Um novo relatório publicado por pesquisadores da Universidade de Notre Dame afirma que levará mais de um século para que os países em desenvolvimento atinjam o nível de preparação climática que as nações desenvolvidas já possuem.
O Índice de Adaptação Global da Universidade de Notre Dame (ND-GAIN), lançado nesta quinta-feira (12) avaliou 175 países e se foca em questões como a vulnerabilidade das nações às mudanças climáticas, ao aquecimento global e a eventos climáticos extremos, como secas severas, tempestades devastadoras e desastres naturais.
Alguns exemplos de países nessa trajetória de 100 anos incluem o Camboja, o Quênia e o Haiti. “Devido ao recente tufão nas Filipinas, algumas pessoas podem estar se perguntando onde essa nação insular fraqueja em termos de prontidão”, comentou Nitesh Chawla, diretor do Centro Interdisciplinar para Ciência de Rede e Aplicações.
“De acordo com os dados, as Filipinas estão mais de 40 anos atrás dos países mais desenvolvidos em preparação climática. Embora isso seja menor do que os países mais pobres, mostra que as Filipinas ainda tem um longo caminho pela frente”, continuou Chawla.
Já alguns dos países emergentes mais industrializados, como o Brasil, apresentaram uma classificação considerada média-alta, apresentando um nível relativamente satisfatório de resiliência. Nosso país ficou em 68º lugar no geral, sendo classificado em 56º em vulnerabilidade e em 79º em preparação.
“Sabíamos que havia disparidades entre os países mais ricos e mais pobres quando se tratava de adaptação e preparação às mudanças climáticas”, colocou Jessica Hellmann, bióloga da Universidade de Notre Dame.
“Mas não sabíamos que levaria mais de 100 anos para que os países mais pobres atingissem os níveis de preparação que os países mais ricos já alcançaram”, acrescentou ela.
Mas os especialistas que trabalharam no relatório declararam que, de acordo com as pesquisas, nem mesmo os países desenvolvidos são exatamente à prova de mudanças climáticas e do aquecimento global.
Pelo contrário, o documento sugere que, embora eles estejam exercendo esforços para aumentar sua resiliência aos fenômenos naturais e eventos climáticos extremos que acontecem em seus territórios, ainda há espaço para melhorias.
“Esses dados são preocupantes, porque eles evidenciam o quão despreparadas algumas das nações mais vulneráveis realmente estão. Mas eles também mostram que os países mais desenvolvidos não estão fazendo o suficiente, o que levanta sérias questões sobre políticas públicas, não importa quão bem desenvolvida uma economia nacional possa ser”, observou Hellmann.
Os pesquisadores esperam que as descobertas ajudem os líderes mundiais a estabeleceram prioridades globais, regionais e nacionais, assim como estimulem a preparação para as mudanças climáticas.