Considerado uma das maiores florestas urbanas do mundo, com 12.400 hectares, o Parque Estadual da Pedra Branca, administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), completa 42 anos de criação nesta terça-feira (28/06). Para celebrar a data, a unidade de conservação vai oferecer várias atividades para a população no domingo (3/07), a partir das 10h, no núcleo Pau da Fome, na Estrada do Pau da Fome, nº 4003, Taquara, Jacarepaguá. A programação inclui caminhada ecológica, palestras e visitas guiadas ao Centro de Exposições e espetáculo teatral.
A unidade de conservação está situada no município do Rio de Janeiro, e abrange toda a Baixada de Jacarepaguá e partes dos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Barra da Guaratiba, Campo Grande, Santíssimo, Senador Camará, Padre Miguel, Bangu, Realengo, Sulacap e Taquara. A sede da unidade de conservação fica no núcleo Pau da Fome, em Jacarepaguá, e as sub sedes estão situadas nos núcleos Camorim, também em Jacarepaguá, e Piraquara, em Realengo, na Zona Oeste da cidade.
“São vários os atrativos que o parque oferece para seus visitantes que vão desde caminhadas ecológicas e banhos de cachoeiras a locais propícios para a prática de rapel. Esse patrimônio precisa ser preservado, cuidado, e o sentimento de pertencimento da população é o que dá vida aos nossos parques e nos ajuda a manter em ordem essas belezas naturais”, disse o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa.
Dentre os atrativos que podem ser contemplados pelos visitantes estão o açude do Camorim, Cachoeira do Camorim, Pedra do Quilombo e Pedra do Telégrafo, que possui 350 metros de altitude, proporcionando vista para as praias selvagens de Grumari, Perigoso e Praia do Meio.
Uma boa opção para quem gosta de praticar caminhadas é a trilha Rio Grande: tem 800 metros de extensão e pode ser explorada por visitantes de todas as idades. As principais atrações são o aqueduto do século XIX, o recanto da Represa da Figueira e o recanto da Represa da Padaria.
Outros bons percursos são a trilha do Quilombo, que tem importância histórica, pois foi rota de fuga dos escravos. A caminhada inicia no núcleo Pau da Fome (Jacarepaguá) e leva à Pedra do Quilombo, com 735 metros de altitude; e a trilha para o Açude do Camorim. O percurso é de aproximadamente três quilômetros e seu ponto de partida é o núcleo Camorim.
O parque também abriga a exposição permanente “Da Pedra Branca ao Pau da Fome”, voltado para estudantes, mas que vem encantando visitantes de todas as idades. A mostra tem informações sobre a composição das rochas do local, os animais que habitam a região, além de curiosidades sobre a flora. A exposição ocupa a casa projetada pelo renomado arquiteto Zanini.
“No local, há também sede administrativa, áreas de lazer, trilhas interpretativas, um espaço multiuso para pequenas apresentações, palestras e atividades lúdicas e um aqueduto histórico que ainda capta água para abastecimento da população local”, explicou o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea, Paulo Schiavo.
UM POUCO DE HISTÓRIA
A história de proteção das florestas do Maciço da Pedra Branca sempre esteve associada à preservação do potencial hídrico, pois a devastação que ocorreu no Estado para dar lugar às diversas culturas também ocorreu na região do Parque. O esgotamento de tais recursos impulsionou a primeira iniciativa de proteção em 1908, quando o governo federal adquiriu as áreas dos mananciais do Rio Grande e do Rio Camorim visando ao aprimoramento dos sistemas de captação e distribuição de água potável, que havia sido represada desde o século XIX para o abastecimento das populações vizinhas. Na primeira metade do século XX, com o crescimento populacional no entorno, as garantias já se mostravam insuficientes. Nessa época, o governo federal instituiu as Florestas Protetoras da União de Camorim, Rio Grande, Caboclos, Batalha, Guaratiba, Quininha, Engenho Novo de Guaratiba, Colônia, Piraquara e Curicica com o objetivo de proteger aqueles recursos vitais.
Nas áreas florestais remanescentes, encontram-se espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção. Nas proximidades da Represa do Camorim, no Pau-da-Fome, e na localidade de Monte Alegre, encontram-se comumente diversas espécies de figueiras (Ficus enormis, Ficus insipida, Ficus organensis eFicus gomelleira), juçara ou palmito-doce, pau-d’alho e andá-açu.
De acordo com vários estudos científicos em andamento, pode-se constatar a riqueza da fauna local, com registro de muitas espécies raras e ameaçadas que têm atraído cada vez mais visitantes. Entre os mamíferos, destacam-se macaco-prego, , preguiça, furão, ouriço-cacheiro, cachorro-do-mato, tamanduá-de-colete, paca, mão-pelada, cutia, gato-do-mato-pequeno e gato-maracajá. Existem ainda várias espécies de morcegos frugígoros e insetívoros, nectarívoros, hematófagos e etc.
A avifauna é rica e os pesquisadores já identificaram mais de 180 espécies, entre as quais, tucano-do-bico-preto, araçari, gavião-pomba, gavião-pega-macaco, papagainho e jacupemba.