Desde o nascimento e durante a infância, principalmente, as representações do que se passa com as crianças são por elas interpretadas através de um sentido. Antes da escolarização, essas experiências vêm de seu ambiente familiar. A criança observa, sente, dá um sentido e tudo é registrado no psiquismo. Os registros psíquicos da infância são esquecidos e se tornam inconscientes, mas não são apagados, e continuam presentes. A partir dos significados das relações com sua família, consigo e com o mundo (ambiente) registrados, a criança irá sentir e agir em suas demais relações.
Os significados que são dados a cada experiência são influenciados por como a criança compreende as relações em sua família e como ela enxerga a si mesma nessas relações. A partir da pré-adolescência, o modo como as pessoas sentem e agem em situações específicas é determinado por situações semelhantes às que foram passadas na infância. Como exemplo ilustrativo: na relação com seus pais, em uma situação específica, a criança se sentiu excluída por não ter tido a atenção que queria e isso lhe teve forte impacto e, assim, ocupou em seu espaço psíquico “sentir-se excluída na relação com os pais”. A partir daí, devido ao impacto da representação, sempre que a pessoa estiver numa situação em que não tenha a atenção que acha que precisa, ela poderá sentir-se excluída, como repetição do que houve na infância.
A partir de questões impactantes como a desse exemplo, ainda quando criança, ela pode formar sintomas. Hipoteticamente, nesse caso, a criança poderia criar uma forma de superar esse sentimento por começar, de forma inconsciente, a querer agradar os pais sempre e, posteriormente, agradar a todos para que não seja (sinta que é) excluída e, então, sentir-se aceita. Quando imagina que não agrada, sofre. E esse se torna seu modo de estar e se relacionar no mundo. Mas, a pessoa não se dá conta, porque todos os significados de relações estão registrados no Inconsciente. Assim, a pessoa sofre e não percebe ou não entende o que a motiva a pensar e agir dessa maneira e, muitas vezes, não consegue mudar e acaba sempre repetindo o mesmo modelo Inconsciente.
O objeto de investigação da Psicanálise é o Inconsciente: o que está velado, esquecido, oculto, não dito e que faz com que a pessoa repita suas relações infantis na vida adulta e que pode leva-la a sofrer. São os registros mais profundos do psiquismo. Não existe limite de idade para fazer análise e deve-se considerar que não há um tempo específico para trabalhar aspectos e conflitos inconscientes; cada um tem o seu. Quando partes desse conteúdo oculto são reveladas à consciência, através das técnicas de trabalho da Psicanálise, a pessoa pode ter a oportunidade de ressignificar situações e sentimentos impactantes representados na infância e desconstruir o sofrimento.
Sefi Strengerowski
Psicóloga clínica
CRP: 06/117759
Psicóloga clínica
CRP: 06/117759