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sábado, 23 de maio de 2015

Deficientes visuais têm dificuldades de acesso a tratamento especializado

Os obstáculos presentes no acesso ao atendimento especializado em oftalmologia no Sistema Único de Saúde (SUS) demonstram como as barreiras de acesso e de continuidade para o tratamento oftalmológico estão presentes tanto na rede pública de saúde estadual como nos serviços privados (planos ou particulares). Essa é a abordagem do estudo da aluna do mestrado em Saúde Pública Natália Carvalho de Lima, cuja dissertação, orientada pela pesquisadora Tatiana Wargas de Faria, descreve o itinerário terapêutico de pacientes assistidos no Instituto Benjamin Constant (IBC), Centro de Referência Nacional na Área da Deficiência Visual no Rio de Janeiro vinculado ao Ministério da Educação. “A demanda existe, mas não há organização do atendimento especializado, excluindo diversos usuários que necessitam de assistência integral. Os pacientes que optaram por buscar serviços de saúde do SUS depararam-se com as dificuldades relacionadas a aspectos físicos e organizacionais da assistência como fila de espera, longo tempo para agendar consulta, ausência de oftalmologista em postos de atendimento e precarização dos equipamentos, o que contribui para busca por outro serviço de saúde”, explicou.
 
Segundo Natália, os itinerários terapêuticos se apresentam quando há barreiras que impedem o indivíduo de acessar a assistência pretendida e/ou necessitada, seja para acompanhamento contínuo e/ou tratamento. “Percebemos que os obstáculos presentes no serviço de saúde, nas primeiras tentativas de acesso, podem variar conforme a sua natureza, público ou privado, e principalmente como o indivíduo vai reagir frente àquele obstáculo, em termos dos recursos acionados para dar prosseguimento às tentativas de resolução desta demanda, seja na rede pública ou privada.”
 
Quanto à oferta deste serviço na rede pública de saúde, observa a aluna, os serviços oftalmológicos disponíveis na rede de atenção do SUS não são acessíveis para os entrevistados pela pesquisa, conforme seus relatos. “Foi identificada uma notória escassez em postos de saúde, e outros estabelecimentos que abrangem o nível primário de atenção. Mediante este fato, percebemos o deslocamento dos entrevistados por diversos bairros a procura por atendimento.” Os entrevistados que recorrem a serviços privados são onerados com os altos custos dos tratamentos. Quando o acesso é alcançado, informa Natália, não existe a integralidade na assistência, resultando em pacientes desorientados a procura por assistência oftalmológica.
 
Foram utilizados para a construção do estudo informações levantadas sobre a assistência oftalmológica, documentos oficiais, as narrativas dos pacientes atendidos no IBC, e de alguns funcionários, a fim de compreender a lógica da assistência oftalmológica no serviço de saúde. Para o reconhecimento dos itinerários percorridos, 19 pacientes foram entrevistados, também foram realizadas duas entrevistas com profissionais da instituição.
 
A pesquisa indicou uma grande lacuna de informações que possam subsidiar a análise de funcionamento da rede. “Há desconhecimento por parte dos entrevistados da localização da rede de atenção oftalmológica disponível contribuindo para uma procura desnorteada por assistência”, concluiu a aluna.
 
Natália Carvalho de Lima é graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011). Atualmente é farmacêutica responsável técnica no Instituto Benjamin Constant. Ensaio sobre 'cegueiras' na busca por atendimento especializado em Oftalmologia: o itinerário terapêutico de pacientes assistidos no Instituto Benjamin Constant é o título da sua dissertação, que foi defendida no dia 27/4, na ENSP.