A sede da Eletrobras recebeu, no dia 4 de julho, a 2ª edição do Energy Day, que teve como tema central os Sistemas de Energia do Futuro. O evento, que é uma iniciativa da Cooperação entre o Ministério de Economia e Energia da Alemanha (BMWi) e o Ministério de Minas e Energia (MME), e executado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), foi promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio). O Energy Day buscou fortalecer ainda mais a parceria entre Brasil e Alemanha no setor de energias renováveis. Entre debates e palestras sobre o tema, o evento recebeu mais de 80 visitantes, lotando o espaço.
Atualmente, Brasil atinge um patamar de 85% de energias renováveis, enquanto a Alemanha, que apresentou grande crescimento nos últimos anos, chegou a 35% – mais da metade energia eólica. Durante as duas sessões, os caminhos percorridos pelos dois países foram apresentados, e, no painel de debate, os participantes discutiram as oportunidades de mercado e desafios trazidos pelas transformações nos sistemas energéticos.
Sessões
Na primeira sessão, Philipp Hauser, diretor na América Latina da Agora Energiewende, e Luiz Barroso, CEO da PSR e Chairman do Instituto E+ Panel, falaram sobre as mudanças nos sistemas energéticos tanto no Brasil, quanto na Alemanha. Segundo Hauser, pesquisa realizada pela Agora mostrou que há alguns pontos em comum para a transição energética dos dois países: somente com um diálogo construtivo e inclusivo é possível criar uma política de Estado a longo prazo, e é preciso criar um ambiente jurídico e regulatório claro para reduzir os custos da expansão e regulação das energias renováveis. Mas Hauser ressaltou que, diferentemente da Alemanha, o Brasil não precisa enfrentar custos de transição elevados, pois já vem de uma matriz renovável.
Apesar dessa vantagem, ressaltou Luiz Barroso, a escassez de chuva que o Brasil sofreu nos últimos anos alerta para a necessidade de uma transformação energética, trazendo as energias eólica e solar também para o contexto brasileiro. Para Barroso, o Brasil já sai na frente por conseguir utilizar as tecnologias desenvolvidas em outros países, aprimorando a chegada das novas energias, mas mostrou a importância de se criar metas para essa transformação, assim como é feito na Alemanha.
Na segunda sessão, Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e Markus Merkel, consultor sênior da Merkel Consulting, falaram sobre as características e tendências dos sistemas energéticos do futuro. Eles ressaltaram a importância de uma integração entre as energias, que a tendência são as energias eólica e solar ficarem cada vez mais baratas. Abordaram também que o principal desafio dos dois países é redesenhar a estrutura tarifária, pois para o consumidor final, principalmente no Brasil, é necessário saber o real valor da energia, sem que haja grande oscilação do valor, mas para isso é preciso de mais geração de incentivos por parte do governo.
Debate
No painel de debate, quatro representantes fizeram parte da bancada: Philipp Hahn, da AHK Rio; Alexandre Lopes, diretor técnico na Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (ABRACEEL); Marco Delgado, diretor técnico na Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) e Tiago Barros, presidente da RegE Barros Correia Advisers e ex-diretor da ANEEL.
Dentre os temas debatidos durante o painel, a alocação de custos, segurança de dados e utilização de aspectos infralegais e a utilização de energias renováveis também em automóveis e baterias. Ao apontarem os desafios e oportunidades para as energias renováveis no Brasil, a maioria concordou que a reforma do setor e abertura de mercado são as principais necessidades do momento.
Durante o evento, o MME e o Procel apresentaram o Lab Procel, programa de apoio a startups que tem como objetivo acelerar soluções para a Eletrobras por meio da implementação de um hub de inovação aberta. Além disso, houve o lançamento do site das Parcerias Energéticas Brasil – Alemanha, com informações sobre o programa e ações desenvolvidas.
No encerramento, feito pela diretora de assuntos internacionais do BMWi, Ursula Borak, e pelo diretor do departamento de desenvolvimento energético do MME, Carlos Alexandre Pires, foi destacada a importância do evento não só para os dois países, mas também para ampliar a participação da sociedade no debate sobre energia. Embora a história dos dois países seja diferente, as metas energéticas de ambos são próximas e têm em comum o objetivo de melhorar o sistema com soluções que sejam também economicamente sustentáveis, destacou a diretora do BMWi.
