Vivemos tempos de turbulência. Ainda que seja cedo para um diagnóstico mais preciso, é possível dizer que o Brasil passa, hoje, por uma das maiores crises políticas desde a sua redemocratização. As mais variadas vozes tomam as ruas e redes sociais. A saúde, como de costume, é bandeira tanto dos que defendem como dos que atacam o atual governo . Para as entidades e grupos que lutam pelo amplo direito à uma saúde pública de qualidade para a população brasileira, na ordem do dia estão as discussões sobre o aumento de dispositivos legais para atuação do setor privado no Sistema Único de Saúde. Um exemplo mais patente foi a aprovação, em dezembro, no congresso, da Medida Provisória n.º 656, que altera a Lei Orgânica da Saúde, a LOS nº 8.080, de 1990, e autoriza a abertura ao capital estrangeiro na oferta de serviços de saúde. É diante desse cenário que a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde realiza, nos dias 27, 28 e 29 de março, seu V Seminário. O evento, que no primeiro dia será na Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e nos dois últimos, na UERJ, conta com a coordenação de pesquisadores da ENSP, professores de universidades brasileiras e estrangeiras e integrantes de movimentos sociais.
A mesa de abertura, na sexta-feira, dia 27, discutirá a crise atual do capitalismo na contemporaneidade e suas determinações sobre a saúde dos trabalhadores. Sob a coordenação do pesquisador da ENSP Ary Miranda , estarão presentes pesquisadores da Universidade Andina Simón Bolivar, do Equador, do Instituto de Filosofia de Cuba,do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, entre outros. A segunda mesa da tarde, que é coordenada pelo também pesquisador da ENSP Eduardo Stotz, discutirá as estratégias dos movimentos sociais para fazer frente ao processo de mercantilização da saúde.
No sábado, a mesa “Crise do Capital e Contrarreforma na Saúde” debaterá as políticas de saúde em meio à crise do capital e as estratégias adotadas pelas classes dominantes para manter em curso a contrarreforma na saúde. No mesmo dia, o papel dos movimentos sociais no combate a esse processo voltará à mesa de discussões. No domingo, Jaime Breilh, da Universidade Andina Simón Bolivar, do Equador, vai falar sobre a determinação social do processo saúde e doença e as resistências à mercantilização da vida. A partir das dez da manhã, os grupos de trabalho debaterão temas como controle social, a 15ª conferência de saúde, ambiente e luta no campo, saúde mental, gênero e sexualidade. Mais informações estão disponíveis na página do evento, no Facebook e no site da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde.