Há exatos 10 anos Renan Cepeda inaugurava uma individual na galeria Anita Schwartz, onde expôs pela primeira vez suas paisagens cariocas feitas em filme infravermelho. A mostra foi sucesso de público, crítica e vendas e tornou-se um marco para a fotografia brasileira, pois até então nunca um fotógrafo proveniente do fotojornalismo havia entrado no mercado de arte tradicional. A exposição encorajou outros profissionais a mostrarem seus trabalhos para o mercado consolidando o espaço da fotografia no cenário das artes visuais no Brasil. Cepeda seguiu fotografando, expondo e ganhando prêmios no Brasil e no exterior.
Na exposição “DAQUI SE VÊ”, que inaugura dia 12 de abril (quinta-feira), na Tramas Galeria de Arte, Renan Cepeda apresenta 16 fotografias inéditas, em diversos formatos, resultado de seu trabalho realizado na última década. O artista traz novos pontos de vista da paisagem carioca, em imagens que parecem ter a intenção de deixar velada a época em que foram realizadas, conferindo uma atmosfera de sonho e de atemporalidade, efeitos do filme infravermelho. “Vivemos em uma cidade feia encravada num lugar naturalmente maravilhoso, que nunca vai se deixar dominar”, acredita Renan Cepeda. “É a beleza vencendo o caos, um fenômeno que pretendo provar ser possível”, conclui.
A fotografia em filme infravermelho
Capturar estas imagens é um processo complicado: o fotógrafo carrega e descarrega a câmera em escuridão total, pois a radiação infravermelha (IV) contida na luz visível, por menor que esta seja, pode velar o filme. Nem a bubina pode receber luz. Além disso, como o cumprimento de onda da radiação infravermelha é mais longo que a da luz visível, a imagem tende a se projetar atrás do plano do filme, necessitando um ajuste do anel de foco para posicioná-la corretamente em foco. Pencas de filmes são necessárias a cada passo no aprendizado sobre fotografia IV. Já que não há como medir a quantidade de radiação presente no ar no momento da foto e os fotômetros só medem a intensidade da luz visível, grande número de exposições devem ser feitas a cada cena. A intensidade de IV na atmosfera pode variar pela hora do dia, dia do ano, latidude no hemisfério e, claro, cotação do dólar.
Tantas dificuldades e complexidades desafiam fotógrafos interessados em trabalhar com filme infravermelho. No Brasil, as dificuldades são maiores ainda. Mesmo depois de ter seu uso liberado aos civis, usar o artigo é luxo no país. O produto é importando e não é mais fabricado. Cepeda usa filmes vencidos que guarda no estoque de seu refrigerador.
World Photography Award 2012
Muito conhecido por seu trabalho desenvolvido com a técnica light painting – que investiga há mais de dez anos em cenas noturnas, usando lanternas, canetas laser e papel de bombom – Renan Cepeda foi o único brasileiro nominado finalista do World Photography Award 2012. O prêmio, considerado o “Oscar” da fotografia mundial, terá premiação em noite de gala, em Londres, no dia 26 de abril. O trabalho de Cepeda foi escolhido dentre 8 mil projetos provenientes de 171 países inscritos neste concurso que só aceita fotógrafos profissionais. A série premiada foi Knight Paintings, trabalho recente do fotógrafo realizado com castelos abandonados no interior da Espanha, utilizando a técnica light painting. O fotógrafo é finalista na categoria Still Life.
DAQUI SE VÊ
Abertura: 12 de abril – às 19h
Exposição: 13 de abril a 2 de maio
Segunda a sábado, das 11 às 18 horas
Local: Tramas Galeria de Arte, Shopping Cassino Atlântico (Av. Atlântica, 4.240, loja 219)
Tel: (21) 2287-2036
Classificação: Livre – Entrada franca