O ANARQUISMO foi a proposta revolucionária internacional mais importante do mundo durante a segunda metade do século XIX e início do século XX, quando foi substituído pelo marxismo (comunismo). Em suma, o anarquismo prega o fim do Estado e de toda e qualquer forma de governo, que seriam as causas da existência dos males sociais, que devem ser substituídos por uma sociedade em que os homens são livres, sem leis, polícia, tribunais ou forças armadas. A sociedade anarquista seria organizada de acordo com a necessidade das comunidades, cujas relações seriam voltadas ao auto-abastecimento sem fins lucrativos e à base de trocas.
A doutrina, que teve em Bakunin seu grande expoente teórico, organizou-se primeiramente na Rússia, expandindo-se depois para o resto da Europa e também para os Estados Unidos. O auge de sua propagação deu-se no final do século XIX, quando agregou-se ao movimento sindical, dando origem ao anarco-sindicalismo, que pregava que os sindicatos eram os verdadeiros agentes das transformações sociais. Com o surgimento do marxismo, entretanto, uma proposta revolucionária mais adequada ao quadro social vigente no século XX, o anarquismo entrou em decadência. Sem, contudo, deixar de ter tido sua importância histórica, como no episódio em que os anarquistas italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram executados por assassinato em 1921, nos EUA, mesmo com as inúmeras evidências e testemunhos que provavam sua inocência.
As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.
A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:
1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.
2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políticas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).
3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.
4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.
5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária dos seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.
6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um meio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.
A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao longo dos seus duzentos anos de existência.
O Anaquismo segundo um adepto:
Quando você ouve falar dos anarquistas, você logo é conduzido a acreditar que nós somos bombardeiros furiosos. Qualquer grupo que solta uma bomba é imediatamente chamado 'anarquista', não importando se eles são nacionalistas, socialistas ou fascistas. O mito criado é que nós acreditamos na violência por causa disso. O outro mito é aquele em que o anarquismo é caos, e é usado por políticos, governos e na mídia que diz: se não houver nenhum governo, haverá caos.
Mas sempre que você procura saber sobre a sociedade de hoje logo vem à conclusão que talvez nós já estejamos vivendo um caos. Milhares de pessoas estão morrendo de fome ao redor do mundo, contudo, milhões de dólares são diariamente gastos em usinas nucleares que têm o potencial de destruir nós e todo o mundo afora.
Você poderia perguntar por que isto é assim? Nós dizemos que há uma grande razão - LUCRO! No momento nós vivemos numa sociedade na qual há duas classes principais - os ricos e os trabalhadores. Os ricos possuem as fábricas, bancos, fazem compras, etc. Os Trabalhadores não.Tudo que eles têm é o suor que usam para ganhar sua vida. São compelidos aos trabalhadores a vender o seu suor aos ricos por um salário. O patrão está interessado em usurpar com muito trabalho do trabalhador para que com pouco empreendimento seja possível poder manter altos lucros. Assim, quanto mais trabalham, menos ganham e mais os patrões enriquecem. Os interesses deles estão em total oposição um ao outro.
A produção não está baseado nas necessidades das pessoas. Produção é para lucro. Então, embora haja muita comida no mundo para alimentar todos, as pessoas passam fome porque os lucros vêm primeiro. Este é capitalismo!