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domingo, 8 de abril de 2012

Artigos: Maslow: A Auto-Realização


Na visão de Maslow, cada indivíduo é dotado de propensão inata à auto-realização (Maslow, 1970). Esse estado, o mais elevado das necessidades humanas, envolve o uso ativo de todas as qualidades e habilidades, além do desenvolvimento e da aplicação plena do potencial individual. Para o indivíduo sentir-se auto-realizado, primeiro é necessário satisfazer às necessidades mais inferiores na hierarquia inata e cada uma deve ser satisfeita antes que a próxima nos motive.
As necessidades propostas por Maslow, na ordem de prioridade de satisfação, são as fisiológicas, de segurança, de pertinência e de amor, de estima e de auto-realização.
Na sua pesquisa, Maslow procurou identificar as características das pessoas com a necessidade de auto-realização satisfeita e, assim, consideradas psicologicamente saudáveis. De acordo com a sua definição, essas pessoas não apresentam neuroses. Geralmente estão na meia idade ou em faixa etária superior e representam cerca de 1% da população. Dentre as personalidades com características de auto realização estudadas por Maslow mediante a análise das biografias e de outros registros escritos, estão o físico Albert Einstein, a escritora e ativista social Eleanor Roosevelt e o cientista afro-americano George Washington Carver.
Os indivíduos dotados da característica de auto-realização apresentam em comum as seguintes tendências:
1. Percepção objetiva de realidade;
2. Plena aceitação da própria natureza;
3. Compromisso e dedicação a algum tipo de trabalho;
4. Simplicidade e naturalidade do comportamento;
5. Necessidade de autonomia, privacidade e independência;
6. Experiência de "pico" ou místicas intensas;
7. Atitude de criatividade;
8. Alto grau do que Adler chamava de interesse social.



Maslow acreditava que os pré-requisitos para a auto-realização eram amor suficiente na infância e a satisfação das necessidades fisiológicas e de segurança nos primeiros dois anos de vida. Se a criança for segura e confiante nesse período (não era o caso de Maslow), assim o será na vida adulta. Sem o amor, a estabilidade e o respeito por parte dos pais, será difícil o indivíduo na vida adulta atingir a auto-realização.

BIOGRAFIA

“O que chamamos de ‘normal’ em psicologia é na verdade a psicopatologia da média, tão pouco dramática e tão extensivamente comum que nós geralmente nem a percebemos.” — A. H. Maslow, Introdução à Psicologia do Ser
“Não acredito que a ciência mecanicista (que na psicologia corresponde ao behaviorismo) esteja incorreta, mas apenas que seja estreita e limitada demais para que sirva como uma filosofia geral ou abrangente.” — A. H. Maslow, Psychology of Science: A Reconnaissance
“Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você será infeliz todos os dias de sua vida.” — A. H. Maslow
Maslow foi um pensador supreendentemente original, pois a maioria dos psicólogos antes dele estavam mais preocupados com a doença e com a anormalidade. Maslow queria saber o que constituía a saúde mental positiva. A psicologia humanista, corrente impulsionada por ele, deu origem a diversas diferentes formas de psicoterapia, todas guiadas pela idéia de que as pessoas possuem todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura e o objetivo da terapia é remover os obstáculos para que o indivíduo consiga isso. A mais famosa dessas técnicas foi a terapia centrada na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers. Maslow foi também um dos grandes impulsionadores do movimento transpessoal em psicologia.
Abraham Maslow nasceu no dia 1 de abril de 1908, no Brooklyn, NY. Foi o primeiro dos 7 filhos de seus pais, que eram judeus com pouca educação, imigrantes da Rússia. Seus pais, querendo o melhor para seus filhos, foram extremamente exigentes com Maslow em relação ao sucesso acadêmico. Sua infância parece ter sido muito infeliz, de acordo com seus próprios relatos:
Fui um garoto tremendamente infeliz… Minha família era miserável e minha mãe era uma criatura horrível… Cresci dentro de bibliotecas e sem amigos… Com a infância que tive, é de se surpreender que eu não tenha me tornado um psicótico. (Maslow apud Hoffman, 1999, p. 1)
Para satisfazer seus pais, ele primeiro estudou Direito no City College of New York (CCNY). Após 3 semestres, ele se transferiu para o Cornell, e depois retornou ao CCNY. Casou-se com Bertha Goodman em 1928, sua prima em primeiro grau, contra a vontade de seus pais. Abraham e Bertha tiveram duas filhas.
O casal mudou-se para Wisconsin para que ele pudesse cursar a Universidade de Wisconsin. Lá, ele se interessou pela psicologia, e seu desempenho escolar melhorou dramaticamente. Passava o tempo lá trabalhando com Harry Harlow, famoso por seus experimentos com bebês-macacos e comportamento de apego.
Maslow terminou sua graduação em 1930, seu mestrado em 1931 e seu doutorado em 1934, todos em psicologia, todos na Universidade de Wisconsin. Um ano após a graduação, ele retornou a NY para trabalhar com E. L. Thorndike na Universidade de Columbia, onde Maslow passou a interessar-se pelo estudo da sexualidade humana.
Começou a lecionar em tempo integral no Brooklyn College. Durante esse período de sua vida, entrou em contato com muitos intelectuais europeus que estavam migrando para os Estados Unidos, e para o Brooklyn em particular – pessoas como Adler, Fromm, Horney, bem como vários psicólogos freudianos e da Gestalt.
Maslow coordenou o curso de psicologia em Brandeis de 1951 a 1969. Lá conheceu Kurt Goldstein, que concebeu originalmente a idéia de auto-realização em seu famoso livro “O Organismo” (1934). Foi lá também que Maslow iniciou sua cruzada pela psicologia humanista – algo que se tornou muito mais importante para ele do que suas próprias teorias.
Maslow, junto com Anthony Sutich, foram os principais responsáveis pelo lançamento, nos Estados Unidos, da Revista de Psicologia Humanista em 1961, e pela fundação da Association for Humanistic Psychology, em 1962.
Já no fim de sua vida, Maslow incentiva Anthony Sutich a criar a Revista de Psicologia Transpessoal, em 1969. Maslow também incentivou, mas não chegou a ver a fundação da Associação de Psicologia Transpessoal (Association for Transpersonal Psychology), que só ocorreria em 1972.
Ele passou os anos finais de sua vida em semi-reclusão na Califórnia até 8 de junho de 1970, quando morreu de ataque cardíaco após anos de problemas de saúde.
Para saber mais sobre a teoria de Abraham Maslow, leia:

Principais influenciadores

Alfred Adler (1970-1937), médico e psicólogo austríaco
Erich Fromm (1900-1980), psicanalista alemão
Harry Harlow (1905-1981), psicólogo americano
Kurt Goldstein (1878-1965), psiquiatra alemão
Max Wertheimer (1880-1943), psicólogo tcheco
Ruth Benedict (1887-1948), antropóloga americana