A Organização Mundial da Saúde (OMS) saudou o relatório divulgado na terça-feira (7/7) por um painel de especialistas encarregado de analisar a resposta da agência ao surto do ebola de 2014, que afirma que a Organização precisa restabelecer seu papel como guardiã da saúde pública mundial. A recomendação diz que para alcançar este objetivo a agência da ONU deve fazer mudanças significativas e contar com um forte apoio político e financeiro dos Estados-membros.
“O painel está convicto de que este é um momento decisivo, não só para a OMS e a resposta de emergência de saúde global, mas também para a gestão de todo o sistema de saúde global”, diz o relatório. “Os desafios que se colocam neste documento são fundamentais para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente a terceira meta: garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para toda a idade”.
Os especialistas concluíram que “a crise do ebola não só expôs as falhas organizacionais no funcionamento da OMS, mas também demonstrou limitações do Regulamento Sanitário Internacional (2005)”. Além disso, no papel de cooperação da OMS com os sistemas mais amplos de saúde e humanitários, o painel concluiu que durante a crise, o engajamento do sistema humanitário chegou muito tarde para frear o vírus, que afetou mais de 27 mil pessoas, e matou 11 mil pessoas.
Eles também observaram que tinha ficado claro que até setembro de 2014 era essencial que fossem tomadas medidas altamente visíveis para gerar apoio político e financeiro da comunidade global, mas “enquanto a Missão das Nações Unidas para a Resposta de Emergência do Ebola (UNMEER) catalisava este apoio financeiro de alto nível político, foi menos bem sucedida na coordenação dos esforços nos países afetados”.
O painel concluiu que outras entidades ONU, como o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e outras agências deveriam ter sido envolvidas em um estágio mais precoce. Além disso, recomendou que o secretário-geral considere – quando uma crise escale ao ponto de representar uma ameaça a saúde global – nomear um representante ou enviado especial com um papel político e estratégico para negociar e captar fundos, mas não uma missão das Nações Unidas, como ocorreu no combate ao ebola.