O livro Dar Nome ao Novo - Uma história lexical da Ibero-América entre os séculos XVI e XVIII, do historiador e professor da UFMG Eduardo França Paiva, analisa o surgimento de vocabulário resultante das mestiçagens biológica e cultural entre nativos, africanos, europeus e mestiços no Brasil. Fruto de uma profunda e instigante pesquisa acadêmica, a obra traz perguntas como “quem chama quem de quê?”, “como cada um se define e define o outro?”, problematizando a origem dos termos que identificavam características "étnicas", fisiológicas e culturais de indivíduos e de grupos, tais como “índios”, “pretos”, "negros", “crioulos”, “brancos”, “mamelucos”, "mulatos", "pardos", entre outros, que foram os agentes históricos responsáveis pela construção das sociedades mestiças ibero-americanas e, em boa medida, produtores de características sociais e culturais que ainda hoje nos definem.
Essas e outras questões serão abordadas no Café Controverso Dar nome ao novo – Escravidão e mestiçagem na Ibero-América, que contará com o lançamento do livro. O debate é aberto ao público e será realizado no sábado, 25 de abril, na cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG, a partir das 11h. Entrada franca.
A complexidade e a diversidade das relações culturais e sociais são abordadas sob uma perspectiva histórica, no trabalho desenvolvido pelo professor Eduardo França Paiva. A pesquisa, que durou 15 anos, deu origem ao livro “Dar Nome ao Novo - Uma história lexical da Ibero-América”, publicado pela editora Autêntica. Segundo o autor, a obra analisa a forma como cada época leu as realidades sociais do passado, produzindo versões diretamente vinculadas ao presente. Ele explica que os termos criados para designar os sociais, então considerados novos, alimentam também uma relação de hierarquia social e cultural que se mantém até os dias de hoje. O livro aborda tais questões principalmente compreendendo como todos estes aspectos foram produzidos e explorados historicamente. “O importante é perceber como em períodos específicos os conceitos tiveram diferentes definições e como cada época "leu" as realidades do passado, produzindo versões diretamente vinculadas com seu próprio presente”, contextualiza França Paiva.
A pesquisa abarca os séculos XVI e XIX, analisando como os termos e conceitos variaram, assim como o emprego deles. “O desafio do livro é tentar, da melhor maneira possível, aproximar-se das definições do passado, diferenciando-as das que utilizamos hoje”, conclui.
Café Controverso
O conhecimento raramente passa pelo consenso e sua construção se faz, sempre, pelo diálogo. Nos Cafés Controversos, os temas são amplos e diversificados, e não se detêm aos tratados no interior do Espaço do Conhecimento: abordam diferentes setores da cultura, das artes e da ciência. Um espaço de debate e troca de ideias e perspectivas.
O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM, a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG e da DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG.
Serviço:
Café Controverso - Dar nome ao novo – Escravidão e mestiçagem na Ibero-América
Data: 25 de abril, às 11h
Local: Espaço do Conhecimento UFMG - Praça da Liberdade, 700
Entrada franca
Mais informações: www.espacodoconhecimento.org. br