O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 88,3 bilhões para projetos de investimento em 2016, um recuo nominal (sem descontar a inflação) de 35% em relação ao ano anterior, quando os desembolsos atingiram R$ 135,9 bilhões.
O recuo é o maior já visto na série histórica do desempenho da instituição, que inicia em 1995 e traz comparações anuais desde 1996. Antes disso, a queda mais intensa havia sido registrada em 2015, quando as liberações do banco de fomento cederam 28% em termos nominais (sem descontar a inflação).
Em volume, os R$ 88,3 bilhões desembolsados pelo BNDES no ano passado representam o menor montante desde 2007, quando a instituição liberou R$ 64,8 bilhões. Antes disso, a última vez que o banco de fomento registrou desembolsos abaixo de R$ 100 bilhões foi em 2008 (R$ 90,9 bilhões).
No ano passado, foram aprovados R$ 79,2 bilhões em financiamentos, e as consultas atingiram R$ 110,4 bilhões. No caso das aprovações, o tombo foi de 28%, enquanto no das consultas foi de 11%, informou o BNDES.
O banco liberou R$ 25,9 bilhões para projetos de infraestrutura em 2016, um tombo de 53% ante 2015, sem descontar a inflação. A queda foi maior do que a observada no total de desembolsos.
A indústria foi o destino de R$ 30,1 bilhões em desembolsos de janeiro a dezembro, diminuição de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Progeren, linha do BNDES para financiar capital de giro, desembolsou R$ 2,7 bilhões no ano passado, alta de 68% frente a 2015.
Ainda segundo o BNDES, o setor de comércio e serviço recebeu R$ 18,3 bilhões em aportes, recuo de 40% na comparação anual. Os desembolsos para agropecuária totalizaram R$ 13,9 bilhões, praticamente estáveis, com alta de 1% no período.
O superintendente da área de Planejamento e Pesquisa do banco, Fabio Giambiagi, descarta a retomada do patamar de R$ 100 bilhões já em 2017. “O retorno a um patamar de R$ 100 bilhões não está em perspectiva imediatamente. Não seria realista trabalharmos com isso para este ano”, disse Giambiagi.
Em dezembro passado os desembolsos do banco somaram R$ 11,8 bilhões, acima da média mensal de 2016. Para Giambiagi, ainda não há uma tendência firme de recuperação, principalmente após tantos meses de quedas significativas das liberações de recursos
“A tendência é que até o fim do ano isso avance, mas não dá para dizer que o aumento de dezembro per si signifique uma retomada”, disse em entrevista coletiva.
O departamento de pesquisa do banco trabalha com uma estimativa de crescimento do País em 2017 entre 0,5% e 1%. Para Giambiagi, a redução da taxa básica de juros, a Selic, pode ajudar a reduzir o endividamento de empresas e famílias, impulsionando a economia. A área tem um cenário base com a Selic caindo e terminando o ano em 9,5% a 9,75% ao ano.
Questionado se a queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) ajudaria também a aumentar a demanda de recursos junto à instituição de fomento, o executivo preferiu não comentar e disse que é uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN).
(Fonte: Agência Estado – 1/2)