Após ler uma citação de Darwin, baseado em Gratiolet (De la physionomie, 1865, p.346), a qual diz que “...as pupilas sempre se contraem na fúria, e segundo o dr. Crichton Browne, é isso que acontece no agitado delirium dos pacientes com meningite [capitulo tratando sobre o ódio e raiva]; mas esse problema dos movimentos da íris conforme influência das diferentes emoções é dos mais obscuros.”
A última parte da citação particularmente me intrigou: a relação obscura entre o olhar e a emoção. O autor (Darwin) citou a íris, mas eu irei “aprofundar” mais um pouco.
Primeiramente discorrendo de conceitos mais básicos:
1. Íris: é a parte mais visível, e colorida, do olho;
2. Pupila: orifício no centro do olho, cuja função é controla a entrada de luz no olho.
No processo de controle da entrada da luz no olho, pela pupila, ocorrem dois movimentos:
1. Miose: Diminuição do diâmetro da pupila;
2. Midríase: Aumento do diâmetro da pupila.
Estes dois movimentos possuem alguma ligação com o estado emocional, destes podemos citar o medo e a raiva.
Gratiolet (De la physionomie, pp. 51, 256, 346) sempre insiste em dizer que as pupilas dilatam-se muito toda vez que sentimos medo. Até onde posso compreender, ao sentirmos medo, precisamos ampliar no campo de visão, e por esta razão as pupilas dilatariam (excluindo-se razões como uso de drogas, lesões cerebrais ou alguma reação como síndrome do pânico).
Medo, surpresa e excitação causam um aumento da pupila por ação do sistema simpático, exibição de imagens agradáveis aumenta a pupila, enquanto que, imagens desagradáveis a fazem diminuir [2].
O mesmo Gratiolet, conforme citação no inicio, também diz que “... as pupilas sempre se contraem na fúria...”, ou seja, em estado de raiva tendemos a contrair a pupila. Interessante notar, que com o movimento de raiva, por mais contido que seja, tendemos a fechar mais os olhos (principalmente com tensão na pálpebra inferior e o movimento contração do músculo corrugador).
Assim, podemos perceber que quando desejamos ver algo (por medo, e conseqüente pensamento de fuga), tendemos a “abrir” nossos canais da visão – pálpebra e pupila. Na situação inversa, de raiva, tendemos a querer negar o fato, ou ainda, nos concentrarmos para “atingir o alvo” gerador da raiva.
Essa percepção simples nos permite fazer alguma análise em pacientes que possuem dificuldades ou até impedimentos da fala e dos movimentos motores de braços, pernas e até a cabeça.
Acredito que se estes pacientes experimentarem emoções de raiva, mesmo sem poder verbalizar ou fazer algum tipo de sinal confirmando sua emoção, a mesma se manifestará através da contração da pupila, ou ainda, dependendo do estado do paciente, por pequenas contrações da pálpebra inferior.
Acredito que se estes pacientes experimentarem emoções de raiva, mesmo sem poder verbalizar ou fazer algum tipo de sinal confirmando sua emoção, a mesma se manifestará através da contração da pupila, ou ainda, dependendo do estado do paciente, por pequenas contrações da pálpebra inferior.
Em estado de medo, o evento deve ser semelhante, só que desta vez provavelmente observaremos a dilatação da pupila.
Na área de saúde, acredito que este tipo de percepção seja de grande valia, pois possibilitará aumentar a interação do paciente com o meio, e conseqüentemente oferecer um pouco mais de conforto junto ao tratamento psicológico.