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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Matriz energética brasileira

Em meio a más notícias de diferentes fronts, uma excelente acaba de ser divulgada: a matriz energética brasileira está mais limpa. A confirmação veio a partir da divulgação do Balanço Energético Nacional (BEN), Edição 2016, pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. As renováveis representaram 41,2% da oferta interna de energia em 2015, frente a uma participação deste mesmo segmento de 39,4% em 2014.
De acordo com o Relatório, em 2015, houve alta de 77,1% na geração de energia eólica e consumo 18,6% maior de etanol, ao mesmo tempo em que o consumo de gasolina caiu 9,5%. O cenário nacional do ponto-de-vista macro influenciou neste quadro: a produção em queda, confirmada na retração do PIB nacional no ano passado de 3,8%, afetou também o consumo de petróleo e seus derivados. As fontes não renováveis, no entanto, continuam com a maior participação, de 58,8%. Estão neste grupo não só o petróleo e derivados (com 37,3%), mas também o gás natural (13,7%), o carvão mineral e outros.
No caso da eletricidade, destaque no Relatório para o avanço da participação de renováveis na matriz elétrica de 74,6% para 75,5%. Isto é explicado pela queda da geração térmica a base de derivados de petróleo e ao incremento da geração a base de biomassa e eólica, o que compensou a redução de 3,2% da energia hidráulica. A oferta interna de energia elétrica retraiu 8,4 TWh, queda de -1,3% em relação a 2014. A geração eólica atingiu 21,6 TWh – crescimento de 77,1% – ultrapassando assim a geração nuclear em 2015. A potência eólica atingiu 7.633 MW, expansão de 56,2%.
Entrevistamos um dos principais estudiosos no tema, o Professor Adriano Pires, sócio fundador e Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), sobre a análise destes dados divulgados pelo BEN/EPE. Na avaliação de Adriano Pires, “tudo indica que o crescimento das fontes renováveis deva continuar nos próximos anos, seguindo a tendência mundial. ”
Ele lembrou que, no Brasil, muitos dos incentivos as fontes renováveis ainda estão em vigor e novos estão sendo criados, nesse sentido. E destaca ainda que a geração de energia elétrica no país permanece com predominância da fonte hídrica, embora seja visível a redução da participação desta fonte nos últimos anos. Além disso, observou o Professor, há os incentivos ao aumento da participação eólica e busca da inserção da fonte solar. “Sendo assim, o perfil renovável da matriz elétrica poderá ser mantido, apesar da redução do crescimento da participação da fonte hídrica, em virtude da expansão de outras fontes renováveis, o que inclui a biomassa, pequenas centrais hidroelétricas, eólica e solar”, analisou.
O petróleo – ainda mais por conta do pré-sal – continuará, porém, a ter um papel muito importante na matriz energética brasileira, observa o sócio fundador do CBIE. “Isso porque o setor energético tem como uma de suas principais características a lentidão, dado que as projeções de mudança ou mesmo simples obras costumam ser grandes e caras. ” Segundo o entrevistado, pode-se dizer, portanto, que a tendência é que a importância dos combustíveis fósseis se reduza em um futuro distante. “Vale destacar que, dentre os combustíveis fósseis, o gás natural conquistará uma importância crescente, por ser o mais limpo entre os fósseis, sendo ideal para a transição a uma economia de baixo carbono. ”
Não há dúvida que a busca pelo caminho da economia de baixo carbono é irreversível. No Brasil e no mundo. Todos os esforços agora estão centrados na busca pela ratificação do Acordo de Paris para mudanças climáticas. Líderes mundiais se reunirão no dia 21 de setembro, em Nova York, para ratificar o acordo de Paris. O encontro, convocado pelo chefe da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, visa a acelerar o processo para restringir as emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, o tratado ainda precisa do aval do Senado. Esse é o último passo para que o acordo tenha validade em território nacional.
Uma recente matéria do The Wall Street Journal frisa que ninguém sabe ao certo quantificar o volume do estoque de reservas de petróleo. A maior parte dele se acumula nos Estados Unidos e outros países industrializados, que se comprometem a divulgar regularmente os volumes estocados. Mas milhões de barris também estão fluindo para locais fora do radar dos profissionais que monitoram o setor. Alguns países, como a Rússia e a China, preferem não divulgar seus níveis de estoque. E negociadores e empresas de petróleo também não têm obrigação de revelar o volume que guardam em navios petroleiros.
No cenário de energias renováveis, interessante notar as vantagens comparativas do Brasil frente a vários países. Temos ventos fortes e constantes em diversas regiões, como no Rio Grande do Norte, litoral do Ceará e no extremo Sul, regiões que visitamos recentemente. Não é só. Temos também a força do sol, a presença do etanol em toda a cadeira produtiva, as pesquisas cada vez mais intensas com a biomassa e ainda todo o poder ainda pouco explorado na sua totalidade desta alternativa.
Enfim, não temos do que nos envergonhar em matéria de energia e pesquisas. O que falta é intensificar esta escolha, segundo o especialista do CBIE. “Esse potencial não tem sido amplamente aproveitado, devido à falta no estabelecimento de políticas concretas para cada uma das fontes energéticas. Deve-se adequar o planejamento de longo prazo para cada segmento do setor energético, definindo o papel de cada fonte tanto na matriz energética como na elétrica”, destaca Adriano Pires.