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sábado, 21 de março de 2015

Opas/OMS conscientiza população para reduzir consumo de sódio


A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) está convocando a indústria de alimentos para reduzir o sal em seus produtos, especialmente entre os consumidos por crianças, além de restringir a publicidade de alimentos voltados para o público infantil, com elevadas quantidades de sódio. Durante a Semana Mundial pela Conscientização do Sódio, celebrada entre 16-22 março, a Opas/OMS também faz um chamamento para as famílias "fugirem do sódio escondido", incentivando o preparo do alimento em casa e com ingredientes frescos. “Não basta que apenas a indústria promova essa redução. É importante que sejam feitas ações educativas para conscientizar a população das consequências do excesso de consumo de sal e ao mesmo tempo propor alternativas mais saudáveis como preparações culinárias caseiras, evitando os alimentos processados”, alertou a nutricionista do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da ENSP Ana Lúcia Fittipaldi.
 
Segundo Branka Legetic, Consultora da Opas/OMS para Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, "a maioria de nós sequer sabe o quanto de sódio consome, isto porque a maior parte do sódio está escondida em alimentos processados, prontos para consumo. Para mudar este cenário, parte da solução deve partir da indústria produtora de alimentos, que deve reduzir o sódio nos seus produtos".
 
A nutricionista da ENSP acrescenta dizendo que o sódio está presente em praticamente todos os aditivos químicos utilizados pela indústria de alimentos, o que eleva a preferência da população por alimentos salgados e mais condimentados. “Assim, o consumo de sal aumentou muito nas últimas décadas, ultrapassando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de, no máximo, 5g por dia (o equivalente a 1 colher de chá)”, explicou.
 
Em relação às crianças, que são especialmente vulneráveis à publicidade e ao marketing de alimentos, e, ao mesmo tempo, estão desenvolvendo seus hábitos alimentares, é importante focar não só no consumo de sódio, como também no problema da obesidade infantil. “Defendemos que as crianças não possuem autonomia, estão em período de formação, são extremamente influenciáveis e não possuem condições de olhar criticamente para o apelo publicitário próprio das propagandas e decidir o que é melhor para si. Foi publicada em 2015 uma Resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que considera como abusiva a publicidade de produtos destinados às crianças com o objetivo de persuadi-las a consumir qualquer produto e serviço”, explicou Fittipaldi. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do consumidor, ambos de 1990, já consideram abusiva e ilegal a propaganda que se aproveite da deficiência de julgamento e autonomia da criança. Mas as entidades ligadas ao ramo de publicidade questionam essa resolução de 2015, por não ter força de Lei. “Ainda há muito a caminhar nesse sentido”.

Segundo a Opas/OMS, os hábitos alimentares praticados na infância terão um forte impacto sobre o padrão de consumo alimentar quando adultos. O alto consumo de sal, mesmo durante a infância, tem um efeito sobre a pressão arterial e pode predispor as crianças a doenças como a hipertensão arterial sistêmica (HAS), osteoporose, asma e outras doenças respiratórias,diabetes, obesidade e a dislipidemia (alteração de colesterol e triglicerídeo), sendo fator de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Doenças como infarto e acidente vascular cerebral (derrame) são atualmente as principais causas de morte no mundo.
 
Sobre a redução do sódio nos alimentos pela indústria, Ana afirma que em 2011 o Ministério da Saúde assinou um termo de compromisso com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), estabelecendo um plano de redução gradual na quantidade de sódio presente em 16 alimentos como pão de forma, massas instantâneas, bolos prontos, salgadinhos de milho, batata frita, caldos e temperos prontos entre outros. “Esse acordo está articulado com o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis no Brasil 2011 – 2022”. 
 
Em 2014 o Ministério da Saúde informou que nos dois primeiros anos do acordo (2011-2012) os fabricantes reduziram quase 11% do sódio usado nas misturas para o pão de forma e bisnaguinha e em 15% o utilizado em macarrão instantâneo com a previsão de uma redução maior até o final desse ano. “A sociedade precisa ficar atenta e cobrar o cumprimento desse acordo”.
 
Consumo de sal nas Américas
 
Adultos que consomem diariamente mais de 2000 miligramas de sódio (equivalente a 5 gramas de sal por dia) estão em maior risco desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, bem como insuficiência renal. As diretrizes oficiais da Organização Mundial de Saúde recomendam que estes limites sejam ajustados para baixo para, quando consideramos o consumo de crianças e adolescentes, que geralmente consomem menos calorias diárias do que os adultos.
 
Na região das Américas, a Ingestão média diária de sal é maior do que 5 gramas, variando 8,5-9 gramas no Canadá, Chile e Estados Unidos para 11 gramas no Brasil e 12 gramas na Argentina.
 
Desde 2009, a OPAS/ OMS tem liderado os esforços regionais, por meio da ação conjunta entre os governos, especialistas em saúde, representantes da indústria e organizações não-governamentais, para reduzir a ingestão de sal nas Américas. Em 2013, a OPAS/OMS, no âmbito do consórcio para a redução do consumo de sal (Salt Smart Consortium), desenvolveu um plano de ação que conclama a indústria de alimentos processados a reduzir voluntariamente os níveis de sal em seus produtos, propondo metas específicas para a redução de sal em alguns grupos de alimentos (pães, biscoitos e bolos, carnes processadas, maionese e sopas). O plano também prevê campanhas de sensibilização para ajudar os consumidores a entender as informações apresentadas nos rótulos dos alimentos além da conscientização do por que é importante consumir menos sódio.
 
Ações na ENSP
 
No Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria desenvolve com regularidade ações educativas de promoção da alimentação saudável com a população de Manguinhos. Um dos temas abordados, e de grande importância, é o consumo de sal e de alimentos industrializados, considerando o grande número de hipertensos, diabéticos e obesos nesse território. “Procuramos mostrar a quantidade de sal presente em alimentos comumente consumidos, de forma lúdica, e propor mudanças de hábitos com o objetivo de diminuir esse consumo”, revelou a nutricionista.