É uma foca? É uma lontra? Não, é a ariranha, um animal brincalhão e barulhento, comum no Pantanal brasileiro e também bastante confundido pelos moradores da região. Com objetivo de levar mais conhecimento sobre a espécie para a comunidade pantaneira, será aberta no sábado (21) a mostra “Exposição das Ariranhas”. A partir de imagens, sons e filmes, os visitantes poderão entender os diferentes comportamentos e características da espécie. A mostra será realizada na Estação Natureza Pantanal, em Corumbá (MS), e ficará aberta ao público até fevereiro de 2014.
O material da exposição faz parte de um projeto de pesquisa de comportamento das ariranhas, realizado no Pantanal pela pesquisadora Caroline Leuchtenberger, entre 2008 e 2011. Estudiosa das ariranhas (Pteronura brasiliensis) há sete anos, a doutora em Ecologia conta que o trabalho da mostra é resultado de um minucioso estudo para compreender as características bastante peculiares da espécie. “A exposição reunirá todo o projeto de monitoria, com intuito de apresentar cientificamente, porém de forma acessível, detalhes sobre a ariranha”, ressalta Caroline.
Entre as atividades programadas para o evento está uma exposição de fotos sobre a espécie e sessões de filmes, mostrando o comportamento das ariranhas no Pantanal brasileiro. A comunidade poderá interagir com a mostra por meio dos monitores espalhados pelo espaço e, dessa forma, conhecer as ariranhas com mais detalhes. “Em uma das atividades, será possível clicar num botão, próximo a um monitor de vídeo e ouvir um dos 15 sons emitidos pelo animal. Essa é uma forma da comunidade conhecer e identificar a espécie com mais facilidade”, explica a pesquisadora. No total, seis sons representativos de diferentes comportamentos da ariranha serão apresentados.
Desconhecimento dificulta ações de conservação
Apesar de a ariranha ser comum no Pantanal, vivendo próxima aos centros urbanos, a espécie é ainda bastante confundida com outros animais, como as lontras e até mesmo as cobras. “Muitos moradores desconhecem a ariranha por completo, enquanto outra parte da população tem medo do animal, por achar que se trata de uma espécie agressiva. Pescadores temem, por exemplo, que elas virem os barcos, para roubar peixes. Na verdade, elas são bastante sociáveis, mas ficam ariscas quando defendem seus filhotes”, explica o administrador da Estação Natureza, Gustavo Malheiros.
Nesse cenário, a visita à exposição deverá contribuir para que a população conheça melhor a espécie. Segundo Malheiros, essa a aproximação das pessoas com as ariranhas contribuirá com a conservação desse mamífero semi-aquático e que indicador natural da qualidade ambiental dos habitats onde é encontrado. “Como a espécie é comum nessa região, é fundamental que a comunidade conheça com mais detalhes e, dessa forma, possas adquirir mais respeito à espécie e à natureza, contribuindo com ações de conservação”, ressalta.
Sobre a espécie
A ariranha pertence à família dos mustelídeos, a mesma das lontras e dos furões. A espécie chama a atenção pelo tamanho: podem atingir quase dois metros de comprimento e pesar até 35 quilos. Vivendo nas beiras dos rios, em grupos de até nove indivíduos, elas são especializadas em pescar e comer peixes grandes. Sua alimentação também é formada por crustáceos, moluscos e até cobras e filhotes de jacaré. Por seus hábitos alimentares e por viver também em ambientes aquáticos, as ariranhas têm os dedos das quatro patas unidos por uma membrana, facilitando o nado e a pesca. Devido ao desmatamento, à caça predatória e, principalmente, à poluição, as ariranhas são consideradas vulneráveis à extinção. O animal consta na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, do Ibama.
A mostra “Exposição das Ariranhas” começa em 21 de dezembro e segue até fevereiro de 2014. O evento acontece na Estação Natureza Pantanal, exposição interativa e permanente sobre a natureza pantaneira Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O espaço fica em Corumbá (MS), a 400 quilômetros da capital Campo Grande. O evento é gratuito e não há necessidade de inscrição prévia para participar.
Horário: das 14h às 18h.
Local: Estação Natureza Pantanal, Ladeira José Bonifácio, 111 Porto Geral – Corumbá (MS);
Ingressos: custam R$ 3,00 a inteira; R$ 1,50 meia entrada para estudantes e R$ 1,00 para moradores de Corumbá. Crianças de até seis anos e idosos acima de 60 anos são isentos.
Mais informações: (67) 3231-9100
Sobre a Fundação Grupo Boticário – A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.377 projetos de 472 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.