Depois de passar pela maior crise econômica de sua história, o Brasil vem se recuperando lentamente em meio a turbulências internas e internacional. Esse cenário, nas suas faces externa e doméstica, e a proposta de reforma da Previdência em debate no Congresso Nacional são os temas que o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) colocará em pauta no I Seminário de Análise Conjuntural 2019, em 11 de março, segunda-feira, das 16h às 18h, no Centro Cultural FGV (Praia de Botafogo, 186. Botafogo, Rio de Janeiro/RJ).
No evento serão apresentadas projeções do FGV IBRE para indicadores macroeconômicos como inflação, atividade econômica, mercado de trabalho, juros e câmbio para 2019 e para os próximos anos. Os pesquisadores da Fundação também irão discutir a reforma da Previdência, parte da agenda liberal do governo.
Para Armando Castelar, moderador do debate e coordenador da Economia Aplicada do FGV IBRE, a aprovação da proposta deve acontecer no 3º trimestre ou no final do ano, e irá gerar economia relevante para as contas do governo, montante que dependerá da definição do texto final.
“A discussão para fins de Previdência é a expectativa de sobrevida. Uma pessoa mais pobre, em geral, se aposenta muito depois de uma pessoa mais rica. A reforma cria regras que permitem às pessoas se aposentarem mais ou menos na mesma idade. É um dos objetivos que estavam colocados na reforma do Temer, e também um dos alicerces desta proposta”, analisou o economista.
Outro ponto importante, que mantém os holofotes na reforma da Previdência, é a situação dos governos estaduais. “Os estados têm uma pressão de gasto previdenciário muito grande, e o objetivo é que a reforma também sirva para ajudá-los a equacionar o seu grave problema fiscal”, destacou o especialista.
Participam do evento os pesquisadores do FGV IBRE: Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro; José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários; e Samuel Pessôa, pesquisador sênior associado; além do cientista político e professor da FGV EBAPE, Carlos Pereira.
Castelar acredita que o resultado da reforma da Previdência dependerá da capacidade do governo de convencimento do Congresso. Sobre esse ponto, Carlos Pereira irá apresentar a sua análise. O cientista político adianta que o governo pode ter dificuldades na negociação, caso não construa uma base sólida de apoio.
“O maior desafio para o governo é montar uma coalizão majoritária. Até o momento o governo apostou em uma coalizão minoritária, ignorando os líderes dos partidos. O governo está priorizando desenvolver uma conexão direta com a sociedade, apostando que ela pressionará o Congresso a votar pela reforma”.
Pereira reforça que o debate se dará ao longo de todo o ano e que por isso a base deve ser firme. “Mudar uma lei como a Previdência, que impõe custos concentrados a grupos específicos na sociedade, é difícil no Brasil ou em qualquer país do mundo. O governo não pode prescindir de uma maioria no Congresso. Mas o grande desafio é não criar uma maioria episódica, tem que ser estável e sustentável. A reforma terá pelo menos quatro grandes votações: duas na Câmara e duas no Senado. Se o governo não criar uma maioria estável, vai ter que construir essa maioria a cada rodada, e será muito difícil e mais custoso”.
Para mais informações e inscrições, acesse o site.