A mostra - que reúne cerca de 30 pinturas da série marinha do artista paraibano Sérgio Lucena - tem o mar como importante figura de reflexão. “O mar de Sérgio Lucena” transborda e acalma a alma permitindo várias outras sensações simultâneas. A luz que emana de suas pinturas traduz a dualidade das marés: “depois da tempestade, vem sempre a calmaria”. Nesta série de elegante leveza e forte expressão pictórica, o belo é sentido de forma natural e profunda, proporcionando enxergar o mar em várias formas.
A exposição tem como objetivo a reflexão. Uma estrofe de um poema de Vanildo Brito, poeta paraibano, resume o conceito central da mostra: “descobrimos um mar oculto e profundo que o líquido e familiar oceano”. Neste universo é possível contrapor a energia fluída nos dias tranqüilos com as tempestades que as superfícies escondem. É um encontro marcado com a calma em dias agitados.
Para a curadora da exposição, Cláudia Lopes, Lucena é um pintor do mundo, um tradutor de almas. “Sua obra nos leva a espaços interiores que nem sempre nos atrevemos a pisar”. Com sua obra atual, faz com que a luz - elemento visto e sentido na série “Deuses do céu” – permaneça. O que se constata nas pinturas é que a forma praticamente desaparece e a cor, inevitavelmente, se transforma em luz permitindo a visualização do mar em diversas cores.
O crítico de arte Enock Sacramento define a exposição como sendo um mar particular do pintor. “Um mar muitas vezes azul, de um azul profundo, cinza, chumbo, violáceo, verde, dourado, fúcsia, de uma cor obtida por várias camadas de tinta e que, não raro, não está na superfície, mas vem do fundo”. Desde as primeiras obras surgidas de suas vivências paraibanas e da cultura nordestina brasileira, Sérgio Lucena, em “O Mar de Lucena” demonstra o longo caminho percorrido por ele durante sua trajetória profissional. Pode-se perceber que, através da luminosidade, o universo do artista transformou-se em um mar de cores e sensações, relata.
Nascido em 1963, em João Pessoa, na Paraíba, Sérgio Lucena, passou sua infância entre a capital e o sertão paraibano. Desde cedo gostava de pintar. Em 1981, Lucena conhece o artista paraibano Flávio Tavares que o orienta em seus primeiros passos na pintura acrílica e a partir de 1984, se dedica integralmente à pintura. Nessa época, o tema de suas obras era afigura humana e a vida como espetáculo de circo. Em 1986, faz sua primeira mostra individual e, em 1991, ganha bolsa de intercâmbio e vai morar em Berlim, onde convive com artistas contemporâneos alemães e com os mestres da pintura nos muitos museus. É o inicio de sua pintura a óleo.
Ao retornar ao Brasil, passa a pintar paisagens em grandes formatos e não encontra respaldo no mercado local. Durante sete anos desenvolve seu trabalho alheio ao mercado e a mídia. Neste período aprofunda seus estudos da pintura a óleo e desenvolve o trabalho que seria a base de sua pintura futura. Em 2001, é convidado a expor em Washington, DC. Com isso, retorna integralmente para sua carreira de artista. Desde os anos 80 participa de mostras individuais e coletivas, expondo em galerias, instituições culturais e museus no Brasil, na Alemanha, nos Estados Unidos e na Dinamarca.
Exposição “O Mar de Sérgio Lucena”
Abertura: 28 de setembro, às 19h
Visitação: de 29 de setembro a 13 de novembro, terça a domingo, de 12h as 19h – Grátis
Patrocínio: Correios
Realização: Centro Cultural Correios