O consumismo e seus impactos foi o tema escolhido para o primeiro de uma série de debates promovidos pelo Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA), o Comitê de Gestão Sustentável (CGS), a Coordenação de Comunicação Institucional (CCI) e o Fórum dos Estudantes da ENSP, em comemoração ao mês do Meio Ambiente. O ciclo de atividades - que teve início dia 9 de junho e segue até o dia 26 desse mês -, tem como tema central Sustentabilidade: o equilíbrio necessário e pretende debater o modelo econômico atual e sua pressão sob os recursos naturais, apresentando alternativas na busca por um modo de vida mais sustentável, saudável e equilibrado. A atividade contou com a participação do pesquisador do DSSA Marcelo Guimarães Araújo e da pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Elen Vasques Pacheco. Segundo Marcelo, o equilíbrio explica a diferença entre o consumo necessário e o consumismo. Para Elen, é necessário equilíbrio nas escolhas diárias para não sofrer os impactos negativos delas. O debate foi coordenado pela pesquisadora do DSSA Débora Cynamon.
Para celebrar a abertura da atividade estiveram presentes o vice-diretor de Desenvolvimento Institucional e Gestão, Alex Molinaro, o coordenador de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais, Marco Menezes e a chefe do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola, Clementina Feltmann, que ressaltou a importância das ações individuais e coletivas que podem contribuir para que o mundo viva em equilíbrio. Marco Menezes citou a questão do consumo consciente de água, por exemplo, que envolve rever processos de vida e trabalho, além do modelo de desenvolvimento econômico que prejudica o meio ambiente. Dando início a palestra Viver consciente: o consumismo e seus impactos, o pesquisador do DSSA Marcelo Guimarães entrou na questão do consumo e da produção sustentável.
Um dos pontos citados por ele foi o do impacto do excesso de consumo. Segundo Marcelo, o consumo exagerado é um dos efeitos da globalização e gera impactos tanto ambientais quanto econômicos. “Desde a revolução industrial a classe média passa a ter acesso aos produtos. A Ford passa a produzir carros para que seus próprios operários pudessem comprar, gerando uma grande onda de consumismo automotor, acarretamento, obviamente, no impacto ao meio ambiente. O maior problema do consumo de recursos está relacionado ao consumo de matéria prima”, apontou. O consumismo exagerado leva a outro grande problema praticamente universal: a destinação dos resíduos sólidos. Não apenas o Brasil sofre com a destinação dos resíduos, outros países subdesenvolvidos, e até mesmo desenvolvidos, também se deparam a situação.
Atualmente, o Japão é o melhor país do mundo nos quesitos coleta seletiva e destinação de resíduos sólidos. A Alemanha é o país da Europa que possui a melhor destinação para os resíduos sólidos, e apenas 3% do lixo produzido vai para aterros sanitários. O Brasil está no patamar dos países europeus, reciclando apenas 4% dos resíduos sólidos que coleta. De acordo com Marcelo, o consumo exagerado da população leva também a dispensação de resíduos na natureza, acarretando na poluição das praias, dos rios, e do ar. Em relação aos impactos à saúde que a poluição pode causar, o pesquisador apontou que existem cinco formas de contaminação: por veiculação hídrica, de forma feco-oral, através de vetores, de maneira respiratória e por contato dérmico. Marcelo Guimarães citou também a criação da Política Nacional de Recursos Sólidos, através da Lei 12.305 de 3/8/2010, que tem entre seus principais objetivos a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos.
“Precisamos entender que todas essas questões apontadas por mim estão associadas aos impactos ambientais do consumo excessivo. Precisamos rever as nossas decisões de compra com base no impacto ambiental que os produtos podem causar. A falta de informação não pode ser barreira para a conscientização ambiental”, destacou Marcelo Guimarães.
Os impactos do plástico à sociedade
Para falar sobre os impactos que o plástico pode causar à sociedade e ao meio ambiente a professora e pesquisadora do Núcleo de Excelência em Reciclagem e Desenvolvimento Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Elen Vasques Pacheco, explicou que a reciclagem nem sempre é a solução do mundo. Segundo ela, é preciso analisar cuidadosamente os processos de reciclagem para que de fato ela seja produtiva em todos os sentidos. Em relação ao plástico propriamente dito, Elen afirmou que se trata de um material polimérico que apresenta grande versatilidade e é utilizado na indústria automobilística, de construção civil, eletrônica, têxtil, entre muitas outras.
“As propriedades de leveza do plástico os levaram a ser um material extremamente utilizado, pois ele permite a obtenção de produtos com custo menor, consequentemente, maior produção e maior acesso. O uso de plástico nos carros, por exemplo, faz com que o automóvel seja mais leve e consequentemente gaste menos combustível. A facilidade na obtenção do plástico acaba levando ao consumo exagerado, porém, o impacto causado pelo plástico não é mais alto que o de outros materiais como vidro ou papel. É preciso que a sociedade pense em um consumo sustentável. Um consumidor consciente busca o equilíbrio entre sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta, baseado em um modelo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável”, finalizou.
Confira abaixo os próximos encontros:
* 18 de junho
DSSA Debate - Saúde urbana: uma vida melhor nas cidades
Coordenadora da mesa: Clementina dos Santos Feltmann – DSSA/ENSP
Horário: 9 horas
Local: Sala 410 do prédio da ENSP
* 25 de junho
Feira em Festa
Local: Portaria principal da ENSP (local de entrada do auditório térreo)
Típica festa junina promovida na Feira de Saberes e Sabores Josué de Castro, com comidinhas e oferta de alimentos produzidos de forma mais sustentável.
Horário: 10h às 15 horas
* 26 de junho
DSSA Debate -Direito humano à água e ao esgotamento sanitário
Coordenador da mesa: Hermano Castro – diretor da ENSP
Expositor:
Léo Heller - relator especial do Direito Humano à Água e ao Esgotamento Sanitário das Nações Unidas e pesquisador do Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz
Horário: 13h30
Local: Salão internacional – 4º andar do prédio da ENSP