A internet, em linhas gerais, é a rede mundial de computadores, ou seja, é o conjunto de empresas, universidades, orgãos governamentais, pessoas físicas ou qualquer outra entidade da face da Terra que possua um computador com um aparelho que permita transmitir informação pela rede telefônica. Pode-se dizer com segurança que é a mais ampla fonte de dados que existe.
Mas, não é por isto que a internet precisa ser vista como a "condição sine Qua non" para que as escolas repensem seus métodos, atualizem-se ou, pelo menos, se aproximem o máximo possível do cotidiano de nossos meninos. A bem da verdade, como tudo que se caracteriza como público, e portanto de livre acesso a todos que com ela queiram se conectar, a internet não possui uma espécie de auto-censura, ou seja, as informações podem ser das mais absurdas até as do mais alto rigor científico. Portanto, fique de olhos bem abertos, é preciso peneirar, rastrear as informações a serem obtidas na internet, pois como anteriormente mencionado trata-se de um espaço aberto, o quer dizer que qualquer informação pode ser veiculada sem nenhum compromisso nem com a veracidade dos dados, nem com a idoneidade de quem as transmite.
Neste sentido, para o uso voltado para a educação é necessário que tudo seja feito de forma criteriosa e responsável. Para tanto, algumas dicas podem servir como alertas para os momentos de navegação nestas ondas:
- Tenha sempre em mente que nem tudo pode ser tomado como correto neste veículo. A internet tem muita informação repetida, além de muita publicidade, o que transforma muitas vezes nossa tentativa de pesquisa, num convite à dispersão.
- Atenção: Não caia na tentação de tirar cópias de tudo que encontrar pela frente, sem antes Ter a certeza de que precisa e vai utilizar imediatamente este material, pois via de regra, aquilo que desejamos ler mais tarde, acaba caindo no esquecimento. Portanto evite o desperdício, só copiando o que, com certeza, você deseja utilizar imediatamente.
- Lembre-se, na internet não existe censura nem de leitura, nem de escrita. Peneire as informações e, na dúvida, não as tome como verdadeiras antes de checá-las através de outras fontes.
Fazendo uso destas pequenas dicas e do bom senso, tenha a certeza de estar no caminho certo. Aí é só relaxar e navegar.
Dificuldades na mudança do velho estilo de aulas
Quando pensamos na possibilidade do uso da internet em nosso dia-a-dia escolar, não podemos nos esquecer que se trata de um meio extremamente novo e democrático, o que requer paciência, objetividade e visão crítica. É importante termos claro que estamos diante de uma realidade muito nova e, como tal, sua aceitação será processual. Afinal, mudar um esquema consolidado, e a pelo menos 30 anos em exercício, não será da noite para o dia.
Além disso, os computadores e a internet realmente não combinam com as aulas tradicionais, nas quais o professor controla a informação e os alunos executam ordens. É importante considerar que, se formos nos reformulando gradualmente no que diz respeito à forma de conduzirmos nossas aulas, será muito mais produtivo. Uma escola que adota uma tecnologia inovadora como esta, sem se preocupar em alterar sua pedagogia conservadora, terá obviamente efeitos bastante limitados.
Talvez a palavra chave nesta situação seja bom senso, e a grande hora seja esta, em que é grande o apelo dos professores frente a apatia ou até agressividade de seus alunos, dado o desestímulo em que se encontra na maioria dos casos, o que em última análise, reflete diretamente na produtividade e disciplina.
Vale salientar ainda que os Estados Unidos enfrenta, atualmente, basicamente as mesmas dificuldades de adaptação às novas tecnologias trazidas pelo computador / internet que o Brasil, já que também lá só agora os computadores estão aportando na maioria das suas escolas. Um exemplo disso, é o caso da professora Viki, da 7º série da escola Frederick Douglas, uma escola Norte Americana. Tal professora percebendo todo o desinteresse de seus alunos, arregaçou as mangas decidida a reestruturar seu método. Para tanto, aprendeu a manusear as novas mídias, abandonando livros e apostilas tradicionais. Hoje, suas aulas giram em torno de notícias de jornais, documentários em vídeo, pesquisas na internet e fotografias. Não houve mudança de conteúdo, tendo havido mudança apenas na forma, agora voltada para o mundo e para os assuntos que despertam o interesse das crianças. Viki, ao invés de permanecer horas em pé frente a um quadro negro, agora senta-se com a meninada em frente ao computador, conversa, escuta e delega pequenos projetos. Não há problema de comportamento. Os alunos estão ocupados demais para se distrairem.
Evidentemente a familiaridade de Viki com o computador é uma exceção; a maioria dos educadores ainda se apavora diante desta máquina, porém tudo é uma questão de adaptação.
Fique ligado: Daqui a bem pouco tempo, quem não dominar a informática não encontrará lugar no mercado de trabalho.
E um dos sinais de que este tempo está mais próximo do que se imagina, é o fato de já nos dias atuais algumas empresas já fazerem suas ofertas de emprego via internet. Além disso, aquele aluno que decora livros e tira 10 em todas as provas, está com seus dias contados. Ter a informação não é tão relevante como processá-la, encará-la através de diversos ângulos, o que exige capacidade crítica e flexibilidade para se habituar a um rítmo de mudanças jamais visto.
É comum hoje ouvirmos comentários do tipo: "Tenho alunos que tiram notas excelentes, contudo não sabem pensar..."
A bem da verdade, atualmente é preciso ter em mente que a partir desse momento, não há mais espaço para aquele aluno que simplesmente reproduz a informação. Memorizar e copiar perdem o sentido para decifrar e processar, ou seja, fatores como intuição, criatividade e habilidade para lidar com conflitos, a cada dia ganham mais e mais terrenos.
Finalizando, é importante nos lembrarmos que o profissional atual, para ser considerado bom (mais do que uma "enciclopédia ambulante"), deve ter desenvoltura, associar informações e trabalhar em grupo. Desse profissional diz-se que é preciso ter "jogo de cintura" e esta é a mais absoluta realidade.
A este profissional caberá ainda, saber lidar com os imprevistos, adaptar-se rapidamente às mudanças, fazer pesquisas e interpretar dados.
Assim, o grande desafio apresentado às escolas de hoje é o de ensinar a uma criança que se comunica com qualquer parte do mundo, encontra informaçães sozinha e lida melhor com o computador que os adultos.
As estatísticas já provaram que nos Estados Unidos, escolas informatizadas estão a frente das demais, principalmente quando o assunto é mandar alunos para a universidade. Aliás, também lá mudanças como agrupamento de carteiras, ausência de provas e outras técnicas inovadoras, ainda assustam muitos pais. Uma experiência relatada por Dimenstein, vivida pela Harbor School, em Nova York, ilustra bem esta questão. Tal escola começou a enfrentar muitos problemas com os pais quando as crianças começaram a voltar para casa mais tarde, com a roupa suja e cadernos vazios.
Os pais só relaxaram depois do primeiro Exame Nacional - espécie de provão para os alunos de 1º grau - quando a Harbor superou escolas privadas conceituadíssimas. As classes da Harbor são uma bagunça: há trabalhos, desenhos, fotos penduradas por todo canto, hanmsters e cobras em gaiolas, instrumentos pelo chão, conversas e risadas. Mas as crianças estão invariavelmente ocupadas. Se conversam, é para pedir ajuda ou mostrar o trabalho a um colega. São desenvoltas, independentes, comunicativas - e extremamente curiosas. Apaixonaram-se pelo aprendizado.
Para Dimenstein, o melhor de tudo é que o professor ganhou respeito e admiração. Quando orienta os alunos, não tem as respostas prontas: ajuda-os a encontrá-las. E as crianças adoram isto.
Texto adaptado da revista "Nova escola".