janeiro
Horário: 10h às 17h
Atividade: Oficina de dança Primevo Gesto ministrada pelo músico e pesquisador Fábio Simões e pela bailarina Aline Valentim.
Dia: 16 de janeiro
Horário: 10 às 17h
Atividade: Oficina de dança Primevo Gesto ministrada pelo músico e pesquisador Fábio Simões e pela bailarina Aline Valentim.
Dia: 17 de janeiro
Horário: 10 às 17h
Atividade: Oficina de dança Primevo Gesto ministrada pelo músico e pesquisador Fábio Simões e pela bailarina Aline Valentim.
Dia: 18 de janeiro
Horário: 14 às 17h
Atividade: Oficina de Reflexão com suporte de filmes, palestras e debates.
Tema: Transformações da geografia histórica do Porto do Rio de Janeiro/Séc XIX e XX ministrada pelo historiador Carlos Eugênio Soares.
Dia: 19 de janeiro
Horário: 14 às 17h
Atividade: Oficina de Reflexão com suporte de filmes, palestras e debates.
Tema: O Sistema Negreiro do Valongo e o Tráfico Internacional de Escravos ministrada pelo historiador Carlos Eugênio Soares.
Dia: 20 de janeiro – PROGRAMAÇÃO ESPECIAL
-Horário: 10h às 15h
Atividades: Contação de Histórias “Andaju no país das mulheres e outras histórias” com a atriz e narradora de histórias Tatiana Henrique.
-Horário: 14h às 17h
Atividade: Oficina de Reflexão com suporte de filmes, palestras e debates.
Tema: Capoeira escrava no Rio de Janeiro do Séc XIX ministrada pelo historiador Carlos Eugênio Soares.
-Horário: 18h
Atividade: Encerramento com apresentação do Afoxé Filhos de Gandhi.
Detalhamento da programação:
Contação de Histórias
Repertório feito pela atriz e educadora Tatiana Henrique
-“Andjau no país das mulheres” - Andjau é um lavrador que encontra na sua plantação uma tartaruga que o leva a um lugar dos sonhos: o país das mulheres! O que era sonho vira pesadelos quando ele faz a única coisa que não poderia fazer.
-“Iansã” - Um mito que fala da independência feminina e de seu poder de escolha seja na família, seja no amor.
-“Mãe d’água”- Os espíritos das águas aparecem em todos os cantos e meios do mundo, encantando a todos que ouvem as suas histórias e aos personagens que as viram de verdade. Nessa história é assim que tudo começa.
-“Iroko – a árvore Tempo” - Um presente dos orixás aos seres humanos, Iroko é uma árvore capaz de ajudá-los nos momentos mais difíceis. Porém, quando as promessas não são cumpridas, surge uma outra história.
-“Exu e o chapéu de duas abas” - Mito que nos mostra algumas qualidades de Exu, nos lembrando de que tudo na vida tem sempre dois lados.
Tatiana Henrique é atriz e educadora, mestra em Memória Social – UNIRIO, atua com contação de histórias há 12 anos, tendo desenvolvido sua pesquisa cênica na linguagem corporal. Os mitos de todas as culturas são a sua paixão.
Oficina de história “Linha do Tempo”
A professora Elisa Larkin do Nascimento vai ministrar oficina sobre a “Linha do Tempo”, que consiste numa peça expositiva concebida e pesquisada pela escritora e pesquisadora, que ilustra como os africanos produziram cultura e conhecimento, em soberania e liberdade, estendendo sua influência em todo o mundo durante milênios antes de sua escravização nas Américas. Para este trabalho, Elisa criou ainda um Suplemento Didático ilustrado de 52 páginas.
Elisa Larkin Nascimento - É escritora, mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova York e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Co-fundadora e atual presidente do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), coordenou o curso de extensão universitária Sankofa no período de 1984 até 1995. Curadora da exposição “Abdias Nascimento 90 Anos – Memória Viva”, coordena a organização do acervo que se encontra sob a guarda do Ipeafro. Autora de O sortilégio da cor: raça e gênero no Brasil (Selo Negro, 2003), Pan-africanismo na América do Sul e organizadora da coleção Sankofa - Matrizes africanas da cultura brasileira (Selo Negro, 2008).
Oficinas de Reflexão “ Transformações da geografia histórica do Porto do Rio de Janeiro/Séc XIX e “ O Sistema Negreiro do Valongo e o Tráfico Internacional de Escravos”
As oficinas serão ministradas pelo historiador Carlos Eugênio Soares – Graduado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (1993) e doutorado em História Social do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de História da escravidão africana no Brasil, com ênfase em História urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: capoeira, escravidão, escravidão urbana, africanos nas cidades do Rio de Janeiro e Salvador no século XVIII.
Oficina de dança “Primevo Gesto”
Primevo Gesto é uma pesquisa da bailarina Aline Valentim e do músico Fábio Simões, que gerou um espetáculo e uma oficina. Na oficina que irão realizar no CCJB, a cada dia será abordado um dos três módulos que integram estas pesquisas do Primevo gesto, sendo eles:
- Modulo 1 : Dança Afro – Elemento Terra - Peneiras
Será abordada toda movimentação e conteúdo relacionado ao elemento Terra. Trabalhar as bases, os pés, pisar o chão. Utilização das peneiras como fomentador de dinâmicas (trabalho em subgrupos) e também nos movimentos de dança propriamente ditos, como cafezal e coco de roda.
- Modulo 2 : Dança Afro e Música – Elemento Água
Movimentos corporais ligados a água, incluindo as danças de alguns Orixás como Oxum e Iemanjá. Haverá também uma vivência com instrumentos africanos ainda pouco conhecidos, como a M`bira. O convidado Fabio Simões Soares, pesquisador e um dos músicos de Primevo Gesto, apresentará seu trabalho com instrumentos e cantigas Bantu e toda dança se desdobrará a partir deste diálogo.
- Modulo 3 : Mitologia, dança de terreiro e criação em dança. Será abordada a mitologia de Nanã Buruku, que inspira o espetáculo. A proposta é realizar um grande mergulho que incluirá palavra, corpo e gesto, transitando entre sagrado e profano, a arte e a religião. Uma pessoa do mundo do candomblé fará uma vivência a partir de seus conhecimentos “tradicionais”; num outro momento haverá dinâmicas de criação a partir deste conteúdo com exercícios, jogos e improvisos inspirados nas histórias de Nanã Buruku.
Exibição Programas Educativos do Canal Futura
- “Um pé de quê?” da Pindorama, do Estevão Ciavatta e Regina Casé sobre árvores da cultura afro-brasileira e africana.
- “Espelhos” de Lázaro Ramos, onde o ator entrevista Abdias do Nascimento, Carlos Moore, entre outros.
-“A Cor da Cultura” - séries dirigidas por Luiz Pilar para o projeto como “Mojubá” e “Heróis de todo mundo”.
Afoxé Filhos de Gandhi
Fundado em 12 de agosto de 1951 por estivadores e outros trabalhadores ligados à religião afro-brasileira, alguns vindos de Salvador (BA), é o Afoxé Filhos de Gandhi uma entidade pioneira do “Movimento Afro-brasileiro” no Rio de Janeiro. Desde logo nos diferenciamos das outras entidades pelo toque de nossos atabaques no ritmo Ijexá e pelos cânticos em yorubá, dialeto africano. Apesar de sua essência religiosa, o Afoxé Filho de Gandhi não faz distinção entre seus componentes, recebendo pessoas de todas as raças, etnias ou religiões. Sua filosofia é voltada para paz e união entre os povos, assim, seguindo a que foi implantada pelo patrono da entidade Mahatma Gandhi.
Exposição Mostra Seppir 10 – Uma Década de Igualdade Racial
A Mostra SEPPIR 10 – Uma década de igualdade racial traça um panorama das políticas de igualdade racial implantadas na última década em todo o Brasil, abordando temas como saúde, trabalho, educação e comunidades tradicionais.
A Mostra permite um passeio pelas ações desenvolvidas nos últimos dez anos pela SEPPIR, parceiros governamentais e entidades da sociedade civil, em torno das políticas de promoção da igualdade racial e questões a elas relacionadas. A abordagem do tema é feita por meio da compilação de cartazes, banners, publicações, fotografias, entre outros materiais gráficos.
O resultado é um panorama das políticas de igualdade racial implantadas na última década em todo o Brasil, abordando temas como saúde, trabalho, educação e comunidades tradicionais.
O público também tem acesso a painéis que trazem o histórico das três conferências de Igualdade Racial realizadas pelo Governo Federal (2005, 2009 e 2013), além de conhecer e poder interagir, por meio de totens eletrônicos, com o Sistema de Monitoramento das Políticas de Igualdade Racial.