Acontece, nesta sexta-feira, dia 26 de junho, a última das três mesas-redondas que debateram a ética na medicina, nos dias de hoje. Como ocorreu nos dois primeiros eventos da série, o livroMedicina financeira: ética estilhaçada, de Luíz Vianna Sobrinho, servirá de ponto de partida para o debate, do qual participam Lígia Bahia, doutora em Saúde Pública pela ENSP, e pesquisadora da UFRJ, Rudá Ricci, sociólogo e cientista político, e Ana Maria Costa, atual presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, o Cebes. O título desse terceiro encontro é O Tyrannosaurus Health - o avassalador avanço do sistema financeiro/corporações sobre a saúde - o instrumento médico.
Ao abordar os problemas atuais da prática da medicina, a partir de observações de sua experiência como clínico geral, Luíz Vianna Sobrinho passou a trabalhar com a hipótese do surgimento de uma nova ética médica no final do século passado. Nela, o alívio do sofrimento humano dá lugar ao desempenho financeiro como finalidade da ação dos médicos.
- Hoje, o paciente é uma meta escriturária, mas não real, diz Luíz Vianna.
Os encontros que debateram o tema, na ENSP, se debruçaram sobre variados aspectos desse problema. Na primeira mesa-redonda, A Ética Estilhaçada - ethos, techné e sujeito, os pesquisadores da ENSP Luis David Castiel, Fernando Telles e Marilene Castilho debateram questões como a ética utilitarista que parece dar as cartas na prática médica, a profusão dos exames complementares em detrimento do diagnóstico clássico, com consequentes perdas na relação médico-paciente e as dificuldades no enfrentamento desse modelo em que o dinheiro dita as regras de maneira quase totalizante.
A segunda mesa-redonda, A estruturação da ciência e do consumo na medicina - as 'escolhas de Sofias' do público ao privado, contou com a participação de Maria de Fátima Andreazzi, da UFRJ, e Carlos Ócke-Reis, do IPEA. Discutiu-se, nesse encontro, a importância econômica do setor saúde, a captura das agências reguladoras por agentes do lobby da saúde privada, a perda de prestígio das instituições públicas como centros de referência para a carreira dos grandes médicos, entre outros temas. A última mesa-redonda da série está marcada para às 10h da manhã, no Salão Internacional da ENSP.