Com os atores Álamo Facó e Cristina Flores, direção de Renato Linhares e dramaturgia de Pedro Kosovski e Álamo Facó, o espetáculo estreia no dia 6/12, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Uma imersão no universo de dois dos maiores ícones das artes visuais no Brasil é a proposta central de "Cosmocartas - Hélio e Lygia", que estreia dia 6 de dezembro, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica. Com os atores Álamo Facó e Cristina Flores, a peça tem direção de Renato Linhares e colaboração artística de Cesar Augusto. O espetáculo é inspirado no livro "Lygia Clark/Hélio Oiticica: Cartas 1964-1974" (Ed. UFRJ) e ganhou tratamento dramatúrgico assinado pelo próprio Álamo Facó e Pedro Kosovski. As apresentações acontecem dentro de uma instalação do coletivo de artes Opavivará!, de quinta a sábado, até o dia 8/02. A entrada é gratuita.
Tendo como ponto de partida a correspondência entre Lygia e Hélio, o espetáculo traz a troca de pensamentos e experiências entre um e outro, durante o período de dez anos em que ela morou em Paris e ele, no Rio de Janeiro, Londres e Nova York.
Ao longo de 40 cartas, transparecem as angústias, os desejos e o cotidiano de suas vidas e, sobretudo, um enorme desejo de transformação na arte e no Brasil.
A dramaturgia e a encenação desconstroem uma abordagem figurativa ao posicionar os intérpretes, Álamo e Cristina, como leitores ativos de Hélio Oiticica e Lygia Clark, respectivamente. Cria-se, então, um jogo de espelhos, uma zona fantasmática, um "caos especular" em que a dupla de leitores-artistas inaugura percepções, experiências e pensamentos em parceria imaginária com a consagrada dupla de artistas plásticos. E-mails trocados por Álamo e Cristina, durante o processo de criação, se misturam às cartas de Hélio e Lygia; a favela da Mangueira e a escadaria de Selarón tornam-se penetráveis-urbanos remontando à obra de Oiticica; proposições sensoriais vividas entre os intérpretes e o público atualizam a pesquisa de Clark sobre os limites entre arte e psicologia.
A abordagem histórica de Hélio e Lygia (entre 1964-74) politiza-se no presente histórico (2013-14) em que Álamo e Cris estão mobilizados por experiências poéticas de liberação e direito sobre o próprio corpo. Segundo os idealizadores, a criação desta peça é uma resistência ativa frente às forças de repressão que impedem a manifestação, a erotização e os desvios do corpo.
Ao fazer com que atores e público percorram três salas do Centro de Artes, em uma grande instalação criada pelo coletivo Opavivará!, há o objetivo de fazer com os espectadores entrem no universo singular da dupla de artistas plásticos, transformem e ampliem as fronteiras entre arte e vida. Mas o essencial deste percurso é ativar a experiência do sensível e reposicionar as zonas de intensidade e erotismo que unem pensamento e corpo. Durante o trajeto, a plateia se vê diante da possibilidade não apenas de assistir a uma peça, mas de criá-la em parceria com os atores.
A concepção do projeto teve início há cerca de cinco anos, quando Pedro travou o primeiro contato com o livro. "Peguei o livro da biblioteca e, encantado com a obra, mostrei-o a Álamo. Nós morávamos juntos nessa época. Em seguida, Álamo entregou o livro para Cristina, que o passou a Renato. Criou-se, assim, uma cadeia de roubos e encantamentos. Hoje já nem sei com quem o livro está.". Outros amigos foram se unindo ao projeto, que, ao fim do processo, virou uma invenção de Álamo Facó, Cristina Flores, Pedro Kosovski, Maria Flor Brazil, Renato Linhares e do coletivo Opavivará!. Integram ainda a ficha técnica Ticiana Passos, que assina o figurino, Tomás Ribas, responsável pela luz, e Gabriel Fomm, à frente da trilha sonora.
A peça não cobrará ingresso de entrada, entendendo que o espectador já pagou pelo mesmo quando o projeto ganhou o edital FATE 2012 (Fundo de Apoio ao Teatro), da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura. Este é também um posicionamento ideológico, que traz à tona conceitos gerados por Hélio e Lygia, tais como a "deselitização da arte" e "a arte e o não-objeto comercializável".
"Cosmocartas - Hélio e Lygia" é o primeiro espetáculo inspirado no livro "Lygia Clark/Hélio Oiticica: Cartas 1964-1974", que conta com o apoio das famílias tanto de Hélio Oiticica, quanto de Lygia Clark.
Currículos
Álamo Facó
Nascido no Rio de Janeiro, Álamo Facó já participou de mais de 30 peças teatrais e eventos performáticos pelo Brasil, Inglaterra, Argentina, Chile e Portugal. Entre eles, destacam-se "Talvez", solo de sua autoria, realizado pela Cia dos Atores, "Pterodátilos", "Exilados", "On the edge", "Jornada de um poema", "O lobo nº1 - A estepe", "Inimigo da classe", "Desesperados" e "Capitães da areia". Em 1996, ganhou o Prêmio Sustain de melhor ator, tendo sido indicado, um ano antes, ao prêmio Novos Talentos da Cidade do RJ. Em cinema, atuou nos longas-metragens "O palhaço", "Tropa de elite", "Qualquer gato vira-lata", "Billi pig", "Totalmente inocentes", "O maior amor do mundo", "Não se pode viver sem amor", "Apenas o fim", "Paraíso aqui vou eu" e "Vida de balconista". Álamo está atualmente na novela "Amor à vida", como o psicólogo Renan, e atuou também em "Lado a lado", "A grande família", "Mulher invisível", "Esperança", entre outras.
Cristina Flores
Cristina Flores foi duas vezes indicada ao prêmio Shell de melhor atriz ("Dilacerado" e "Memória afetiva de um amor esquecido"), três vezes indicada ao Prêmio Qualidade Brasil ("Dilacerado", "Memória afetiva de um amor esquecido" e "A estupidez"), indicada ao Prêmio Questão de Crítica ("As horas entre nós"), indicada ao prêmio Coca-Cola de Teatro ("As viagens de Gulliver"). A atriz é fundadora de Os Dezequilibrados, companhia teatral dirigida por Ivan Sugahara, com 18 espetáculos montados e diversas indicações a prêmios nos últimos 15 anos.
Pedro Kosovski
Formou-se no teatro O Tablado, onde atualmente é professor. Graduou-se em psicologia pela PUC-Rio, instituição em que também concluiu seu mestrado e atualmente é professor da pós-graduação Psicologia Junguiana, Arte e Imaginário. Desde 2005, criou Aquela Cia de Teatro - núcleo artístico de criação e pesquisa da linguagem teatral. Em 2008, realizou Aquela Cia ocupa Teatro Gláucio Gill e, em 2013, realizou a residência artística Processos Criativos da Aquela Cia, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Entre os trabalhos mais recentes, destacam-se: "Cara de Cavalo" (2012), com Aquela Cia de Teatro - vencedor do Prêmio Questão de Critica e indicado ao Prêmio Shell 2012, na categoria Melhor Texto; "Enquanto estamos aqui" (2012), criação em parceria com os artistas Marcio Abreu e Marcia Rubin; "Outside" (2011), com Aquela Cia de Teatro - indicado ao Prêmio Questão de Critica, na categoria Dramaturgia e Prêmio APTR, na categoria Melhor Texto; vencedor do Prêmio FITA de Melhor Texto. A peça Outside foi publicada, em 2012, na coleção dramaturgias do selo Questão de Critica. Escreveu ainda "Do artista quando jovem" (2010) e "Lobo Nº1 - A estepe" (2008). Como diretor, realizou, em parceira com Marco André Nunes, "Malentendido", de Albert Camus (2009).
Renato Linhares
Encenador e performer, Renato Linhares vive no Rio. Fez parte do grupo de novo circo Intrépida Trupe por oito anos, tendo dirigido o espetáculo "Metegol" e participado como coreógrafo e intérprete de "Sonhos de Einstein" e "Flap". Na Intrépida desenvolveu pesquisas em acrobacia aérea, ministrando cursos durante toda sua passagem pelo grupo. Seus trabalhos mais recentes foram os espetáculos "Horses Hotel", com direção de Alex Cassal e Clara Kutner, e "Pequena coleção de todas as coisas", com a Cia Dani Lima, ambos realizados em 2013, e "O maravilhoso museu da caça e da natureza", que concebeu e dirigiu no primeiro semestre de 2012. É integrante do Coletivo Improviso, dirigido por Enrique Diaz, tendo participado dos espetáculos "Otro" e "Não olhe agora", apresentado em festivais em países como França, Bélgica, Alemanha, Japão, Suíça e Holanda. Com o diretor espanhol Fernando Renjifo, participou dos espetáculos "Impromptus" e "Paisaje Invisible". Com a coreógrafa Cristina Moura, participou dos espetáculos "A mulher que matou os peixes... e outros bichos", "To beauty or not to beauty", "I was born to die" e "Homens". Faz parte do grupo Foguetes Maravilha, tendo participado do espetáculo "Ninguém falou que seria fácil", "Síndrome de Chimpanzé" e da cocriação com o grupo português Mundo Perfeito, "Mundo maravilha", atualmente em turnê. Iniciou seus estudos em teatro em 1998, com o grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, realizando o espetáculo "A exceção e a regra", de Bertolt Brecht.
Opavivará!
Coletivo de arte do Rio de Janeiro, que desenvolve ações em locais públicos da cidade, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação do espaço urbano, por meio da criação de dispositivos relacionais que proporcionam experiências coletivas. Desde sua criação, em 2005, o grupo participa ativamente do panorama das artes visuais do Brasil.
Biografias
Lygia Clark (1920-1988)
Pintora e escultora, Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte e, em 1947, iniciou seus estudos artísticos no Rio de Janeiro, sob a orientação de Roberto Burle Marx e Zélia Salgado. Em 1950, foi a Paris, onde frequentou o ateliê de Fernand Léger (1950-1952). Sua primeira exposição individual ocorreu no Institut Endoplastique de Paris. De volta ao Rio, integrou o Grupo Frente (1954 e 1956), liderado por Ivan Serpa. Com o objetivo de estabelecer uma nova linguagem para a arte abstrata brasileira, fundou o neoconcretismo (1959). Em suas primeiras pinturas (1954-1958), mudou a natureza e o sentido do próprio quadro. Estendeu a cor até a moldura, anulando-a ou até mesmo trazendo-a para dentro da tela, criando obras como Superfícies Modulares e os Contra-Relevos. No período de 1960 a 1964, surgiu Bichos: esculturas articuladas, manipuláveis pelo público. Com eles, Lygia indicava sua busca pela participação do espectador em seu trabalho, por meio de objetos sensoriais (sacos plásticos, pedras, conchas, luvas etc.), para despertar sensações e fantasias. Mais tarde, elaborou trabalhos como Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968), que propõe sentir coisas simples, do sopro da respiração ao contato com uma pedra na palma da mão; A Casa É o Corpo: Labirinto (1968), que simula um útero a ser penetrado pelo visitante, que é levado a experimentar sensações táteis ao passar por compartimentos; e Baba Antropofágica (1973), no qual várias pessoas derramam, sobre alguém deitado, fios que saem de suas bocas. Lygia desenvolveu ainda experiências terapêuticas com seus objetos sensoriais, principalmente entre seus alunos da Sorbonne, onde lecionou (1970-1975). No Rio de Janeiro, passou a dar consultas terapêuticas particulares (1978-1985).
Hélio Oiticica (1937 - 1980)
Artista performático, pintor e escultor, Hélio Oiticica inicia, com o irmão César Oiticica, estudos de pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954. Nesse mesmo ano, escreve seu primeiro texto sobre artes plásticas. A partir daí, o registro escrito de reflexões sobre arte e sua produção se torna um hábito para Hélio. Participa do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passa a integrar o Grupo Neoconcreto. Abandona os trabalhos bidimensionais e cria relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. Em 1964, começa a fazer as chamadas Manifestações Ambientais. Na abertura da mostra Opinião 65, no MAM/RJ, Hélio protesta quando integrantes da escola de samba Mangueira, seus amigos, são impedidos de entrar. Depois de ser expulso, realiza uma manifestação coletiva em frente ao MAM, na qual os os sambistas voltam vestidos com os parangolés, marca do trabalho de Hélio. Participou das mostras Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, apresentando, nesta última, a manifestação ambiental Tropicália. Em 1968, realiza novamente no Aterro do Flamengo a manifestação coletiva Apocalipopótese, da qual fazem parte seus parangolés e os Ovos, de Lygia Pape. Em 1969, realiza na Whitechapel Gallery, em Londres, o que chama de Whitechapel Experience, apresentando o projeto Éden. Vive em Nova York na maior parte da década de 1970, período no qual é bolsista da Fundação Guggenheim e participa da mostra Information, no Museum of Modern Art - MoMA. Retorna ao Brasil em 1978. Depois de sua morte, é criado, em 1981, no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar, analisar e divulgar sua obra, dirigido por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Waly Salomão. Entre 1992 e 1997, o Projeto HO realiza grande mostra retrospectiva, que é apresentada nas cidades de Roterdã, Paris, Barcelona, Lisboa, Mineápolis e Rio de Janeiro. Em 1996, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro funda o Centro de Artes Hélio Oiticica, para abrigar todo o acervo do artista e colocá-lo à disposição do público. Em 2009, um incêndio na residência de César Oiticica, destrói parte do acervo de Hélio Oiticica.
Ficha técnica
Invenção: Álamo Facó, Cristina Flores, Pedro Kosovski, Maria Flor Brazil, Renato Linhares e Opavivará!
Elenco: Álamo Facó e Cristina Flores
Dramaturgia: Pedro Kosovski e Álamo Facó
Colaboração dramatúrgica: Cristina Flores e Renato Linhares
Direção: Renato Linhares
Diretora assistente: Laura Samy
Colaboração artística: Cesar Augusto
Luz: Tomás Ribas
Figurino: Ticiana Passos
Direção de arte: Opavivará!
Trilha sonora/Som: Gabriel Fomm
Projeto gráfico: Estúdio▲ | www.triangulo.nu
Documentação e vídeo: Maria Flor Brazil
Fotografia: João Penoni e Maria Flor Brazil
Administração financeira: Rodrigo Gerstner
Produtora assistente: Luana Carvas
Produção executiva: Daniela Paita
Direção de produção: Camila Vidal
Serviço
Temporada: de 06/12/2013 a 08/02/2014 (quinta a sábado) *com recesso entre 15/12 e 01/01
Horário: 19 horas
Apresentações extras: dias 15 e 22/01/2014, às 16h
Local: Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Endereço: Rua Luís de Camões, 68, Centro
Telefone: 2232-4213
Classificação: 18 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 50 pessoas
Gênero: DocCaos
Entrada gratuita (distribuição de ingressos 1 hora antes da sessão)
Tendo como ponto de partida a correspondência entre Lygia e Hélio, o espetáculo traz a troca de pensamentos e experiências entre um e outro, durante o período de dez anos em que ela morou em Paris e ele, no Rio de Janeiro, Londres e Nova York.
Ao longo de 40 cartas, transparecem as angústias, os desejos e o cotidiano de suas vidas e, sobretudo, um enorme desejo de transformação na arte e no Brasil.
A dramaturgia e a encenação desconstroem uma abordagem figurativa ao posicionar os intérpretes, Álamo e Cristina, como leitores ativos de Hélio Oiticica e Lygia Clark, respectivamente. Cria-se, então, um jogo de espelhos, uma zona fantasmática, um "caos especular" em que a dupla de leitores-artistas inaugura percepções, experiências e pensamentos em parceria imaginária com a consagrada dupla de artistas plásticos. E-mails trocados por Álamo e Cristina, durante o processo de criação, se misturam às cartas de Hélio e Lygia; a favela da Mangueira e a escadaria de Selarón tornam-se penetráveis-urbanos remontando à obra de Oiticica; proposições sensoriais vividas entre os intérpretes e o público atualizam a pesquisa de Clark sobre os limites entre arte e psicologia.
A abordagem histórica de Hélio e Lygia (entre 1964-74) politiza-se no presente histórico (2013-14) em que Álamo e Cris estão mobilizados por experiências poéticas de liberação e direito sobre o próprio corpo. Segundo os idealizadores, a criação desta peça é uma resistência ativa frente às forças de repressão que impedem a manifestação, a erotização e os desvios do corpo.
Ao fazer com que atores e público percorram três salas do Centro de Artes, em uma grande instalação criada pelo coletivo Opavivará!, há o objetivo de fazer com os espectadores entrem no universo singular da dupla de artistas plásticos, transformem e ampliem as fronteiras entre arte e vida. Mas o essencial deste percurso é ativar a experiência do sensível e reposicionar as zonas de intensidade e erotismo que unem pensamento e corpo. Durante o trajeto, a plateia se vê diante da possibilidade não apenas de assistir a uma peça, mas de criá-la em parceria com os atores.
A concepção do projeto teve início há cerca de cinco anos, quando Pedro travou o primeiro contato com o livro. "Peguei o livro da biblioteca e, encantado com a obra, mostrei-o a Álamo. Nós morávamos juntos nessa época. Em seguida, Álamo entregou o livro para Cristina, que o passou a Renato. Criou-se, assim, uma cadeia de roubos e encantamentos. Hoje já nem sei com quem o livro está.". Outros amigos foram se unindo ao projeto, que, ao fim do processo, virou uma invenção de Álamo Facó, Cristina Flores, Pedro Kosovski, Maria Flor Brazil, Renato Linhares e do coletivo Opavivará!. Integram ainda a ficha técnica Ticiana Passos, que assina o figurino, Tomás Ribas, responsável pela luz, e Gabriel Fomm, à frente da trilha sonora.
A peça não cobrará ingresso de entrada, entendendo que o espectador já pagou pelo mesmo quando o projeto ganhou o edital FATE 2012 (Fundo de Apoio ao Teatro), da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura. Este é também um posicionamento ideológico, que traz à tona conceitos gerados por Hélio e Lygia, tais como a "deselitização da arte" e "a arte e o não-objeto comercializável".
"Cosmocartas - Hélio e Lygia" é o primeiro espetáculo inspirado no livro "Lygia Clark/Hélio Oiticica: Cartas 1964-1974", que conta com o apoio das famílias tanto de Hélio Oiticica, quanto de Lygia Clark.
Currículos
Álamo Facó
Nascido no Rio de Janeiro, Álamo Facó já participou de mais de 30 peças teatrais e eventos performáticos pelo Brasil, Inglaterra, Argentina, Chile e Portugal. Entre eles, destacam-se "Talvez", solo de sua autoria, realizado pela Cia dos Atores, "Pterodátilos", "Exilados", "On the edge", "Jornada de um poema", "O lobo nº1 - A estepe", "Inimigo da classe", "Desesperados" e "Capitães da areia". Em 1996, ganhou o Prêmio Sustain de melhor ator, tendo sido indicado, um ano antes, ao prêmio Novos Talentos da Cidade do RJ. Em cinema, atuou nos longas-metragens "O palhaço", "Tropa de elite", "Qualquer gato vira-lata", "Billi pig", "Totalmente inocentes", "O maior amor do mundo", "Não se pode viver sem amor", "Apenas o fim", "Paraíso aqui vou eu" e "Vida de balconista". Álamo está atualmente na novela "Amor à vida", como o psicólogo Renan, e atuou também em "Lado a lado", "A grande família", "Mulher invisível", "Esperança", entre outras.
Cristina Flores
Cristina Flores foi duas vezes indicada ao prêmio Shell de melhor atriz ("Dilacerado" e "Memória afetiva de um amor esquecido"), três vezes indicada ao Prêmio Qualidade Brasil ("Dilacerado", "Memória afetiva de um amor esquecido" e "A estupidez"), indicada ao Prêmio Questão de Crítica ("As horas entre nós"), indicada ao prêmio Coca-Cola de Teatro ("As viagens de Gulliver"). A atriz é fundadora de Os Dezequilibrados, companhia teatral dirigida por Ivan Sugahara, com 18 espetáculos montados e diversas indicações a prêmios nos últimos 15 anos.
Pedro Kosovski
Formou-se no teatro O Tablado, onde atualmente é professor. Graduou-se em psicologia pela PUC-Rio, instituição em que também concluiu seu mestrado e atualmente é professor da pós-graduação Psicologia Junguiana, Arte e Imaginário. Desde 2005, criou Aquela Cia de Teatro - núcleo artístico de criação e pesquisa da linguagem teatral. Em 2008, realizou Aquela Cia ocupa Teatro Gláucio Gill e, em 2013, realizou a residência artística Processos Criativos da Aquela Cia, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Entre os trabalhos mais recentes, destacam-se: "Cara de Cavalo" (2012), com Aquela Cia de Teatro - vencedor do Prêmio Questão de Critica e indicado ao Prêmio Shell 2012, na categoria Melhor Texto; "Enquanto estamos aqui" (2012), criação em parceria com os artistas Marcio Abreu e Marcia Rubin; "Outside" (2011), com Aquela Cia de Teatro - indicado ao Prêmio Questão de Critica, na categoria Dramaturgia e Prêmio APTR, na categoria Melhor Texto; vencedor do Prêmio FITA de Melhor Texto. A peça Outside foi publicada, em 2012, na coleção dramaturgias do selo Questão de Critica. Escreveu ainda "Do artista quando jovem" (2010) e "Lobo Nº1 - A estepe" (2008). Como diretor, realizou, em parceira com Marco André Nunes, "Malentendido", de Albert Camus (2009).
Renato Linhares
Encenador e performer, Renato Linhares vive no Rio. Fez parte do grupo de novo circo Intrépida Trupe por oito anos, tendo dirigido o espetáculo "Metegol" e participado como coreógrafo e intérprete de "Sonhos de Einstein" e "Flap". Na Intrépida desenvolveu pesquisas em acrobacia aérea, ministrando cursos durante toda sua passagem pelo grupo. Seus trabalhos mais recentes foram os espetáculos "Horses Hotel", com direção de Alex Cassal e Clara Kutner, e "Pequena coleção de todas as coisas", com a Cia Dani Lima, ambos realizados em 2013, e "O maravilhoso museu da caça e da natureza", que concebeu e dirigiu no primeiro semestre de 2012. É integrante do Coletivo Improviso, dirigido por Enrique Diaz, tendo participado dos espetáculos "Otro" e "Não olhe agora", apresentado em festivais em países como França, Bélgica, Alemanha, Japão, Suíça e Holanda. Com o diretor espanhol Fernando Renjifo, participou dos espetáculos "Impromptus" e "Paisaje Invisible". Com a coreógrafa Cristina Moura, participou dos espetáculos "A mulher que matou os peixes... e outros bichos", "To beauty or not to beauty", "I was born to die" e "Homens". Faz parte do grupo Foguetes Maravilha, tendo participado do espetáculo "Ninguém falou que seria fácil", "Síndrome de Chimpanzé" e da cocriação com o grupo português Mundo Perfeito, "Mundo maravilha", atualmente em turnê. Iniciou seus estudos em teatro em 1998, com o grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, realizando o espetáculo "A exceção e a regra", de Bertolt Brecht.
Opavivará!
Coletivo de arte do Rio de Janeiro, que desenvolve ações em locais públicos da cidade, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação do espaço urbano, por meio da criação de dispositivos relacionais que proporcionam experiências coletivas. Desde sua criação, em 2005, o grupo participa ativamente do panorama das artes visuais do Brasil.
Biografias
Lygia Clark (1920-1988)
Pintora e escultora, Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte e, em 1947, iniciou seus estudos artísticos no Rio de Janeiro, sob a orientação de Roberto Burle Marx e Zélia Salgado. Em 1950, foi a Paris, onde frequentou o ateliê de Fernand Léger (1950-1952). Sua primeira exposição individual ocorreu no Institut Endoplastique de Paris. De volta ao Rio, integrou o Grupo Frente (1954 e 1956), liderado por Ivan Serpa. Com o objetivo de estabelecer uma nova linguagem para a arte abstrata brasileira, fundou o neoconcretismo (1959). Em suas primeiras pinturas (1954-1958), mudou a natureza e o sentido do próprio quadro. Estendeu a cor até a moldura, anulando-a ou até mesmo trazendo-a para dentro da tela, criando obras como Superfícies Modulares e os Contra-Relevos. No período de 1960 a 1964, surgiu Bichos: esculturas articuladas, manipuláveis pelo público. Com eles, Lygia indicava sua busca pela participação do espectador em seu trabalho, por meio de objetos sensoriais (sacos plásticos, pedras, conchas, luvas etc.), para despertar sensações e fantasias. Mais tarde, elaborou trabalhos como Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968), que propõe sentir coisas simples, do sopro da respiração ao contato com uma pedra na palma da mão; A Casa É o Corpo: Labirinto (1968), que simula um útero a ser penetrado pelo visitante, que é levado a experimentar sensações táteis ao passar por compartimentos; e Baba Antropofágica (1973), no qual várias pessoas derramam, sobre alguém deitado, fios que saem de suas bocas. Lygia desenvolveu ainda experiências terapêuticas com seus objetos sensoriais, principalmente entre seus alunos da Sorbonne, onde lecionou (1970-1975). No Rio de Janeiro, passou a dar consultas terapêuticas particulares (1978-1985).
Hélio Oiticica (1937 - 1980)
Artista performático, pintor e escultor, Hélio Oiticica inicia, com o irmão César Oiticica, estudos de pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954. Nesse mesmo ano, escreve seu primeiro texto sobre artes plásticas. A partir daí, o registro escrito de reflexões sobre arte e sua produção se torna um hábito para Hélio. Participa do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passa a integrar o Grupo Neoconcreto. Abandona os trabalhos bidimensionais e cria relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. Em 1964, começa a fazer as chamadas Manifestações Ambientais. Na abertura da mostra Opinião 65, no MAM/RJ, Hélio protesta quando integrantes da escola de samba Mangueira, seus amigos, são impedidos de entrar. Depois de ser expulso, realiza uma manifestação coletiva em frente ao MAM, na qual os os sambistas voltam vestidos com os parangolés, marca do trabalho de Hélio. Participou das mostras Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, apresentando, nesta última, a manifestação ambiental Tropicália. Em 1968, realiza novamente no Aterro do Flamengo a manifestação coletiva Apocalipopótese, da qual fazem parte seus parangolés e os Ovos, de Lygia Pape. Em 1969, realiza na Whitechapel Gallery, em Londres, o que chama de Whitechapel Experience, apresentando o projeto Éden. Vive em Nova York na maior parte da década de 1970, período no qual é bolsista da Fundação Guggenheim e participa da mostra Information, no Museum of Modern Art - MoMA. Retorna ao Brasil em 1978. Depois de sua morte, é criado, em 1981, no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar, analisar e divulgar sua obra, dirigido por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Waly Salomão. Entre 1992 e 1997, o Projeto HO realiza grande mostra retrospectiva, que é apresentada nas cidades de Roterdã, Paris, Barcelona, Lisboa, Mineápolis e Rio de Janeiro. Em 1996, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro funda o Centro de Artes Hélio Oiticica, para abrigar todo o acervo do artista e colocá-lo à disposição do público. Em 2009, um incêndio na residência de César Oiticica, destrói parte do acervo de Hélio Oiticica.
Ficha técnica
Invenção: Álamo Facó, Cristina Flores, Pedro Kosovski, Maria Flor Brazil, Renato Linhares e Opavivará!
Elenco: Álamo Facó e Cristina Flores
Dramaturgia: Pedro Kosovski e Álamo Facó
Colaboração dramatúrgica: Cristina Flores e Renato Linhares
Direção: Renato Linhares
Diretora assistente: Laura Samy
Colaboração artística: Cesar Augusto
Luz: Tomás Ribas
Figurino: Ticiana Passos
Direção de arte: Opavivará!
Trilha sonora/Som: Gabriel Fomm
Projeto gráfico: Estúdio▲ | www.triangulo.nu
Documentação e vídeo: Maria Flor Brazil
Fotografia: João Penoni e Maria Flor Brazil
Administração financeira: Rodrigo Gerstner
Produtora assistente: Luana Carvas
Produção executiva: Daniela Paita
Direção de produção: Camila Vidal
Serviço
Temporada: de 06/12/2013 a 08/02/2014 (quinta a sábado) *com recesso entre 15/12 e 01/01
Horário: 19 horas
Apresentações extras: dias 15 e 22/01/2014, às 16h
Local: Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Endereço: Rua Luís de Camões, 68, Centro
Telefone: 2232-4213
Classificação: 18 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 50 pessoas
Gênero: DocCaos
Entrada gratuita (distribuição de ingressos 1 hora antes da sessão)